Trago arrependimentos
No porão da minha existência.
Trago desilusões arrancadas
À minha essência.
Trago insultos por cuspir.
Trago palavras de não deixar mentir
A mentira.
E trago esta pobre e desgastada lira
Por arma e companheira.
Trago palavras por dizer
E corpos por amar
E outros amados em pecado.
Trago a raiva no peito
E um murro na mesa
Solitário e adiado.
Já só resta o eco.
Trago pudores enjeitados,
Coisas que não são de mim,
Trago dias de não me conhecer,
Caminhos vedados sem preço,
Ilusões… sem fim.
E arrasto tudo isto,
Todo este peso,
Toda esta lama
E este sangue
Que me turva a vista
E barra o caminho.
Trago este fardo sozinho
E não sei quem sou.
jpv/dezembro 2014
