
Por causa dA Dívida – XV
– Ventoiiiiiiiinha!
– Sim, chefe, diga, chefe…
– Vá abrir a porta!
– Ó chefe, a porta está aberta, chefe, tá aqui na minha mão… ó, tá a ver? aberta, fechada, aberta, fechada…
– Ventoiiiiiiiinha! Seu cabeça de burro! A porta da rua, homem, vá abrir a porta da rua!
– Ó chefe, e o chefe não acha que é perigoso?
– Perigoso?!
– Pois, chefe, ficarmos com a porta aberta.
– Irrraaa que é burro! Está alguém a bater à porta da rua! Vá abri-la!
– E desculpe, e não ouvi, chefe, e estava e nomeadamente e a ouvir música no aifóne…
– No quê?
– Eu explico, chefe, primeiro foram as cassetes…
– Cale-se! Deixe lá isso e vá abrir a porta!
– Sim, chefe, certo, chefe…
***
– E olha, e nomeadamente, e quem é ele! Como vai senhor João Paulo Videira?!
– Vou bem, senhor inspetor Patilhas, e o senhor?
– Vou a investigar! E é para isso que me pagam, certo?
– E investigou o que eu pedi?
– Ó senhor autor, nós e nomeadamente e até investigámos e nomeadamente e até usámos tecnologia de ponta, o aifóne, por exemplo!
– O quê?! O que é que tem a ver o… esqueça! Será que quis dizer i-phone?
– Na… isso é coisa estrangeira, aqui o Patilhas é pelo produto português. Acontece que a mulher não existe. Nem sombra, nem rasto, nem nada… Alice Ferrier é alma que não veio ao mundo!
– Tem a certeza, senhor inspetor?
– Tanta certeza quanto a pata direita do cavalo de D. José ser a esquerda!
– Obrigado, senhor inspetor.
– Até mais ver, senhor escritor! Ventoiiiiiiiinha!
– Sim, chefe, diga, chefe…
– Vá fechar a porta.
– Qual porta, chefe?
– Irrraaa que é burro!
***
– D..
– Sim, JP…
– Estou preocupado…
– Não te preocupes…
– Hã?!
– Eu sei quem ela é!
– Hei, como é que sabes o que me preocupa?!
– JP, vais no comboio a escrever ao meu lado o próximo capítulo da Blogonovela…
– Tu espreitaste?
– Sim, JP e…
– E…
– O Patilhas não encontrava um elefante mesmo que estivesse a ser pisado por ele… que ideia foi essa de lhe pedir ajuda?
– Sei lá, afinal de contas o homem é inspetor.
– JP…
– Sim, D…
– Eu sou a Alice Ferrier!
– Hã?!
– JP, já reparaste que nos últimos capítulos passas o tempo com a boca aberta a dizer hã?
– Hã?!
– JP, Alice Ferrier é um pseudónimo meu. Quando te mostrei o texto que publicaste no teu blogue, não te revelei logo que era eu a verdadeira autora para não influenciar o teu julgamento.
– Mentiste-me, Dulce!
– Não. Só não revelei um facto. Isso pode ser omitir, mas não é mentir…
– Mas, assim… assim..
– Assim… temos de ser cuidadosos e discretos, mas a verdade é que temos a Belinha e o Marinho na mão. Eles assinaram um contrato com a Alice Ferrier para ela acabar de escrever a história deles com TODA a liberdade e eu sou a Alice Ferrier…
– D…
– Sim, JP….
– Mas a Belinha encontrou-se com a Alice Ferrier e a Belinha conhece-te, como é que fizeste?
– Simples… lembras-te do Clã do Comboio, certo?
– Como podia esquecer-me, Dulce, fui eu que os juntei a todos, fui eu que os criei, são nossos amigos… mas o que é que o Clã tem a ver com esta trapalhada de história?
– Simples… marquei o encontro com a Belinha, escrevi o contrato e pedi à nossa amiga, a Senhora da Revista de Culinária, para se encontrar com ela…
– Estás maluca? Já viste o risco?
– Resultou, não resultou?
– Sim, finalmente boas notícias. Agora podemos acabar a história em paz sem as personagens se estarem sempre a intrometer.
– Exatamente!
– D…
– Sim, JP…
– Obrigado.
– De nada, JP. Até amanhã!
– Até amanhã!
***
– Olá Amor!
– Olá Amor!
– Então, como foi o teu dia?
– Bom. E o teu?
– No trabalho foi cansativo, mas a viagem de regresso foi divertida. Vim com a Dulce a terminar a Blogonovela. Acho que finalmente dominámos as personagens.
– Olha, Môr, conversamos depois. Está uma pessoa na sala à tua espera. Já cá está há uns 15 minutos.
– Quem?
– Não sei, é muito simpática, mas limitou-se a dizer que era uma colega de trabalho tua. Achei muito esquisito porque é tua colega, mas, pelos vistos, não fala português… vai lá despachá-la para irmos jantar…
***
– Boa tarde! O meu nome é João Paulo Videira. Esteja à vontade. Com quem tenho o prazer de estar a falar e… em que posso ser útil?
– Bonsoir, monsieur, c’est un plaisir de vous connaître finalement. Mon nom c’est Alice Ferrier…
jpv
12/07/2012 às 22:32
Cher Ami,
Quelle délicieuse conversation que la nôtre! Votre gentillesse n'a d'égal que votre diligence à accéder à ma demande!
Je suis certaine que cela se passera pour le mieux!
Merci encore.
Puis-je vous faire le porteur de mon message de prompt rétablissement pour votre amie Dulce? Avec ma gratitude.
A bientôt.
Alice
GostarGostar
12/07/2012 às 20:50
Olá Isa, Veremos como é que a Alice se vai sair desta! Ou serei eu? Já não sei. A esquizofrenia não está longe!
Um abraço! dm
GostarGostar
12/07/2012 às 17:59
Olá Isa. Grato pelo seu comentário. Bem divertido. Agora vamos ver como é que a Dulce apaga o fogo. Se calhar é com gasolina!!! beijo. jpv.
GostarGostar
12/07/2012 às 17:51
Agora é que eu quero ver…
Não consigo nem imaginar qual rumo essa história vai tomar!
Como dizia a minha avó “acho que o circo vai pegar fogo”
Beijos ao João, Dulce e Alice!
GostarGostar