Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


1 Comentário

Dreamer

Dreamer


Tears running over my chin
No voice left in my throat:
For you have guessed how I have been
And hit the spot of my thought!

You have guessed : I am a dreamer!
One of those not really living
Often caught and made thinner
By the odds of her own being

Not really here, not really gone
I leave in my dreams, and so what?
Be sure, I know, I’m the only one
But I sometimes let you see that!

Thoughts and dreams live in me
As ambition or sorrow live in others
I’m proud of it, why shouldn’t I be?
Why hide it, who really bothers?

Rose Harris


1 Comentário

Reincidência

Reincidência

Há um toque de doçura
No teu jeito
Desajeitado.
Assim, como quem procura
Domar o cabelo despenteado.
E há uma irreverência
Em certas coisas que dizes,
Emana do teu olhar a ciência
Que nos impede de ser felizes.
É um traço preocupado
Que nasce no teu sentir fundo
E nem o sorriso iluminado
Esconde esse peso do mundo.

Vieste e voltaste
Como quem não quer, mas vi
Que temos nas órbitas de nós
O que te faz falta a ti.

jpv


3 comentários

Olhar

Olhar

Fixo na paisagem que passa
O teu olhar pensativo e distante
Reflecte a alma na vidraça
Do comboio deslizante.
E é por isso,
Sei agora,
Que vive cá dentro
O olhar que vai lá fora.
Há um ponto no horizonte
Para onde olhas sem ver,
E é nesse ponto que está a ponte
Entre o que és
E o que queres ser.
Vivem figurinhas saltitantes
Em cada metro percorrido,
Vagueiam flutuantes
Pelo tempo perdido.
E és tu que vais aí,
Ou somente a imagem de ti?
És o que julguei ver,
Ou és mesmo o que vi?
Transportas nesse olhar
Todas as aventuras e toda a vida,
Que para a tua chegada
Não houve ainda partida.

Parte, menina, parte!
E faz da finita viagem
A tua forma de arte.

jpv


1 Comentário

"Com Amor," – Documento 28

Minha Menina Verónica,

A aspereza que experimentaste nos homens é natural. Eu tenho uma tese. Eu acho que os homens separam mais facilmente do que as mulheres o sexo do amor. E a consequência é simples. Conseguem praticar sexo sem que haja, forçosamente, amor envolvido. Esta é a parte vulgar e pública da tese. A outra parte tem a ver com a aspereza e a suavidade de que falavas. É que eu acredito que, quando amamos alguém, há minúsculas e invisíveis partículas do nosso corpo que se movimentam e amaciam tornando-nos mais suaves, mais preparados para o contacto com a pessoa amada. Os homens que fizeram sexo contigo não te amavam. Ou amavam, mas era esse amor insuficiente para que os seus corpos se suavizassem para ti. Isto, minha menina Verónica, dá-te a dimensão do meu amor por ti.

Por vezes, o sexo, por via do prazer que provoca, pode tornar-se muito egocêntrico. Eu tento fugir a isso. E tento fazer com que tudo seja uma festa, acho que prefiro a palavra festim, para os dois envolvidos. E quando digo envolvidos, digo-o na plena acepção da palavra. Dedicação e entrega total ao outro nos gestos de dar que, como percebes, enformam os de receber. Para mim, o segredo de receber reside em dar. Dar sem medida. E receber o que houver para receber. Se ambos fizerem isso, dá para perceber que a configuração pode ser fantástica como foi, de facto, entre nós.
Deste tanto, Verónica. Deste desmesuradamente. E foi por isso que desmesuradamente recebeste.

————————–

Também duvido, mas hoje não quero escrever sobre isso. Só amar-te. Só despir-te com as palavras e ter-te sob o meu desejo por elas desenhado.

Teu homem Rui.


Deixe um comentário

"Com Amor," – Documento 27

Meu Homem Rui,

Fiquei com um pormenor a saltitar-me na cabeça. Uma comichão mental. Um dia destes estava a passar os canais de televisão e detive-me num porque alguém desenvolvia uma teoria interessante. Era uma daquelas entrevistas em que o entrevistado está de costas, na penumbra, para não ser identificado e a sua voz surge distorcida. Quando por lá passei, defendia que as mulheres gostam de fazer amor com outras mulheres por razões diversas sendo uma delas a suavidade calorosa da pele. E fez uma comparação. Disse que nos homens havia aspereza. Nas mulheres, suavidade.

E eu pensei em ti. Não é que isto constitua surpresa. Hoje em dia penso em ti a propósito de quase tudo e por quase nada. Pensei em ti porque, efectivamente, meu homem Rui, houve nos homens com que me cruzei até hoje essa aspereza no toque que, em certa altura, confundi com masculinidade, mas que é só mesmo aspereza. E houve também uma avidez devoradora muito centrada neles. Nunca cheguei a perceber se faziam amor comigo, ou se eu era só o instrumento de fazerem amor com eles próprios! Dá para perceber?

Tu foste diferente. Os teus movimentos, as tuas carícias, os teus sons, eram, antes de mais, para nós e nunca me esqueceram. Quase se pode dizer que estavas fazendo amor e sendo atencioso ao mesmo tempo. E o toque, meu homem Rui, não sei como fazes, fizeste, mas não senti essa aspereza de outros companheiros. O vigor e a energia, sim, mas o toque, Rui… foste suave como sedas orientais. Deslizaste sem impor. Dançaste comigo a dança de fazer amor. Um tango perfeito.

