Monthly Archives: Maio 2013
Vermelho Direto – Uma Questão de Requisito
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Crónicas de Maledicência – Aos Jovens Políticos
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Mia Couto – Especial a Todos os Títulos
Vermelho Direto – O Benfica é Mesmo o Maior
Crónicas de Maledicência – O Palhaço da Discórdia
Breve e Óbvia Ciência

Breve e Óbvia Ciência
A minha língua
Na tua pele,
A minha saliva
No teu sal.
A minha sombra
No teu corpo,
O meu desejo
No teu traço.
E perco-me
Nisto que faço,
Na entrega
E na sensualidade
De não haver fronteira
Nem espaço,
Nem idade,
Nem tempo,
Nem conceito…
Tu és a cama
Onde me deito.
A linha reta
E a curva.
A água clara
E a vista turva.
O Chamamento
E a perdição.
O fulgor
E a submissão.
O côncavo
E o convexo.
O amor puro
E o desenfreado sexo.
Tu és a linha
Que define
O meu caminho,
Copo de água,
Cálice de vinho.
Altar sagrado,
Templo saqueado,
Caminhada à chuva…
Travo de limão,
Açúcar de uva.
Tu és a luz
E a ausência dela,
A noite escura e serena,
A linha definida e amarela
Do astro quente como a tua pele,
O ritmo sensual
Que o meu corpo impele
À vida,
Quando te vê chegar.
E a língua, de novo,
A procurar teus montes,
Teus altos e baixos,
Teus fortes e fracos,
Tuas ancas oferecidas
Sem regateios,
Teus redondos
E generosos seios.
Reparto contigo
Os dias
E a existência,
E há nesta conclusão
A breve e óbvia ciência
De seres minha.
De ser teu.
O tempo rasga a vida
Nas cercanias de meu tato.
Amor nos teus lábios
É mais que palavra,
É concluso e perfeito ato!
A tua língua
Na minha pele…
jpv
Citação do Medo
As Cores da Capulana – Bola de Fogo
As Cores da Capulana
Bola de Fogo
Essa bola de fogo
Desce célere
E anoitece.
Com o fulgor
Que existiu
O dia fenece.
São rápidas, as auroras,
E vivas, as manhãs.
Passa o tempo
Pelas horas,
Mudam as marés.
Chega a tarde,
Canta uma ave exótica,
O astro rei arde
Em descida melancólica.
Corpos expostos
Aos olhos
E à luz.
Um colorido a envolver
Um corpo que seduz.
A noite é prematura,
Cai negra e funda,
Envolve num manto de ternura
Dois corpos,
Uma distância,
Um suor,
Um chegar,
Um amor,
Um frio quente,
Um arrepio,
Um dia irrepetível,
Algo que parte,
Uma saudade que fica,
Uma sensação indefinível
Que é jovem
E bonita.
Uma tristeza que é arte.
Uma melancolia
Nasce e vive.
E logo morre,
Em África,
O dia.
As Cores da Capulana – O Mar no Olhar das Mulheres
As Cores da Capulana
O Mar no Olhar das Mulheres
Um olhar distante
perdido entre ti
E o horizonte.
Uma súplica,
Um momento e um instante,
Um mar
E uma fonte.
Sofres.
A condição não te favoreceu.
A menina que havia em ti
Conheceu os homens
E morreu.
Uma criança nas costas,
Uma coisa qualquer
A vender.
As capulanas atadas e postas,
Uma pessoa que passa
Sem te ver.
Vendes sonhos,
Vendes ilusões,
Vendes o desespero
De uma vida aos repelões.
Andam meninos
Bailando nos teus olhos
Que brotam o mar
De mansinho,
Fica suspensa a emoção,
Contida a palavra,
Vive no teu coração,
Que bate devagarinho,
Um trator que lavra
A esperança.
Não fossem os homens…
Não fossem os homens…
E seria tangível
A felicidade.
Porque tu, mulher,
Só és mulher,
Quando o teu homem quiser…
São violentas, as palavras,
Sangram quase tanto
Como o silêncio,
Beijam-te a boca que calas,
Mas agitam-te o pensamento.
Tanto que tu querias
Não pensar.
Viver a vida
Como a festa a atirar
Reflexos de excesso
Para a noite.
Como a estrada,
Banhada pelo mar,
Pisada pelo homem,
Tu és, ao passar,
Marginal.
De ti.
Fora da lei
Dos sentimentos,
Expatriada dos direitos,
Punida pelos teus próprios juízos,
Castigada pela tua ímpar e funesta condição.
Amaldiçoada a dar aos homens a redenção…
De si.
Para ti,
Só o pecado do amor,
Para ti,
Só essa doce e inevitável dor.
Para ti,
Faças o que fizeres,
Sobra sempre o mesmo mar
Que desagua no olhar das mulheres.








