
Nasceu comigo
Minha morte,
Nem esperou o primeiro brado.
Ainda mal respirava
E era já um morto-nado.
E vim ver ver o mundo
E maravilhar-me com o Universo.
Ter ganas de agarrar e unir
O que é por natureza disperso.
E vim seduzir as mulheres
E ser seduzido por elas.
Vim admirar as paisagens
Como nítidas aguarelas.
E vim saborear o mar
E segurar a terra com as mãos.
Vim sentir a brisa na face
E contemplar o tempo todo da existência.
E nunca cá estive.
Nunca dei um passo.
Nunca respirei mais que o primeiro sopro.
Desde o início,
Inconsciente e morto.
Não vivi.
Nunca vivi.
Nunca soube como.
A vida passou por mim
E quase não se apercebeu
Da minha presença.
Homem vagueando pelo tempo,
Morto à nascença.
jpv