Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."

Carrossel sem Anestesia

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Não faco balanços, nem arrumações de casa, nem limpeza de amizades e, menos a ainda, resoluções de ano novo. Cinjo-me a factos com a naturalidade de quem já não tem tempo a perder com rodeios.

Eu sou, sempre fui, um tipo positivo e otimista. Muito. Quase como uma doença incurável, uma espécie de segunda pele. Tenho uma tendência natural para acreditar que as pessoas e os acontecimentos são bons, ou têm algo de bom, e acredito nessa bondade antes de tudo o resto. Digo isto para que se perceba que não é com leviandade que me refiro a 2017 como tendo sido um mau ano. Um dos piores que vivi desde que me lembro de viver.

Demasiados fatores alheios a mim por controlar, demasiadas deferências, demasiadas esperas, alguma contemplação para com a ignorância e a estupidez inconsciente, alguma falta de determinação, algum evitar o inevitável e as soluções a saírem-me ineficazes e as situações a perderem-se no espaço e no tempo certos. Ficam a brilhar no escuro da insatisfação algumas amizades, a família e a saúde que, não obstante o avanço da idade, ainda me não trouxe preocupações de maior.

Naturalmente, isto terá de mudar. Isto vai mudar. Se não mudasse, teria de despedir-me de mim e isso não posso, não quero e não sei. Que é como quem diz, não farei senão o que tiver sentido para mim, sem cedências, nem contemplações… não haverá esperas nem brechas para a ignorância. Seja com quem for, há de ser sem anestesia.

Eu fui um menino sossegado, um adolescente rebelde e trabalhador e sou ou, pelo menos, tento ser, um bom homem. Erro, claro, mas tenho essa intrínseca humildade de reconhecer o erro e a força para melhorar a partir dele. Sou cordato, mas não sou, por imperativo de preservação dos princípios, anuente. E sou frontal o que, diga-se, me tem conquistado bastantes problemas e dissabores.

Os meus amigos serão sempre os meus amigos e não sentirão diferenças nem mudanças. Mas haverá quem o venha a sentir. Antes de mais, eu. Os outros poderão espantar ou nem sequer notar. Não quero saber. Quero saber que a terra dará mais uma voltinha à volta do sol, mas o carrossel será outro. Sem anestesia.

jpv

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Autor: mailsparaaminhairma

Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me! Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras... jpvideira https://mailsparaaminhairma.wordpress.com

Este é um blogue de fruição do texto. De partilha. De crítica construtiva. Nessa linha tudo será aceite. A má disposição e a predisposição para destruir, por favor, deixe do lado de fora da porta.