Só quem o faz, pode conhecer o seu valor, o seu poder fortalecedor. Dar o peito às balas é sempre uma dádiva de aprendizagem para o próprio e para quem o rodeia. É preciso fortalecer o pensamento e a capacidade de acção dos homens e isso só se consegue com sacrifício, com exposição, com partilha, com entrega, correndo riscos e assumindo os actos próprios e aquilo em que se acredita de forma aberta, transparente e com verticalidade. É desgastante, sim, mas é a melhor escola de vida.
Agradeço, com humildade, a todos quantos, ao longo da minha vida, me dirigiram as balas! É que só o meu peito não bastava.
Monthly Archives: Outubro 2010
Citação triste
Não é

Não é
Não é por não torcar-te
Que te não beijo apaixonadamente.
Não é por não ouvir-te
Que te não escuto atentamente.
Não é por não ver-te
Que te não contemplo demoradamente.
Não é por estares longe
Que te não tenho junto a mim.
Não é por nada
Que te não quero tudo.
jpv
Agradecimento
Não sou como tu, pai.
Silhueta de mulher com por-do-sol ao fundo

Silhueta de mulher com por-do-sol ao fundo
Hoje vi,
Com os olhos da imaginação,
Uma silhueta de mulher
com por do sol ao fundo.
Tinha um recorte elegante
E uma fina figura
Viam-se claramente
Os contornos da ternura.
Era uma sombra
Prenhe de vida e de voz.
Era um sorriso doce
e um toque suave.
E havia sensualidade naquela imagem,
Havia poderes emanados do coração.
Sem ti, mas contigo,
Senti-me capaz de mover o mundo,
Ao contemplar na minha imaginação
Uma silhueta de mulher com por-do-sol ao fundo.
jpv
Citação com resposta
O Dia da Saia
Post Azul
Musa não és

Musa não és
Musa não és!
Perecíveis são as musas,
Envelhecem e perdem energia.
E tu,
Continuas a acordar-me o dia,
A preencher-me a alma,
A agitar-me o coração,
A empurrar-me a mão
Para o papel
E a desenhar através de mim
As palavras do génesis
E do fim.
Trago o teu olhar brilhando no meu,
Trago o teu sorriso no meu rosto,
Trago no meu peito teu gesto terno.
És meu calor de Agosto,
Minha chuva de Inverno,
Meu vento na vidraça,
Uvas entre os dedos,
Saudável epidemia que não passa,
Exorcista de meus medos.
Não sei se vivo em ti,
Não sei em que medida.
Sei que me invadiu o ser
Uma absurda vontade de vida.
Respira e viverei,
Caminha e andarei,
Mas não me toques
Que ao tocar-me
Abres um abismo fundo,
Um descontrolo total,
Um fim de mundo,
Um querer absurdo,
Uma voracidade
E uma posse.
Um delírio de desejo
Que se materializa
No próximo beijo
Por dar!
E toca-me,
Mostra-me a minha finitude,
Ensina-me que se chama completude
Ao esbater das fronteiras
Do meu corpo no teu.
Não sei o que és.
Sei que musa não és.
De ti não me vem só a inspiração.
Vem-me a vontade, a ilusão,
O desejo, a harmonia,
O começo
E o fim do dia.
E vivo suspenso de ti.
Adiado.
Até que o eco dos teus gestos
Acalme o palpitar deste peito
Docemente subjugado.
jpv




