Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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O Clã do Comboio – A Senhora das Laranjas Frescas

A Senhora das Laranjas Frescas
Fim de tarde quente em dia de emoções diversas a terminar num misto de realização e cansaço. Quando subo as escadas rolantes para o interregional das 18:18, o RB surpreende-me com uma simulação de assalto por esticão. Rimos e começamos a converseta mesmo antes de entrarmos na grande lagarta metálica.
Assim que entrámos na carruagem, o odor foi inconfundível, refrescante e agradável. Como que ajudou a recentrar a tranquilidade da alma. Cheirava a laranjas frescas. A Senhora das Laranjas Frescas tinha acabado de as comer, a Rapariga do Riso Fácil estava sentada ao lado dela e o odor do citrino perfumava o espaço.
Naturalmente, como já vai sendo hábito e com a humildade que nos carateriza, o Escritor e o RB deram avisados conselhos à Rapariga do Riso Fácil sobre como gerir a sua vida, particularmente, no campo dos afetos. Ela, como é simpática, vai fingindo que nos dá atenção. A Senhora das Laranjas Frescas estava claramente entre a tentação de ouvir até onde iriam as nossas parvoíces e a de nos atirar comboio fora. Ficou. Riu-se connosco. Baixou um pouco a guarda e quando se despediu de nós em Vila Franca de Xira, disse-nos que fazia aquele trajeto todas as quartas-feiras e teria muito gosto em usufruir da nossa companhia. Enfim, esta segunda parte não estou certo que ela a tenha dito, mas juro que lhe ouvi as palavras bailar no olhar e no timbre cristalino com que se despediu. Se é verdade que pode ter-nos achado um caso perdido de tolice, também é verdade que o Clã do Comboio tem um charme irresistível e uma contagiante alegria de estar.
Quem era esta Senhora das Laranjas Frescas? Para além de uma pessoa paciente, deixou uma sensação de simpatia e elegância no nosso cantinho. A pele tinha um tom de bronze suave, lábios finos e delicados num rosto magro de olhos rasgados e doces. Magra. Alta. Um porte quotidiano, mas a fugir à banalidade. Calçava sandálias, vestia calças de ganga e uma blusa de seda verde a cair-lhe com leveza pelo tronco onde, quase jurámos, O Escritor, o RB e o Rapaz do Fato Cinzento, não pontificava sutiã. E é por isso que ela tem de voltar. Só ela pode revelar este facto e desfazer a lancinante dúvida com que nos deixou. Tinha o cabelo apanhado atrás e um pescoço esguio e alto. Mas foi a doçura dos olhos que nos cativou, isso e a sugestão e, claro, aquele perfume de laranjas frescas com que nos brindou à entrada e muito depois de já ter saído.
É claro que o RB, como sempre faz, tentou logo incluí-la no Clã, fazê-la membro honorário das quartas-feiras. É um simpático o RB. Ou isso ou então ficou toldado com… as laranjas!
Bem-vinda ao Clã do Comboio, Senhora das Laranjas Frescas. E volte sempre. Com ou sem… laranjas.


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Acho Estranho – Poupar para… Empobrecer!

Não percebo nada de economia, mas acho estranho, juro que acho muito estranho que poupar possa levar ao empobrecimento das famílias, das sociedades, das nações. Um dia destes, na sequência da preparação de um texto expositivo-argumentativo, um aluno do Ensino Secundário fez uma investigação que, com orgulho e preocupação, apresentou à turma.
A historieta rezava mais ou menos assim…

Naturalmente, as famílias precisam de consumir.

Contudo, porque precisam de poupar por via da sua gritante perda de poder de compra, cortam em todas as áreas de consumo.

Para poderem consumir precisam de ter trabalho para produzir e ganhar dinheiro.
Para terem trabalho e receber dinheiro por ele, a empresa onde trabalham tem de vender o produto.
Como os trabalhadores não consomem porque não podem, a empresa não vende!
Não vendendo, a empresa não tem dinheiro para pagar salários.
Como não tem dinheiro para pagar salários, a empresa despede trabalhadores.
Sem outros rendimentos, os trabalhadores recorrem ao subsídio de desemprego…
Que o Estado paga para… poupar!
Logo, quanto mais o estado poupa, mais se endivida!
Estes miúdos do Secundário são uns chatos quando se põem a estudar, não são?


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Acho Estranho – 2

Não percebo nada de economia, mas acho estranho, juro que acho muito estranho que Portugal seja o ÚNICO produtor mundial de porco preto e o maior exportador mundial deste suíno e seus derivados seja a… Espanha!

Cá para mim, alguém está a levar olés!


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Acho Estranho – 1

Não percebo nada de economia, mas acho estranho, juro que acho muito estranho que a Pera Rocha seja um produto português da região do Oeste e os supermercados portugueses se abasteçam dela em… Espanha!!!

