Amigos,
ainda há dois dias vos escrevia com alguns dados estatísticos mostrando que o nosso blogue estava a crescer a apontava como sinal o facto de, em Abril, pela primeira vez, termos tido mais de 300 visualizações. Pois, ainda Maio é uma criança e ontem, dia 2, tivemos 501 visualizações em 255 visitas. Nunca “Mails para a minha Irmã” sonhara com tamanha frequência. Obrigado a todos. Um forte abraço e… boas leituras!
Daily Archives: 03/05/2011
"Com Amor," – Documento 11
Ai rapaz, rapaz… A que Rui respondo eu? Ao do mail anterior ou ao deste? Tu não és bipolar nem nada?
Quando li o mail anterior preparei-me para te desancar! “Arranja um namorado”. Ai que atrevimento! Mas quem és tu? Por acaso não estavas a oferecer-te, não?
E depois o Rui deste mail. Um marido apaixonado, um pai dedicado, um homem que admira a graça feminina e, até certo ponto, consegue compreender-nos. Mas quem és tu, Rui? Deste segundo Rui, eu podia ser muito amiga. A única coisa que eu mudaria neste teu último mail era o título. Será possível que vocês, homens, andem sempre com a cabeça cheia de mulheres despidas agarradas a varões?
O teu problema, Rui, é que andas a confundir sexo com amor. Eu até concordo contigo em relação à monogamia, mas se estivermos a falar exclusivamente de sexo. O amor, quando o amor é verdadeiro e forte, ele pode ser exclusivo por opção. O amor pode ser pleno e preencher-nos de tal forma que não queiramos outras pessoas ou soluções, nem precisemos delas.
Com aquela conversa do mar é que me levaste à certa. Temos o mar em comum, Rui. Adoro o mar. Sabes, a revolta do mar tranquiliza-me porque é geradora de vida. O mar regenera, Rui. É imenso, infinito e poderoso. O mar devolve-nos o ser, traz-nos respostas de longe. Gosto, como tu, de olhar o mar. Quem sabe, um dia olhamos o mar juntos?
E Deus, Rui, não me falaste de Deus. Reconcilia-me com Ele. Acho que é tarefa impossível. Estamos de costas voltadas. Estranhei que não dissesses nada…
Falar-te-ei dos meus filhos e quero que me fales dos teus, mas não agora. Agora quero que me peças desculpa pelo teu atrevimento e me fales de Deus.
Verónica.
"Com Amor," – Documento 10
Verónica,
Não tenho qualquer dúvida de que a graça do Universo está nas mulheres. Adoro o seu porte, o seu acolhimento dos outros, a forma como se movimentam, os gestos, a voz e as linhas curvas e graciosas dos seus corpos. Se há harmonia no mundo, ela está no vosso corpo. Já as mentes são corajosas, são preocupadas, são dedicadas e altruístas, mas também podem ser muito complicadas, exasperantes, mesmo.
Eu, pessoalmente, sou um homem básico e simples. E gosto de ser assim. Sou frontal e confrontador e gosto de ser assim. Digo o que penso e assumo as consequências e as responsabilidades.
Gosto de futebol. Devoro futebol. Respiro futebol. As mulheres não costumam gostar muito disso nos homens, mas é assim que sou. Sportinguista até à raiz dos cabelos e, como tal, injustiçado por natureza. Oiço música. Muita música. Não interessa qual. Eu não sou o tipo de pessoa que tem cantores e bandas preferidos. Ouço o que gosto e gosto de muita coisa diferente. Clássica, Mozart, Chopin, Lizst… Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Pink Floyd, Stones, Leonard Cohen, Nat King Cole e, claro, Sinatra. A música, comigo e acredito com a maioria das pessoas, varia com o humor. Dependendo da minha disposição, ouço tipos de música diferente.
Amo a minha mulher e os meus filhos. Não sou um marido perfeito, cometo erros, claro. E até nem acredito na monogamia. Acho a monogamia um colete de forças de que a Humanidade anda a tentar libertar-se há séculos. E porquê? Porque é contra natura. A monogamia é o preservativo da religião. Mas adoro a minha mulher e não me vejo a partilhar a vida com outra pessoa. Os miúdos, os meus rapazes, são outra história. Daria a vida por eles sem hesitar. Tento que cresçam autónomos e com espírito crítico, mas não está fácil. Educar é talvez a tarefa mais difícil que nos cabe nesta vida que cada um de nós veio viver. Gosto do meu trabalho. Neste caso, do nosso trabalho. Faço-o por vocação, com gosto. Não sei se sou, como dizias, um bom profissional. Sei que luto contra os meus erros todos os dias e, para isso, há que reconhecê-los primeiro o que nem sempre é fácil quando agimos acreditando no que estamos a fazer. Mas é possível.
Deixei para o fim deste sreeptease da alma, algo que referiste e me tocou imenso. O mar. É um vício para mim, o mar. Eu nem preciso fazer nada com ele. Basta-me olhá-lo. Adoro olhar o mar e embalar nele a minha imaginação. O mar é criador e é um analgésico para a mente. Liberta dos problemas e traz esperança. Acho que pelo menos isso temos em comum. Acho que as pessoas corajosas, aquelas que são capazes de enfrentar a vida e fazê-la acontecer, gostam do mar e é nele que bebem as suas forças. Esta teoria é minha, é falível e não tem qualquer espécie de comprovação, mas tu és uma boa evidência, um caso de estudo, mesmo. 🙂
Hoje, minha amiga, fico-me por aqui.Estou cansado. E nu.
Rui.

