Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – Carta de Conveniência

Crónicas de Maledicência – Carta de Conveniência

Eu nem devia dizer isto porque sou homem, muito menos escrevê-lo, mas enfim, cá vai: então as mulheres ainda não aprenderam que, se disserem a um homem, “Utiliza-me como te convier.”, há uma probabilidade elevadíssima de ele o fazer?!

A Senhora da Imagem é Christine Lagarde, a diretora do FMI. Sim, esses mesmos que nos andam a exigir sacrifícios e a errar nas contas e nas folhas dos excéis. Ora, a senhora escreveu uma cartinha ao então presidente de França, Nicolas Sarkozy, e, entre outros mimos, trata-o por “querido”, diz-lhe que existe para o servir e acaba dizendo a lapidar frase “Utiliza-me como te convier.” E ele utilizou. Não, caro leitor, não vá pelos caminhos sinuosos da libido porque o Sarkozy já tinha a Carla Bruni que lhe dava uma trabalheira. De cada vez que a excelsa modelo francesa pedia uma beijoca ao presidente, lá ia ele buscar o escadote e vai de subir e vai de beijar e vai de descer. Ou seja, Lagarde bem quis, mas ele não podia mais. Então, serviu-se dela para, alegadamente (escrevendo esta palavra livro-me de processos), se dirigir ao presidente jurando-lhe fidelidade. Acontece que a folha da senhora está tão limpa como um pano de mecânico, os mecânicos que me perdoem, e ela estava a ser investigada no escândalo Tapie quando a terna missiva foi encontrada.

Pergunta o leitor, com toda a razão, Ó JP e quando é que começas a fazer sentido? Vai já, caro leitor, vai já!

Acontece que o tribunal condenou o Estado Francês, representado por Sarkozy, a pagar a um empresário chamado Bernard Tapie a módica quantia de 403 milhões de euros sendo que, pasme, amigo leitor, pasme, Tapie é amigo de Sarkozy e Christine Lagarde é amiga dos dois e até se predispõe a ser usada por um deles como, a ele, lhe convier. Não censuremos a senhora! Se eu tivesse uma amiga com uma amiga com 403 milhões de euros eu não só escrevia à minha amiga para me usar como lhe conviesse, como escrevia às DUAS para me usarem como lhes conviesse.

Conclusões. A senhora da foto é amiga de um tipo que era chefe de estado quando o seu amigo, também amigo dela, o processou e ganhou e ela assistiu a tudo e calou-se. E o que é que isto tem a ver connosco? Simples. Está a ver a dificuldade em pagar a conta da luz, em fazer compras no supermercado, em comprar o gasóleo? Pois, ela não tem, mas o caro leitor tem. Por via de uma austeridade imposta por uma equipa que esta senhora dirige!

E pronto, traçada a teoria da conspiração, vou ali escrever uma carta e já venho:

“Querida Christine,
Utiliza-me como te convier…”

Tenho Dito!
jpv


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Crónicas de Maledicência – Bacalhau com Natas


Parece bacalhau com natas? Cuidado, podem ser só as natas!

Crónicas de Maledicência – Bacalhau com Natas

Lá diz o aforismo popular, e muito bem, que “Quem nasceu para caracol, nunca chega a bacalhau”!

Nem mesmo que tente esgueirar-se sorrateiramente por entre as natas! Naaa… ele há dignidades que vêm do berço, são inerentes à condição com que nasce um peixe. Foi, no mínimo, uma parvoíce do Peixe Caracol achar que passava despercebido por entre as natas e assim ascendia a bacalhau. Acaso passou-lhe pela cabeça que a ASAE não escrutinava tudo o que é bacalhau? Estou mesmo a ver o Peixe Caracol escondido entre as natas e a batata frita e o zeloso agente a dizer: “Alto e para o baile que isso é caracol não é bacalhau!” E apreendeu-se o subversivo peixe. É caso para se dizer que ia ali caracol escondido com os corninhos de fora!
E porque é que esta não notícia é notícia? Para distrair a malta da greve dos professores? Não creio, essa tem todas as atenções. Para distrair a malta das declarações climatológicas do Senhor Ministro das Finanças? Também não creio, esse deve ser o homem sobre o qual pendem mais olhares! Acho mesmo que é uma chico-espertice dessas cadeias de supermercados de nome duvidoso e difícil de pronunciar que achavam que conseguiam enganar, falsificando bacalhau com natas, o povo que inventou o bacalhau!
Ó senhores, Deus que é Deus nem estava para criar o bacalhau. Foi preciso um português, ainda de tanguinha paradisíaca, não é como as de agora que são impostas pelo FMI, dizer ao Criador: Olha lá Deus, e não estás a esquecer-te de nada? Olha que matas antes de nascer a indústria da pesca do bacalhau! E Deus, perplexo, terá perguntado, Da pesca de quê? E pronto, após a explicação, o Criador fez um plim com os dedos e criou o bacalhau. Ora, vir agora um empacotador de bacalhau com natas, achar que fintava os protugueses nesta matéria é, no mínimo, ingenuidade, mas cheira-me a burrice.
Mas há mais grave. Ainda se fosse substituir o bacalhau por peixe adjacente, a malta até podia, num dia de distração, ser enganada. Agora pelo pobre do Peixe Caracol… Então não se está mesmo a ver que a ranhoca ia denunciar o dito? Eu bem sei que é com natas e o bacalhau com natas está para o peixe como a bolonhesa para a carne, aquilo pode lá ter tudo, até carne, que no meio da misturada de proteínas e molhos e temperos e sabores, a coisa passa despercebida. Normalmente, faz-se com restos! Acontece que, além de se auto-denunciar pela baba, o Peixe Caracol é proibido em Portugal! E, no meio deste arrazoado mal amanhado de crónica, era aqui que importava chegar. Então substituem um peixe digno, consumido há milénios, quem sabe, mesmo há séculos, ou até talvez há décadas, por um peixe de consumo proibido e estavam à espera que a malta não notasse?! Isso só tem paralelo naquela jogada política que foi tentar convencer os trabalhadores portugueses de que eles é que eram os culpados da crise, os agentes do seu próprio desemprego. A malta ouve, engole o primeiro argumento e, ainda o segundo não foi proferido, já o esquema está desmontado, os verdadeiros barões da crise denunciados, a situação esclarecida e a verdade reposta. O problema do nosso povo é que no fim de se darem à trabalheira de desmascarar a coisa, vai-se a ver e ainda comem o Peixe Caracol, se não souber mal, a malta afinfa-lhe o dente, empurra com uma cervejola e no fim ainda se faz aquela graçola do “Comi que nem um abade. Você comeu foi que nem uma besta que abade sou eu e não como assim”.
Hoje, ao final do dia, já saberemos quem são os abades e as bestas!
Tenho Dito!
jpv