[Aqui se apresenta o 16º de 35 capítulos do romance que publicaremos em breve em livro. Neste blogue publicaremos ainda mais um capítulo e alguns excertos dos seguintes como forma de oferecer aos nossos leitores uma avaliação do mesmo. Depois… convidá-los-emos para a sua apresentação pública]
A Paixão de Madalena
Livro II – O Cordeiro de Deus
Foi já em dois mil e seis que regressou a Genebra. E a Pablo. E foi um reencontro feliz e harmonioso. Poucas perguntas. Cada um deles contou o que quis contar. Cada um ouvou o outro e percebeu-lhe os entusiasmos e pressentiu por onde não ir nas perguntas a fazer. Criaram rotinas. E criaram, também, uma forma de fugir-lhes. Sem sobressaltos. Em vertigem de sexo. A de Pablo. Em espiral de paixão. A de Madalena. E assim ficariam até que o ano de dois mil e dez trouxesse as reticências. Não falemos disso agora que ainda não é tempo.
Madalena reintegrou-se bem no trabalho. Foi saudada, foram feitas inúmeras perguntas sobre aqueles nove meses de aventura, de risco, de dádciva. O tempo de uma gestação. E foi-lhe dito que fora sentida a falta da sua eficiência. E foi revisto o contrato e subiu de posto no volume de trabalho, nas responsabilidades e na retribuição. Sentia-se uma mulher verdadeiramente livre. Bem sucedida. Sucesso assente em lágrimas e sorrisos, sacrifícios e conquistas. Sucesso de mulher desamparada a chefe de equipa em ambiente reputado.
Não tem uma família de ascendentes. Tem a avó Bá. E talvez Albertina e Madalena tenham sido uma família. Tenham dado uma à outra tudo o que uma família dá aos seus. O afeto. A atenção. O cuidado. A orientação. E a libertação. A sua família de ascendentes está adormecida. Há de reclamar por Madalena chegada a altura de precisar da sua ajuda, mas primeiro abandonou-a e ela não mendigou nada. Nem os afetos, nem a proteção e muito menos a ajuda. Construiu a sua família. Esta em que agora se recolhe e se acolhe. Relembra Maria da Luz. Relembra-a com saudade. Em breve perceberemos donde vem essa saudade e esse amor profundo. Relembra as suas brincadeiras juntas e sente-se pacificada nessa memória. E relembra Kyle. O seu irlandês teimoso. O homem que a ensinou a ser mulher. O seu primeiro libertador.
Tem agora o que sempre procurou. A família, os afetos, o filho e a filha, a estabilidade, a harmonia. Se pudesse, não mudaria nada. Mas desconfia. Já se habituou a ser surpreendida. E o certo é que a vida há de vir testá-la de novo. Há de revoltar-se de novo contra a sua existência, contra a sua vontade e a sua determinação. E só essa determinação lhe valerá. Isso e a sua infinita capacidade de amar. É sempre na sua força interior e no seu amor que se refugia e é com eles que emerge de todas as dificuldades.
Não se revelou até agora, porque têm os autores suas prerrogativas, a origem desta inusitada Madalena. Bem olhadas e reolhadas as páginas que ficaram para trás, nem mesmo o apelido de Madalena alguma vez foi revelado. Tudo começou numa aldeia pequenina e pacata do centro de Portugal.
Era uma vez dois irmãos gémeos…
——————————- Fim do Livro II ——————————-
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