Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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De Negro Vestida – XLIX

 

De Negro Vestida – XIII

Caro leitor, se chegou até aqui pare ou salte para o próximo capítulo. O que vai escrever-se a seguir não deveria ser escrito. O que está prestes a ler, não deveria ser lido.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLVIII

De Negro Vestida – XII

O ríspido e a agressividade latente das palavras manteve-se:
Então as pessoas que carregam os caixões e enterram os mortos não são os cangalheiros?
Uma menina com a sua formação e a sua vivência já deveria ter aprendido que não se chamam caixões, mas urnas, que não se enterram os mortos, mas se sepultam e que quem tem a difícil tarefa de o fazer são profissionais com experiência ou habilitação e, em muitos casos, com experiência e habilitação, que dão pelo nome de… deixe lá isso, fica como trabalho de casa, será a forma de retratar-se da sua indelicadeza. Perdoe-me Alberto.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLVII

 

De Negro Vestida – XI

Maria de Lurdes não gostou dele. Reparou de imediato que estava perante um homem abjecto, sem modos nem maneiras, deseducado nos gestos e nas palavras, arrogante e, sobretudo, palavroso. Nem tão pouco lhe passou despercebido o seu carácter lascivo. Há coisas que se pressentem no primeiro contacto e quando José dos Santos Silva entrou na agência funerária, logo seguido do filho, Maria de Lurdes percebeu que o olhar do velho desafiava todos os limites.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida XLVI

 

De Negro Vestida – X

À mesa estão as mesmas pessoas.
O restaurante é outro. Alberto não será capaz de entrar de novo no local onde recebeu a mais fatídica notícia da sua vida. O ambiente é agradável, a conversa triste. Passaram-se poucas semanas sobre a morte de Maria Olívia e Alberto quis agradecer a Maria de Lurdes a gentileza, a amabilidade e, sobretudo, a eficácia com que tornara fácil algo que lhe parecia a ele muito complexo. Quis agradecer-lhe também a dignidade que ela colocou em tudo o que fez. Contudo, não era essa a principal razão do convite.

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Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLV

 

De Negro Vestida – IX

Quando Alberto veio a si, deram-lhe um copo de água com açúcar, agitaram o ar à sua volta e fizeram-lhe perguntas descabidas das que se fazem nos momentos descabidos:
– Então, senhor Alberto, está melhorzinho?
Maria de Lurdes tentou não ser tão descabida e perguntou-lhe com quanto carinho foi capaz agarrando-lhe as mãos frias:
– Alberto, meu querido, sente-se bem? Quer que lhe traga alguma coisa? Contacte alguém?

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Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLIV

 

De Negro Vestida VIII

Está frio.
A sala é pequena.
Lá fora o sol brilha mas aqui não chega mais do que uma luz entrecortada que passa por um friso junto ao tecto. Ao centro uma bancada em mármore e em cima dela jaz Maria Olívia Vieira e Amaral com as cores da morte no corpo nu. Não obstante a situação em que se encontra, a mãe de Alberto tem um ar digno.
Maria de Lurdes chegou ao hospital com a credencial de autorização de levantamento do corpo, identificou-se, mera formalidade porque é este um ambiente onde a conhecem bem, dirigiu-se aos gavetões, procurou a etiqueta com a identificação da defunta mãe de Alberto, era a segunda a contar de baixo, tirou o corpo com a ajuda de dois colegas, colocou-o numa maca com rodas e levou-o para uma sala ao lado. Esta onde se encontra e a luz é difusa. Pediu aos colegas que saíssem:
– É mãe de um amigo, deixem-me fazer isto sozinha.

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Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLIII

 

De Negro Vestida – VII

As refeições são todas diferentes. Há as mais dignas para determinadas ocasiões e há as mais apropriadas para outras. Não há memória, por exemplo, de um pequeno-almoço à luz das velas. E nem é porque não possa esta refeição ser romântica, a prová-lo estão os anúncios publicitários a marcas de cereais que convertem este tempo do dia e esta refeição num diáfano, branco e transparente momento esquecendo a manteiga que sempre cai na toalha, o leite que sempre se derrama, a roupa que sempre se suja. Vem isto a propósito, não de um pequeno-almoço, mas de um jantar.

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João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLII

 

De Negro Vestida – VI

José dos Santos Silva criou muitas regras durante a sua vida e alterou-as quando mais lhe conveio e voltou a alterá-las e alardeou que as tinha respeitado rigorosamente. Tão rigorosamente como a mentira ou o adornar da verdade que sempre fizeram parte de si. Justiça lhe seja feita, até porque não é mau homem, uma regra houve que nunca alterou. José não suportou desde pequenino que lhe chamassem Zé. Primeiro, porque não gostava, depois, quando as palavras vieram a bailar-lhe na boca como cerejas envenenadas, porque sentia que se perdia uma qualquer dignidade com a amputação do nome. Construiu então a regra com a seguinte fórmula:
– Zé é a puta que te pariu, óvistes? Para ti, senhor José!
Foi sempre um inquieto. Incapaz de sossegar, de assentar, de receber ordens ou viver dependências. E tinha uma dificuldade tremenda em não ter razão.

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João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XLI

 

De Negro Vestida – V

– Estou sim?
– Ah, querida, Maria José, finalmente atende o telemóvel. Estava a ficar preocupado. Sou eu, o Alberto.
– Eu sei que é você, Alberto, conheço-o melhor do que ninguém, apesar da sua mãe reclamar para ela essa vantagem, mas, sabe, vinte e um anos de casamento dão-nos um conhecimento ímpar do outro… excepto no seu caso, que nunca quis conhecer-me.
– Mas, Maria José, onde é que a menina está? Não vem para jantar?
– Não Alberto, saí de casa.
– Sim, eu sei, caso contrário não estava a ligar-lhe, que a menina saiu, sei eu, não está aqui! Eu preciso, quer dizer, nós precisamos de saber é quando volta.
– Não volto!

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João Paulo Videira

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De Negro Vestida – XL

 

De Negro Vestida – IV

Para Maria de Lurdes, os viúvos apresentavam a inegável vantagem de já terem vivido uma relação sem que o seu fim tivesse sido o fracasso e a ruptura dos divorciados e sem que deles pudesse falar-se de inexperiência como em relação aos solteiros. O problema emergente dos viúvos poderia ser a idade. Um viúvo para ser viúvo, teria de ter sobrevivido à morte da esposa. Ora, a menos que o falecimento resultasse de acidente ou doença inesperada, a morte que os separaria teria surgido em idade avançada.

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João Paulo Videira

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