——————————–

Duvido, Rui. Duvido sempre. Mas quero-te de novo em mim. Quero de novo a seda do teu toque no meu corpo.

Com Amor,
Verónica.


Deixe um comentário

Publicidade – Engrossa onde?

Eu bem sei que por aqui se vão mostrando exemplos de boa publicidade ou, pelo menos, de publicidade interessante. Este pode não ser uma coisa nem outra, mas lá que chama a atenção, chama! A velhinha Maizena resolveu inovar e ENGROSSAR… Eu desafiava-vos a descobrir quantas vezes é que esse verbo aparece no cartaz…


Deixe um comentário

Publicidade – Com que cara é que acordas?

Por vezes publicam-se aqui alguns anúncios publicitários, sobretudo cartazes de exterior, que se consideram interessantes. Lisboa está invadida de caras ensonadas que… chamam a atenção!
É a campanha “Com que cara é que acordas?”


Deixe um comentário

O Clã do Comboio – Desnecessário Desfalecimento

Desnecessário Desfalecimento

Sexta-feira, 3 de Junho. Greve da CP.
Nos dias que precederam a greve, os passageiros foram sendo informados, com dados imprecisos e pelos mais diversos meios, de que o último comboio de regresso, a partir de Santa Apolónia, sai às 12:48h. Depois deste, só no dia seguinte.
O que acontece é que nesse comboio viajarão todas as pessoas que vão de fim-de-semana e todas as pessoas que foram para Lisboa nos diversos comboios da manhã e costumam regressar nos diversos comboios de fim de tarde e princípio de noite. A razão é simples. Muita gente, a maioria, decidiu trabalhar meio dia e regressar no último comboio do dia, o das 12:48h.
Chego à estação de Santa Apolónia às 12:40h. O comboio, que é regional e como tal vai meter gente em todas as paragens e apeadeiros, já está quase cheio. Consigo um lugar. Depois de duas paragens, Braço de Prata e Lisboa Oriente, o comboio está sobre-lotado. Todos os bancos estão ocupados, muitas pessoas vão em pé acotovelando-se junto às portas e ao longo dos corredores. Por uma inexplicável razão, a CP não aumentou o número de carruagens! As mesmas três de um dia normal e um dia normal tem cerca de 10 comboios de regresso com 3 a 6 carruagens cada, circulam atafulhadas de gente. Bastava adicionar uma tripla. Não foi feito. Por outra inexplicável razão, o ar condicionado não foi ligado. Com o calor de um dia primaveril de sol intenso e a respiração de tanta gente numa carruagem hermeticamente fechada, o ar torna-se irrespirável e escasso.
Um pouco antes de Santarém, o tom das queixas cresce, as pessoas abanam revistas e jornais, desapertam-se alguns botões de camisa e acontece um desnecessário desfalecer. Ali mesmo ao pé de mim, um homem cai com estrondo no chão! Está inanimado. As pessoas precipitam-se, depois recuam para não o sufocar ainda mais, alguém oferece uma garrafa de água, Não lhe dêem de beber, avisa alguém. É só para o molhar, respondem. Há quem lhe levante um pouco a cabeça, outro levanta-lhe as pernas. Minutos depois vem a si. Oferecem-lhe um lugar sentado. O homem está lívido e suado. Queixa-se de um braço. Aleijou-se na queda.
Não posso deixar de pensar que tudo isto era desnecessário. Isto não tem nada a ver com lutas e greves e direitos e contra-direitos. Isto tem a ver com uma lamentável falta de cuidado, uma indesculpável falta de atenção para com pessoas que, no início de cada mês, confiam na empresa e compram, adiantadamente, bilhete para todo o mês!
Não foi só o passageiro que desfaleceu. A CP, se continua por este caminho, envereda, também, por um desnecessário desfalecer!


Deixe um comentário

Dois anos de Mails para a minha Irmã

Caros leitores,
a numerologia estatística de “Mails para a minha Irmã” volta a surpreender. O mês de Maio quebrou, de novo, a barreira do mês mais visitado. Em Abril ultrapassámos as cinco mil visualizações tendo atingido as 5300, em Maio, o número de visitas subiu para 5906.
E assinalamos também o facto de, no início de Junho, termos ultrapassado as 25000 (vinte e cinco mil) visitas. Poucos dias depois de termos feito 2 anos de existência.
Esse é outro pormenor interessante: no dia 12 de Maio, “Mails para a minha Irmã” fez dois anos de vida. Dois anos de publicações. 67 Mails para a minha Irmã; 2 romances concluídos e um 3º em curso, 12 Histórias do Autocarro 28; 23 Curtas do Metro; 65 histórias do Clã do Comboio e mais de 80 poemas. Além de tudo isto, fizeram-se centenas de outras publicações num total de 954 posts até ao momento. É um acervo de escrita significativo que só existe porque vocês, os meus leitores, que começaram por ser cerca de 20 por dia e agora são mais ou menos 200, têm lido, acompanhado, comentado.
E de onde são os leitores de Mails para a minha Irmã? Eis a estatística global e a do mês de Maio de 2011.
Origem dos leitores desde sempre

Portugal
33 055
Brasil
3 819
França
1 265
Estados Unidos
778
Alemanha
226
Índia
109
Reino Unido
93
Rússia
87
Canadá
84
Holanda
76

Origem dos leitores em Maio de 2011

Portugal
4 624
Brasil
490
França
229
Estados Unidos
83
Alemanha
56
Canadá
14
Rússia
12
Suíça
10
Espanha
9
Reino Unido
9

Muito Obrigado a todos e até… ao próximo post!