Poesia das Palavras Indizíveis
Demasiadas Sombras, Senhor Grey.
Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido em casa.
Um braço no ar,
Um grito a rasgar o silêncio.
Um gesto que arrasa…
A existência.
Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido no carro.
Um pé no travão.
Um som de pneus a deslizar.
Um braço no ar.
Uma boca a cuspir sangue.
Uma mulher que baixa os olhos e espera…
Mais.
Foi na tela.
Ele batendo nela.
Mas poderia ter sido no jardim.
Um braço no ar.
Minutos que não chegam ao fim.
O negro do sangue pisado.
Um olho disforme.
Assim…
Ornamentado.
Quando ele levanta o braço
Para ela,
Não interessa se foi ou não
Na tela.
O que se vê,
É ele a bater nela…
Por amor!
Não há erotismo
Nem sexo
Na violência
E no excesso
De uma mulher agredida.
Há só um crime…
Contra a vida!
jpv
