Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."

Making of "Estórias ao Acaso: Noite Fria"

2 comentários

A pedido de vários amigos, cá vão alguns esclarecimentos e dados curiosos. De facto, ao longo da publicação da novela “Estórias ao Acaso: Noite Fria”, foram-me fazendo muitas perguntas sobre o texto, como é que eu escrevia e onde arranjava tempo. Fiat lux!
O blogue.
Este blogue foi criado para a publicação de textos que eu escrevia e enviava por mail à minha irmã. Eram, supostamente, autobiográficos. Alguns amigos começaram a dizer-me que deveria escrever textos mais extensos e ambiciosos. Contar uma estória. Daí a ideia de escrever a novela que agora terminou.
Ficção ou realidade.
Acontece que muitos continuaram a achar que eu estava a escrever um texto autobiográfico por causa do teor do blogue, logo, tinha vivido os amores e as aventuras das minhas personagens!!!
Pois, lamento desiludi-los, mas a estória é ficcionada. Quer dizer, quase toda ficcionada. Como qualquer escritor, vivi algumas coisas que escrevo e vi viver outras. Tudo tem referências da realidade, mas nada se passou exactamente como está contado.
Tempo de escrita.
Todos os capítulos foram escritos três vezes. Uma em esboço. Uma em texto rascunho. E uma em texto revisto. Foram sempre escritos à noite, depois da meia-noite, isto durante a semana , ou durante as tardes de domingo, à lareira.
Espaço da escrita.
Três espaços possíveis. No escritório, num computador de secretária. Na sala, ao pé do quentinho do lume aceso com um portátil, ou na cama, também com um portátil. O outro espaço é o mais curioso: alguns, poucos, capítulos, foram escritos directamente para um caderno onde quer que me encontrasse. À porta do supermercado, num parque de estacionamento, ou no carro, no meio da lezíria.
Inspiração ou transpiração.
Muitos leitores perguntaram se havia um plano ou se era tudo inspiração. Devo dizer que a inspiração é fundamental mas não basta. Houve um plano geral da estória e depois houve pequenos planos para cada capítulo. Depois, o esboço e por fim o texto já mais “limpo”, isto é, com alguma revisão e pronto a publicar. Dos 33 capítulos, mais o epílogo, só quatro foram escritos directamente no blogger. Desses, um perdeu-se definitivamente por “erro informático com ajuda humana”, hihihi.
Comentários e visitas.
Durante o processo, o texto não foi muito comentado no blogue. Teve alguns comentários no Facebook onde eu colocava excertos. Também os colocava no Hi5 mas sem reacção. A maioria das reacções chegou-me por mail. Muitas pedindo para dar determinados rumos à narrativa ou para dar determinados destinos às personagens. Era impossível atender a isto porque havia um plano e não segui-lo implicava quebrar a coerência da estória. Os capítulos que mais reacções causaram foram o da noite de amor interrompido e o do suicídio. O texto foi publicado no blogue entre 16 de Novembro de 2009 e 18 de Janeiro de 2010 e nesse período o blogue teve, aproximadamente, 1646 visitas e 4025 leituras. Ou seja, normalmente, por cada visita havia três leituras. Estiveram aqui pessoas de todas as partes de Portugal continental, regiões autónomas e dos cinco continentes! Vá-se lá saber porquê?! Ou como!
Música e imagens.Cada capítulo era acompanhado por uma imagem (alguns, poucos, por duas) que fui buscar à Internet e que não tivessem nenhuma menção de registo ou direitos de autoria. A busca era feita no separador “Imagens” do Google com palavras relativas ao capítulo, por exemplo, “amor”, “solidão”, “desilusão”, “telefonema”, “ruiva” (“ruiva” deu cá uns resultados!). Quando as imagens não me satisfaziam, fazia a busca com as mesmas palavras mas em inglês para ampliar o espectro de resultados. As músicas tentavam ser alusivas a cada capítulo, ou seja, não era porque me apetecia aquela música mas porque ela poderia ter algo a ver com o conteúdo do texto. Ou me lembrava imediatamente de uma ou fazia uma busca semelhante às imagens mas no Youtube.
Futuro.
Já foi pedido ao IGAC o registo do romance e, se houver uma oportunidade, gostaria de publicar. Só não sei se o texto tem qualidade para tanto. Entretanto, descobri que para além das crónicas que eu escrevia, também gosto de escrever narrativas, contar estórias, por isso, a próxima já está arquitectada e a sua publicação periódica, aqui, começa em breve…
Um abraço de gratidão a todos os leitores e amigos pelas leituras e pelas palavras simpáticas e aqui ficam algumas fotos dos momentos de produção. Se ainda quiserem saber mais curiosidades perguntem aqui nos comentários, tentarei responder. JPV.

No quentinho do edredão com Ibsen por perto.


Ao lume, desconfortavelmente sentado naquelas rodelas
de palha que se vendem no IKEA para não me dar o sono.

Um pormenor do plano geral. Foi escrito a encarnado porque
no dia em que tive a ideia não tinha nenhum instrumento
de escrita à mão. Só uma esferográfica encarnada e folhas
impressas de um lado. Foi a encarnado no verso das ditas!

Plano de um capítulo.

O ambiente de escrita mais comum.

Desconhecida's avatar

Autor: mailsparaaminhairma

Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me! Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras... jpvideira https://mailsparaaminhairma.wordpress.com

2 thoughts on “Making of "Estórias ao Acaso: Noite Fria"

  1. Desconhecida's avatar

    Ahhhh amiga, os tempos da “Oríon”!!! Tínhamos 20 anos. Ninguém tem 20 anos. Se bem me lembro, éramos uns 5 ou 6. Escrevíamos poesia. Fizemos uma colectânea que publicámos numa revista chamada “Oríon”. Ainda me lembro que vendemos a revista ANTES de a dar aos compradores. Eles pagavam, nós tomávamos nota do nome e depois com o dinheiro mandávamos fazer a revista. Quando ficava pronta entregávamos um exemplar. E a verdade é que conseguimos. E ainda se publicaram uns três números. Acho que vou tentar encontrá-las e colocar aqui uns poemas do nº1 da “Oríon”.
    —————–
    Continuarei a escrever e a partilhar!
    —————–
    Obrigado por tudo. Abraço grande.

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  2. Desconhecida's avatar

    Amigo:
    20 anos depois da “Oríon”:
    Escreve, que nós fruímos…
    Partilha, que nós recebemos…
    E, na verdade, tudo é autobiográfico… eu própria me revejo em muito do que escreves e, certamente, muitos outros leitores.
    Um beijo muito grande da tua amiga.

    20 de Janeiro de 2010 12:27

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Este é um blogue de fruição do texto. De partilha. De crítica construtiva. Nessa linha tudo será aceite. A má disposição e a predisposição para destruir, por favor, deixe do lado de fora da porta.