Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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As Cores da Capulana – O Mar no Olhar das Mulheres

As Cores da Capulana

O Mar no Olhar das Mulheres

Um olhar distante
perdido entre ti
E o horizonte.
Uma súplica,
Um momento e um instante,
Um mar
E uma fonte.
Sofres.
A condição não te favoreceu.
A menina que havia em ti
Conheceu os homens
E morreu.
Uma criança nas costas,
Uma coisa qualquer
A vender.
As capulanas atadas e postas,
Uma pessoa que passa
Sem te ver.
Vendes sonhos,
Vendes ilusões,
Vendes o desespero
De uma vida aos repelões.
Andam meninos
Bailando nos teus olhos
Que brotam o mar
De mansinho,
Fica suspensa a emoção,
Contida a palavra,
Vive no teu coração,
Que bate devagarinho,
Um trator que lavra
A esperança.
Não fossem os homens…

Não fossem os homens…
E seria tangível
A felicidade.
Porque tu, mulher,
Só és mulher,
Quando o teu homem quiser…

São violentas, as palavras,
Sangram quase tanto
Como o silêncio,
Beijam-te a boca que calas,
Mas agitam-te o pensamento.
Tanto que tu querias
Não pensar.
Viver a vida
Como a festa a atirar
Reflexos de excesso
Para a noite.
Como a estrada,
Banhada pelo mar,
Pisada pelo homem,
Tu és, ao passar,
Marginal.
De ti.
Fora da lei
Dos sentimentos,
Expatriada dos direitos,
Punida pelos teus próprios juízos,
Castigada pela tua ímpar e funesta condição.
Amaldiçoada a dar aos homens a redenção…
De si.

Para ti,
Só o pecado do amor,
Para ti,
Só essa doce e inevitável dor.
Para ti,
Faças o que fizeres,
Sobra sempre o mesmo mar
Que desagua no olhar das mulheres.

jpv


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Menino de Rua


As Cores da Capulana

Menino de Rua

Menino de rua,
De pé no chão,
Mão estendida
E alma nua…
Que vontade
É a tua?
Que história
Por contar?
Que destino
Por cumprir?
Que amores
Por amar?
Que fugas
Por fugir?

Menino de rua,
De alma nua…
Um homem por perto,
Um sorriso aberto,
E no olhar,
Sempre a mesma
Dança
Do desespero
E da esperança.

Mão estendida
À procura de vida.
Uma vida
Maior do que tu,
Menino de rua,
De corpo semi nu
E olhar terno,
Menino de rua,
Filho do tempo moderno,
Que vontade
É a tua?
Que reflexo
Tem na gente
A tua alma nua?

Filho do povo,
Órfão do ritmo novo,
Vagueias com o pé
No chão
E o vazio na mão.

Estendida.

Que homem
Nascerá no teu corpo
Semi nu?
Que responsabilidade
Terás tu?
Como agarrarás
A vida,
Se a tua mão
Estava estendida
E o teu olhar
Concentrado
Nesse homem por perto
Que não viu
A floresta no teu olhar
E plantou um deserto?

Menino de rua,
De alma nua,
Que vontade
Será a tua?

jpv
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Brisa

Brisa

Passas como a brisa
Que me acaricia a face,
E eu tento prendê-la
Antes que passe.
Mas tenho as mãos abertas,
De teu corpo desertas,
E perdidas.
Minhas mãos não têm chagas,
Têm feridas.
Tens uma força
E uma firmeza,
Tens uma sombra
E uma fraqueza…
Revi o mundo
Pelos teus olhos,
Com planuras,
Serras
E escolhos.
Vi porque me mostraste
E porque quis.
E foi olhá-lo por ti
A mais singela
Obra que fiz.
Vi a brisa
Que me fez feliz…

jpv


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Os Teus Olhos

Os Teus Olhos

Os teus olhos
Contam histórias incontáveis.
Bailam neles
Mistérios improváveis,
Traços de sã loucura,
Luas de ternura
E sóis de paixão.
Cabe nos teus olhos
Toda a emoção
De uma surpresa.
A intensa
Chama acesa
De uma palavra
Que se adivinha
Mas se não diz.
O ar reguila e traquina
De um petiz
Que sorri
Depois de roubada
A maçã e dobrada a esquina…
Sem pecado.
Os teus olhos
Contam histórias incontáveis
Sem ninguém
As ter narrado.

jpv


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Citação do Olhar

“O Olhar é o começo de todos os pecados.”

jpv