Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


1 Comentário

MPMI – Sem Publicações

Caros Amigos e Leitores,
O meu acesso à internet é feito através de um dispositivo portátil, mais pequeno que um telemóvel, denominado HotSpot que é muito prático e muitíssimo eficaz.
Ontem trouxe-o para o local de trabalho e, infelizmente, o amigo do alheio levou-mo. O caso está entregue à polícia.
Assim, estarei sem net nos próximos dias o que condicionará imenso as publicações de MPMI.
É pena porque tenho pronta uma história da série “Motorcycle Chronicles” e o capítulo 12 de “A Paixão de Madalena”.
Enfim, tentarei regressar à normalidade o quanto antes.
Um forte abraço e bom fim de semana a todos.
João Paulo Videira


Deixe um comentário

Vermelho Direto – Uma Questão de Requisito

Vermelho Direto – Uma Questão de Requisito

Já está! A mais recente aquisição do Futebol Clube do Porto, de seu nome Josué, disse as primeiras palavras como jogador daquela coletividade: “Não gosto do Benfica.”
Amigo Josué, para que saiba, se gostasse, não o contratavam. É já uma longa tradição do FCP não jogar a favor de si mesmo, mas contra os outros, o Benfica em particular. É uma forma de estar na vida e no futebol que não aprecio mas que, reconheço, tem dado frutos. E frutas. Quando se passa a fazer parte dos quadros do FCP deve lá haver uma espécie de juramento de bandeira, só que, em fez de se jurar fidelidade ao Porto, jura-se infidelidade ao Benfica. Houve, mesmo, quadros daquela coletividade que, ao longo dos tempos, foram contratados só para dar cacetada e fazer afirmações de bairrismo exacerbado em nome da coletividade e exclusivamente contra o SLB. Por aí se percebe a grandeza de quem a tem como já aqui foi explicitado em escrito anterior. Se o meu amigo dissesse “Gosto do Porto” ou “Amo incondicionalmente o Porto” ou “Sou capaz de morrer em campo pelo Porto” ninguém ia reparar que tinha sido contratado, o meu amigo nem sairia do seu anonimato. Lá está, é como eu digo, a senhora da limpeza do Estádio da Luz tem mais projeção do que certas coletividades no seu todo.
Agora, se o meu amigo é contratado pelo FCP, mas faz uma declaração com o nome de um clube que tenha grandeza intrínseca, como é o caso do SLB, aí, já os holofotes da fama se fixam em si. E de que maneira! Muito bem jogado da sua parte. Além do que, convenhamos, é uma frase repleta de ética, de civismo, de fair play, é uma afirmação bonita que deve orgulhar o próprio e quem o contratou. Começa bem, isto. Mas nada que surpreenda. A mesma receita de há vinte anos para cá! Ou serão quarenta? Já é uma questão de requisito.
jpv


