Querida mana,
terminou a sondagem que coloquei no nosso blogue há quatro dias atrás. Só catorze bravos e destemidos das muitas dezenas de leitores que por aqui passaram resolveram contribuir. A amostra é, portanto, pouco significativa.
E daí não retirarei conclusões para não cair no mesmo pecadilho das empresas de sondagens: estar sempre a passar ao lado!
Mesmo assim, arrisco uma ideia. A sondagem deu-me que pensar na medida em que 13 dos 14, ou seja, a esmagadora maioria, entende que as crianças passam demasiado tempo na escola. Até aqui, concordemos, ou não, a conclusão é lícita. Ela levanta, contudo, outras reflexões, mais inquietantes, talvez.
Deixo algumas, assim ao jeito de quem lança achas para a fogueira:
a) Entendemos que as crianças passam demasiado tempo na escola e que fazemos para que a situação mude? Por exemplo, que fazemos para estarmos mais tempo com elas?
b) A Escola é um lugar para aprender ou para estar?
c) Estamos convertidos em pais que “arrumam” as crianças na escola? Quem nos força a isso?
Eu não sei se tu ou as pessoas que lêem este blogue (devem ser umas três!) querem comentar estas apreensões mas, por acaso, gostava de “ouvir-vos”. Como já repararam não tenho paciência para tratar o assunto com meias palavras. Penso, até, que as meias palavras ajudam pouco. Assumamos que existe um problema e tratemo-lo com frontalidade.
Eu cá vou recordar para sempre o tempo em que ia à escola feliz e dela feliz vinha para ir ainda mais feliz às minhas aventuras e conquistas pela eternidade das tardes adentro. Havia um tempo miraculoso em que eu podia pecar, cruzar a linha das permissões porque a guarda da vigilância estava baixada. Talvez os nossos pais fizessem mais com menos. Talvez um telemóvel a tocar de 5 em 5 minutos a perguntar, na preocupaçao legítima, de quem educa “Onde estás?”, “Como estás?”, talvez sabermos sempre tudo dos nossos educandos não seja o melhor caminho. Sabes mana, eu acredito que é preciso comunicar muito com os jovens mas também considero que isso anda a ser confundido com estar em permanente contacto vigilante com eles. Uma boa conversa de quando em vez pode substituir, com competência, milhares de chamadas. De resto, quem quer saber tudo? Eu penso mesmo, à medida que vejo o meu filho crescer, que há coisas que nós, pais, não queremos saber!!!
Beijo,
mano.
20/10/2009 às 00:53
O meu voto foi Sim e continuará sempre a ser. Eu penso que há muitas aprendizagens que só se fazem fora da escola e que mais tarde irão fazer parte da nossa estória de vida. É com a nossa estória, dentro e fora da escola, que ilustraremos a nossa vida aos nossos filhos.
a)O que fazer para estar mais tempo com os filhos é abdicar de alguns comfortos que lhes queremos proporcionar e chegar mais cedo a casa.
b)Esta é difícil de responder. Para mim´escola é um local onde se está a aprender e simultaneamente um local para aprender a estar.
c)Como não tenho filhos é complicado responder, no entanto, pelo que observo nos meus amigos acho que existe um pouco de egoísmo(não me levem a mal)fruto de uma sociedade que está podre em termos de valores e sentimentos. As pessoas correm e não têm tempo de olhar e sentir os outros.
A caminho ou de volta da escola víamos os girinos, as azedas, as ovelhas, os livros na papelaria(não havia livraria em santarém), espreitávamos a taberna do Quinzena, andávamos aos pássaros, olhávamos o colorido das flores na primavera(íamos a pé para casa para vermos as flores em cada primavera), fugíamos do Saltitão(guarda do jardim em frente ao liceu e muito mais.
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