Cá para mim, alguém está a levar olés!


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Zorro

ZORRO


Eu quero marcar um Z dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
P’ra te salvar à beirinha do fim
Depois, num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
E adormecer contigo ao pé de mim

Eu quero ser para ti o camisola dez
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção
Se assim faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha ultima jogada
E marco um golo com a minha mão

Eu quero passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar como é que conseguiu
Eu puxo da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
«Foi fácil. Ela é que pediu!»


João Gil/João Monge


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Antologia do Piropo – 3

“Ó febra, chega aqui à brasa!”


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O Clã do Comboio – Deve Ser Engano!

Deve Ser Engano!

São 6:55 quando estaciono o carro no Entroncamento. Gosto do fresco da manhã na face enquanto me dirijo para a estação de caminho-de-ferro. Na ponte aérea contemplo a quietude da estação de luzes ainda acesas. Quando chego, vou ao bar, peço um café cheio, aspiro-o profundamente e saboreio-o. Vejo algumas caras conhecidas e começo a entrar no dia. Mais um dia. Será especial, por certo. Todos os dias vividos são especiais.
Alguns companheiros de viagem vão chegando e saudamo-nos com sorrisos matinais e olhares predispostos a mais uma corrida. Estamos nestas primeiras trocas de impressões quando, pelo altifalante, uma voz masculina anuncia:
– Vai dar entrada na linha nº 3 o comboio regional procedente de Coimbra. Termina nesta a sua marcha.
Tudo normal. Não é o nosso, mas traz gente para o nosso. Pouco depois deu-se o episódio que originou estas linhas. A mesma voz masculina no altifalante anunciou o nosso comboio:
– Vai dar entrada na linha nº5 o comboio interregional procedente de Tomar, com destino a Lisboa, St.ª Apolónia. Efetua paragem em Santarém, Setil, Vila Franca de Xira e Lisboa Oriente.
O anúncio estava correto. Nada a dizer. O mundo no seu sítio. Estranhámos, contudo, um fenómeno. Apesar de já se ter terminado o anúncio do interregional das 7:18, continuou a ouvir-se um restolhar, um ruído de fundo no altifalante como se não tivesse sido desligado e alguém se movimentasse na sala. Até que se ouviu, em voz límpida e clara, por toda a estação:
– Fooooda-se!
Olhámos uns para os outros como que a confirmar se tinha sido verdade, entre o interrogativos e o embaraçados, quando, um pouco mais à frente, um velhote exclamou:
– Deve ser engano, não conheço nenhuma terra com aquele nome!


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Curtas do Metro – Medições

Medições

Nada de extraordinário, hoje, no Metro. Por isso dediquei o tempo a medições e fiquei surpreendido. Entre o Cais do Sodré e Baixa/Chiado, o Metro demora cerca de 1m 35s. Depois, entre Baixa/Chiado e St.ª Apolónia demora cerca de 3m 45s. É evidente que se torna necessário somar algum tempo que se gasta na mudança da linha verde para a azul na estação de Baixa/Chiado.

Mesmo assim, não erro muito se disser que é possível ir de Metro desde o Cais do Sodré até St.ª Apolónia em cerca de 8 minutos. Só há uma palavra para isto: imbatível!

jpv


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Sinal dos Tempos – 2


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Testemunho

Afinal não foi a última vez que aqui se escreveu sobre a Madeira. E a razão é simples. Uma amiga, grande amiga madeirense, enviou-me o seu testemunho de quem vive o que se passa. Não nos é favorável, a nós continentais, mas este blogue não publica só o que é favorável. Aqui fica o testemunho:
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Neste momento, os madeirenses estão revoltados por dois motivos:

– Sentem-se enganados pelo líder…

– Sentem-se ostracizados pelo continente, que os trata como se fossem os culpados dos “desmandos” do chefe, esquecendo que Portugal é escória da Europa por desmandos dos “chefes” que o têm governado.

Resultado? Antes o líder, que os compatriotas a fazerem guerra!!!

Eu sinto, como ilhéu. Eu digo-te e escrevo, como ilhéu. Eu sofro, como portuguesa-ilhéu, a quem as críticas dos portugueses do continente ferem demasiado, como se fossem farpas de colonialistas/feudais-irmãos.

Nós, madeirenses, vivemos um período conturbado: raiva intensa e sofrimento. A lembrar a angústia pessoana: uma inquietude estranha e a falta de um porto seguro que não seja o “eu” dividido, fragmentado e… estranhamente exausto de acreditar que há esperança.

Porém, acredita, antes acreditar num homem que se endivida e mente, em prol da terra que governa, do que defender quem quer que seja que nos hostiliza e trata como portugueses de segunda categoria. já basta!!!

Leitora de Mails para a minha Irmã