Deixe um comentário

Crónicas de Maledicência – Aos Jovens Políticos

Crónicas de Maledicência – Aos Jovens Políticos

Não dou lições de moral. Não gosto disso, cheira-me a arrogância intelectual e ética e com a arrogância não faço pactos. Também não acho que alguém possa considerar-se autorizado a tal exercício. Ainda assim, observo. Muito. E capto, registo… quando as coisas não me suscitam interesse, gosto ou preocupação, deixo passar. Quando acontece uma das três, normalmente, escrevo. Hoje escrevo aos jovens políticos.
Estou preocupado. Os jovens, de certo por responsabilidade nossa, na forma como os educámos, confundem política com poder, confundem política com exercícios de retórica e demagogia. Que os políticos façam isso, é condenável e preocupante, que os jovens cresçam com essa matriz inculcada no seu comportamento, é mais do que preocupante, é grave, é uma geração à beira de perder-se e Portugal não pode dar-se ao luxo de desperdiçar mais gerações!
Manuel Laranjeira, escritor do séc, XIX/XX escreveu “Eu sou um homem que tem a coragem dos seus defeitos.” Essa coragem é precisa. É fundamental que reconhaçamos os nossos erros porque a sua superação constitui um inestimável caminho de aprendizagem. Ora, os jovens estão a crescer evitando reconhecer os erros, desviando-se deles de forma habilidosa, imputando-os a terceiros. Isso é grave em qualquer jovem. Num jovem político é muito grave porque representa a condenação do futuro da nação, representa a falta de consciência e responsabilidade, representa que, independentemente do que as folhas de Excel disserem, não sairemos da crise.
Um dia destes, numa rede social, vi um jovem político cometer um erro crasso. Foi uma questão de desconhecimento basilar. Uma daquelas situações em que, ou nos calamos para não dizer asneira, ou vamos investigar e informar-nos antes de falar. Não fez uma coisa nem outra. Escreveu e errou. Ora, isto, a meu ver, não é grave. É natural. O grave, muito grave, foi o que se passou a seguir. Alguém, por certo um amigo preocupado com a sua imagem, corrigiu-o com educação, tato e até inteligência. Abriu-lhe as portas para se retratar, se informar e mostrar que o tinha feito, que tinha crescido no processo. E o que fez ele? NUNCA assumiu o erro, iludiu, ou pensou que iludiu, o seu erro com palavras vazias e ludibriosas e saiu, ou pensou que saiu, triunfante de uma situação em que tinha sido o único a não triunfar. Ainda pensei fazer-lho notar, mas não valia a pena. Aquele jovem político estava tão cheio de si, das suas certezas e das suas capacidades que não lhe assistiria a humildade do reconhecimento do erro. Calei-me.
E fiquei preocupado. Os jovens políticos, hoje, não percebem que sofrer é fundamental, que errar é precioso, e envolvem-se em jogos de escondimento e disfarce por via da manipulação das palavras e seguem em frente como se estivesse tudo bem. Mas não está. Está tudo podre. Um dia vou ver aquele miúdo num cargo de responsabilidade, é certinho… e nunca saberei se o que está a dizer é fundamentado ou uma enorme máscara de disfarce das suas lacunas não enfrentadas. Errámos algures na nossa missão de educá-los e ensiná-los. Os políticos adultos não têm constituído um exemplo de verdade, de essência, de honestidade intelectual e ética. As palavras têm estado demasiadas vezes antes e primeiro do que as ideias e os atos. E há, em relação a isso, uma impunidade generalizada que mina a formação dos jovens políticos. É por isso que a política anda a reboque das máquinas de calcular e enjeita e rejeita as pessoas de verdade. Porque é submissa. E é submissa porque não tem a força da verdade e da essência. Hoje, a política é só retórica e demagogia mal disfarçadas e isso tolhe-nos, criminosamente, o futuro.
Tenho dito!
jpv


Deixe um comentário

Mia Couto – Especial a Todos os Títulos

Mia Couto – Especial a Todos os Títulos
Não sou daqueles que, porque um escritor ganha um prémio, se desfaz em elogios e, às vezes, até sem conhecimento de causa.
Neste caso, ter lido quase todas as suas obras, acho que me qualifica para ter opinião acerca de Mia Couto. E a minha opinião resume-se a curvar-me perante aquele que é um dos melhores escritores de sempre de Língua Portuguesa. A sua amplitude vocabular, a reinvenção criativa da Língua Portuguesa, a marca cultural moçambicana sempre presente, sempre marcante, o ritmo tranquilo, mas surpreendente, da narrativa, a crueza das situações e palavras, ou, sendo mais exato, a sua naturalidade desnudada, deixaram-me, há muito, enamorado da escrita de Mia Couto.
O prémio é merecidíssimo e é especialíssimo para todos os falantes de Língua Portuguesa, em particular, os moçambicanos. A mim, comove-me esta sinuosidade da vida que é ser atribuída a distinção exatamente no ano em que vim para Moçambique. Couto, aqui, não é um escritor. Ele e Craveirinha são referências maiores da literatura e da cultura moçambicanas, são estrelas brilhantes num universo culturalmente rico e a notícia está a ser acolhida com grande satisfação.
Gosto, sinto-me feliz, quando um dos meus favoritos é reconhecido. Parabéns Mia Couto! Mantém o rumo porque nós, os teus leitores, já estamos à espera do próximo…
jpv


8 comentários

Vermelho Direto – O Benfica é Mesmo o Maior

Vermelho Direto – O Benfica é Mesmo o Maior

O Benfica é mesmo o maior clube português e um dos maiores do mundo. É dos poucos clubes que não só move a paixão dos seus adeptos, como dá razão de ser aos adeptos dos outros clubes.

Em dia de final de taça, os meus parabéns ao Vitória de Guimarães que foi quem, ao que parece,  ganhou a Taça de Portugal. E digo “ao que parece” porque tenho visto quase tantos portistas e sportinguistas a festejar como vimaranenses. Enfim, acho que, hoje, o Benfica jogou pouco e o Vitória acabou por merecer apesar do primeiro golo ser irregular o que, apesar de ser inegável, não constitui desculpa.

É engraçado ver como os adeptos dos outros clubes dedicam o seu tempo a fazer anedotas, imagens, montagens e filmes acerca das derrotas do Benfica. E isso só tem duas explicações. Uns porque não têm vitórias para comemorar, logo, o Benfica dá-lhes alegrias quando perde e outros porque, mesmo tendo vitórias, elas não têm o mesmo significado que as derrotas do Benfica. Porquê? Porque o Benfica não é uma agremiação de bairro com amplitude municipal. É um fenómeno de paixão universal. Quando ganha e quando perde. Efetivamente, deve ser muito insípido, para não dizer tristonho, ser adepto de um clube que não o Benfica porque nada, nem vitórias, nem derrotas, parece merecer a atenção destas pessoas que merece qualquer evento em torno do SLB. Ser adepto dos outros é viver no vazio e não sou eu que o digo, são eles que o demonstram.

