Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – A Loja do Verdadeiro Cidadão

Crónicas de Maledicência – A Loja do Verdadeiro Cidadão

Caros leitores e amigos,
Cá estou, como prometido, a dar notícia da minha aventura numa Loja do Cidadão da província. A ideia era comparar com a mais central Loja do Cidadão do país: a dos Restauradores, em Lisboa, onde tive uma experiência lamentável e para esquecer. Ou melhor, para não esquecer e servir de exemplo do que não se deve fazer.

Aventurei-me pelo Portugal profundo e fui a essa bela e ribatejana localidade que dá pelo nome de Vila Nova da Barquinha. Pois é amigos, nem sei como descreva. Para começar, deixei de me sentir um coitado de um cidadão e passei a sentir-me um verdadeiro cidadão. 

Na Loja do Cidadão da Barquinha tudo é fantástico. Um edifício antigo completamente recuperado por dentro com excelente bom gosto, impecavelmente asseado, com uma primeira triagem de assuntos digital, efetuada numa máquina que tem mais de vinte assuntos. Ou seja, se clicamos em “Passaportes”, a máquina, a seguir, oferece as várias hipóteses do que se quer fazer com o passaporte. Lembro que em Lisboa havia, ao todo, quatro opções na triagem. Depois, duas pessoas a atender por assunto, ar condicionado que funciona, plasmas grandes e a cores ao invés dos monitores exíguos, a azul e branco dos Restauradores e, sobretudo, a diferença no atendimento. Em Lisboa atendiam quatro pessoas por hora, na Barquinha atendem uma pessoa a cada cinco minutos. E se em relação às primeiras diferenças se pode dizer que decorrem de haver menos afluência na Barquinha, a verdade é que, quanto à rapidez no atendimento, esse argumento não é válido. O tempo de atendimento de uma pessoa é o tempo de atendimento de uma pessoa quer estejam duas à espera, quer estejam duzentas. O que, de facto, faz a diferença, é a impecável organização que reina na Loja do Cidadão da Barquinha por oposição ao caos dos Restauradores.

E pronto, agora que já sou um verdadeiro cidadão resta-me esperar que chegue o passaporte… 

jpv


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Crónicas de Maledicência – A Loja do Coitado do Cidadão

Crónicas de Maledicência – A Loja do Coitado do Cidadão

Por razões de trabalho, precisei de tirar o passaporte. Aconselharam-me a ir à Loja do Cidadão. Além de aproveitar a viagem a Lisboa, uma vez que tenho os passes pagos, sempre o faria na Capital da Nação o que me daria alguma segurança mais. Puro engano. Nada mais errado. Não me senti um cidadão com um serviço à sua disposição. Senti-me um coitado de um cidadão que infelizmente necessitou de um serviço.

Cheguei à Loja do Cidadão nos Restauradores, bem no coração de uma das mais internacionais cidades do mundo, perguntei quais eram as senhas de espera para tirar o passaporte. Disseram-me que era a senha L. E aí fui eu. Exatamente às 12:43 tirei a senha número 201. Olhei para o monitor e percebi que só UMA pessoa estava a fazer atendimentos para assuntos com passaportes, todos os assuntos relacionados com passaportes! E reparei também que a próxima pessoa a ser atendida seria a número 161. Ou seja, a fluidez do atendimento era praticamente nula. Às 12:43 já havia 40 pessoas em espera. Mas a coisa piorou! Esperei uns minutos e percebi que os atendimentos eram muito lentos. Fui almoçar. Uma hora depois já ia no 165! Decidi tratar de outros assuntos e regressei, curiosamente, às 15:43, ou seja, exatamente 3 horas depois de tirar a minha senha. E em que número íamos? No 172! Ou seja, estavam a ser atendidas cerca de quatro pessoas por hora. Ainda faltavam vinte e nove atendimentos para o meu número, ou seja, mais de sete horas além das três já passadas!

Lisboa é a Capital do nosso país, tem um dos aeroportos mais movimentados da Europa por via da sua localização, da Diáspora e da multiculturalidade, tem das populações mais heterogéneas do mundo e a Loja do Coitado do Cidadão que se situa no coração da cidade tem UMA pessoa a fazer antendimentos relacionados com passaportes!

Às 16h, exatamente três horas e meia antes do fecho da Loja do Cidadão, colocaram um aviso em cima do dispensador de senhas a dizer “As senhas para passaportes estão suspensas”. Como o aviso era todo bonito, feito e impresso em computador, prontinho para suspender senhas, percebi que não fora uma situação pontual. Enfim, vamos a conclusões. Na impossibilidade de prestar um serviço de forma eficaz, ao invés de tentarmos melhorar, “suspendemos” o serviço! Será esta a imagem que o nosso país quer criar? É assim que se sai da crise?

Está difícil ser cidadão na Capital! Ainda esta semana vou tentar na província e depois dou-vos notícia!

Tenho dito!

jpv