Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."

Crónicas de Maledicência – A Credibilidade da Troika

2 comentários


Crónicas de Maledicência – A Credibilidade da Troika

O problema prende-se, sobretudo, com o caráter cordato e concilidador dos portugueses. Como tínhamos um problema de índole financeira, vai de acreditar naqueles senhores de fato cinzento e ar circunspecto. E vai de nos sentirmos culpados como se as pessoas que trabalham tivessem culpas na vilania alheia.

Ora, já não bastavam os erros do Excel a fazer desconfiar que as contas andavam mal paradas, já não bastava o redutor argumento da chuva, não bastava já o Senhor Presidente da República sem saber o que dizer, não bastava termos aceite toda a austeridade possível e mesmo a impossível e… quando era suposto começarem a chegar boas notícias acontecem duas coisas quase surreais. Primeiro, o relatório do FMI descarrega mais austeridade, a raiar os limites da miséria. Segundo, zangam-se as comadres. É verdade! Os tais senhores de fato cinzento e ar circunspecto afinal não se entendem, afinal são humanos e erram. Erram e não é pouco. Afinal, andamos a fazer sacrifícios com base em instruções e exigências de umas comadres desavindas.

Haja decência e respeito pelos trabalhadores, pelos governos e, em última análise, pelas nações.

Ainda as terras dessa gentalha eram um conjunto de baldios entregues a bárbaros porcos e bêbados e já nós tínhamos canalizações, comíamos de faca e garfo e tomávamos, ao menos, um banho de seis em seis meses. Ainda esses tipos pediam aos deuses sorte para atravessarem uma estrada e já nós navegávamos oceanos de sextante em punho.

Estou farto dessa escumalha que injeta sofrimento nos povos, goza com os governos e abandalha as nações que os ensinaram a ser gente.

Ainda recentemente Portugal me encheu de orgulho por ter lutado pela autodeterminação de uma nação irmã: a timorense. Urge, agora, lutar pela nossa própria autodeterminação. Urge ensinar a esses senhores que é a política, porque a política são ideias e ideais, que comanda a finança e cabe à finança servir os caminhos que se escolherem como mais adequados para o desenvolvimento e conforto humanos. As calculadoras e os excéis exercem a ditadura cega da insensibilidade e urge humanizar e politizar os governos das nações. Importa, contudo, que o processo seja dirigido por homens que coloquem o serviço público como prioridade, que sirvam as nações e os povos e não a si próprios. Precisamos de uma geração de gente corajosa, determinada e incorruptível. E, meus senhores, essa gente, normalmente, não anda de calculadora no bolso. Urge devolver o controlo das nações a pensadores, a Humanistas. E urge, como há muito não sentia essa urgência, ouvir o Povo e governar com humildade e inteligência.

Se Portugal vai sair da crise? Claro que sim. E sairá tanto mais depressa, quanto mais rapidamente se encontrar e seguir as suas próprias passadas. Creio mais num jovem estudante português do que nessa trindade usurpadora da nossa soberania! Chega!

Tenho Dito!
jpv
Desconhecida's avatar

Autor: mailsparaaminhairma

Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me! Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras... jpvideira https://mailsparaaminhairma.wordpress.com

2 thoughts on “Crónicas de Maledicência – A Credibilidade da Troika

  1. Desconhecida's avatar

    Obrigado pelas tuas palavras, Carolina! Beijinho. jpv

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  2. Desconhecida's avatar

    Subscrevo! Basta de “enganos”, BASTA de pagarmos os erros dos grandes senhores, BASTA de cortes no que se levou anos a conseguir: algumas regalias sociais para os mais velhos!
    Que nunca te canses de pensar e escrever assim, amigo! Bjinho.

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