Vejamos, o FC do Porto foi campeão nacional este ano. Quanto tempo é que isso durou? Quanto tempo duraram os festejos? Quanto tempo é que a imprensa falou disso, incluindo a lá da terra? UM DIA! UMA CAPA DE JORNAL! Quando a senhora da limpeza do Estádio da Luz espirra, há mais destaque nas notícias do que quando qualquer adversário do Benfica ganha alguma coisa. Isso é grandeza natural. Ultimamente, são muitos os adeptos do Porto e do Sporting e de outras coletividades que criam páginas no Facebook e nos Blogues a escarnecer do Benfica e a festejarem as suas derrotas, mesmo as internacionais. Pois deixem-me dar-lhes uma novidade: cada gesto desses é um ponto a mais na grandiosidade do SLB, é uma afirmação da superioridade do Benfica. É que até os adeptos dos outros clubes seguem o Benfica. É o SLB que lhes dá vida e razão de ser. O engraçado é que, se um dia o SLB deixar de existir ou for disputar o campeonato noutro país, em Espanha, por exemplo, deixa de haver futebol em Portugal, deixa de haver razão de existir para todos os adversários do SLB.

Este ano, a época desportiva do Benfica foi boa. Além de ter sido campeão nacional de voleibol e de basquetebol, em ambas as modalidades bi-campeão,  a equipa principal de futebol jogou quase 50 jogos tendo perdido somente 5. Acontece que, infelizmente para os benfiquistas, 3 desses cinco decidiam competições e, ainda que o curso da época tenha sido bom, a sua ponta final foi dececionante. Ora, quando isso acontece com os outros, a generalidade dos benfiquistas deixa isso com os outros, cada um que se entenda em sua casa, mas quando isso acontece com o SLB, a sua grandiosidade funciona como um íman e atrai a atenção, o tempo e a dedicação de todos e todos parecem querer festejar, à sua maneira, as vitórias e as derrotas do SLB. De facto, o SLB tem seguidores de todas as cores. É um clube verdadeiramente eclético, até nos adeptos!

Enfim, os meus parabéns ao Chelsea, ao FC Porto e ao Vitória de Guimarães pelos seus sucessos. Cada um chegou a uma final. Nós chegámos às três. Não vencemos este ano, mas sabemos que já as vencemos e as voltaremos a vencer sendo que seremos sempre benfiquistas enquanto que os outros serão sempre e só os outros. E quanto a isso não há volta a dar!
jpv


4 comentários

Crónicas de Maledicência – O Palhaço da Discórdia



Crónicas de Maledicência – O Palhaço da Discórdia

Eu tenho, e sempre tive, a hombridade de dizer que admiro o escritor Miguel Sousa Tavares, que “Rio das Flores” é um dos meus livros preferidos, que aconselho a sua leitura a familiares, amigos e até alunos, mas que não gosto da postura do cidadão Miguel Sousa Tavares, sobretudo enquanto comentador televisivo pela forma desnecessariamente violenta como aborda os assuntos chegando mesmo a ser boçal.

Não esqueço que o cidadão/comentador, durante o mandato da Dr.ª Maria de Lurdes no ME, arrasou a imagem dos docentes com inverdades, distorções e meias verdades usando de chavões e de uma agressividade falha de lucidez. Mesmo atendendo a que algumas declarações cuja autoria lhe foi atribuída não foram, efetivamente, por si proferidas, bastou-me aquilo a que assisti e as crónicas que li para nunca mais me esquecer da forma como tratou a classe profissional a que pertenço.

É por isso que não compreendo aqueles que vêm agora defender o coitadinho lá porque vão ser investigadas declarações suas pelo PGR a pedido do PR. É que o próprio MST não se tem comportado como um coitadinho, honra lhe seja feita. Disse o que disse, isto é, chamou palhaço ao Presidente da República, assumiu que o disse e considera natural que haja uma investigação. E eu estou completamente de acordo com ele. E louvo a coragem e a naturalidade com que se tem comportado. O que não percebo são os mesmos professores que disseram cobras e lagartos de MST quando se sentiram atingidos, a defenderem-no como se fosse uma sacrossanta figura atacada pelo mauzão do PR. Eu não morro de amores por Cavaco Silva, devo ter-lhe o mesmo respeito político que MST, mas isso não faz de mim amiguinho de MST. A minha memória, apesar da idade, não é assim tão curta!

