Os meus olhos são uns olhos.E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.
Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
25/05/2010 às 15:50
Isto de olhar e ver tem muito que se lhe diga… Uns vêem muito quase sem olhar, outros olham, olham e não vêem nada. Há ainda aqueles que fecham os olhos para não ver e outros que nunca chegam a ver aquilo que querem…
Citando o escritor e teólogo Rúben Alves: “A primeira tarefa da educação é ensinar a ver.”
Mas a ver o quê?… Gigantes ou moinhos?!
Por vezes existem tantas formas de ver as coisas que tornam o seu sentido contraditório. As verdades de uns são as mentiras de outros,embora todos se assumam como detentores da verdade!
De qualquer forma, esse senhor também afirma que “as palavras só têm sentido se nos ajudarem a ver melhor o mundo” e que “aprendemos palavras para melhorar os olhos.”
Eu gosto muito das palavras e gosto muito deste poema de António Gedeão. Acho que foi um belo tema que escolheu, João Paulo.
Um abraço
Fernanda
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