Tenho dito!
jpv


1 Comentário

Breve e Óbvia Ciência

Breve e Óbvia Ciência

A minha língua
Na tua pele,
A minha saliva
No teu sal.
A minha sombra
No teu corpo,
O meu desejo
No teu traço.

E perco-me
Nisto que faço,
Na entrega
E na sensualidade
De não haver fronteira
Nem espaço,
Nem idade,
Nem tempo,
Nem conceito…

Tu és a cama
Onde me deito.
A linha reta
E a curva.
A água clara
E a vista turva.
O Chamamento
E a perdição.
O fulgor
E a submissão.
O côncavo
E o convexo.
O amor puro
E o desenfreado sexo.

Tu és a linha
Que define
O meu caminho,
Copo de água,
Cálice de vinho.
Altar sagrado,
Templo saqueado,
Caminhada à chuva…
Travo de limão,
Açúcar de uva.
Tu és a luz
E a ausência dela,
A noite escura e serena,
A linha definida e amarela
Do astro quente como a tua pele,
O ritmo sensual
Que o meu corpo impele
À vida,
Quando te vê chegar.
E a língua, de novo,
A procurar teus montes,
Teus altos e baixos,
Teus fortes e fracos,
Tuas ancas oferecidas
Sem regateios,
Teus redondos
E generosos seios.

Reparto contigo
Os dias
E a existência,
E há nesta conclusão
A breve e óbvia ciência
De seres minha.
De ser teu.
O tempo rasga a vida
Nas cercanias de meu tato.
Amor nos teus lábios
É mais que palavra,
É concluso e perfeito ato!

A tua língua
Na minha pele…

jpv


Deixe um comentário

Citação do Medo


“O medo, por vezes, tolhe as almas e elas, por defesa, encolhem-se e podem nunca chegar a nascer para o mundo.”

João Paulo Videira
In “A Paixão de Madalena”
Cap. 12, brevemente neste blogue.


Deixe um comentário

As Cores da Capulana – Bola de Fogo

As Cores da Capulana

Bola de Fogo

Essa bola de fogo
Desce célere
E anoitece.
Com o fulgor
Que existiu
O dia fenece.
São rápidas, as auroras,
E vivas, as manhãs.
Passa o tempo
Pelas horas,
Mudam as marés.
Chega a tarde,
Canta uma ave exótica,
O astro rei arde
Em descida melancólica.
Corpos expostos
Aos olhos
E à luz.
Um colorido a envolver
Um corpo que seduz.
A noite é prematura,
Cai negra e funda,
Envolve num manto de ternura
Dois corpos,
Uma distância,
Um suor,
Um chegar,
Um amor,
Um frio quente,
Um arrepio,
Um dia irrepetível,
Algo que parte,
Uma saudade que fica,
Uma sensação indefinível
Que é jovem
E bonita.
Uma tristeza que é arte.
Uma melancolia
Nasce e vive.
E logo morre,
Em África,
O dia.

jpv


Deixe um comentário

As Cores da Capulana – O Mar no Olhar das Mulheres

As Cores da Capulana

O Mar no Olhar das Mulheres

Um olhar distante
perdido entre ti
E o horizonte.
Uma súplica,
Um momento e um instante,
Um mar
E uma fonte.
Sofres.
A condição não te favoreceu.
A menina que havia em ti
Conheceu os homens
E morreu.
Uma criança nas costas,
Uma coisa qualquer
A vender.
As capulanas atadas e postas,
Uma pessoa que passa
Sem te ver.
Vendes sonhos,
Vendes ilusões,
Vendes o desespero
De uma vida aos repelões.
Andam meninos
Bailando nos teus olhos
Que brotam o mar
De mansinho,
Fica suspensa a emoção,
Contida a palavra,
Vive no teu coração,
Que bate devagarinho,
Um trator que lavra
A esperança.
Não fossem os homens…

Não fossem os homens…
E seria tangível
A felicidade.
Porque tu, mulher,
Só és mulher,
Quando o teu homem quiser…

São violentas, as palavras,
Sangram quase tanto
Como o silêncio,
Beijam-te a boca que calas,
Mas agitam-te o pensamento.
Tanto que tu querias
Não pensar.
Viver a vida
Como a festa a atirar
Reflexos de excesso
Para a noite.
Como a estrada,
Banhada pelo mar,
Pisada pelo homem,
Tu és, ao passar,
Marginal.
De ti.
Fora da lei
Dos sentimentos,
Expatriada dos direitos,
Punida pelos teus próprios juízos,
Castigada pela tua ímpar e funesta condição.
Amaldiçoada a dar aos homens a redenção…
De si.

Para ti,
Só o pecado do amor,
Para ti,
Só essa doce e inevitável dor.
Para ti,
Faças o que fizeres,
Sobra sempre o mesmo mar
Que desagua no olhar das mulheres.

jpv