Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Histórias do Autocarro 28 – Amigas Conversadeiras

Amigas Conversadeiras

Voltei ao autocarro. Não foi bem no 28, mas foi num percurso partilhado com o 28.
Entrei e entraram atrás de mim duas amigas conversadeiras, bem simpáticas, que tiveram excertos de diálogo interessantes. Daqueles que nos acordam o espírito pela manhã.
Como estava de costas nem me apercebi bem do seu aspecto. Sei só que uma era loira e a outra morena. Uma delas agarrou-se ao varão e a sua mão ficou mesmo à frente dos meus olhos. E aí começou o espectáculo. No espaço minúsculo de uma unha, a senhora tinha um malmequer branco com o centro negro e, ao lado, também em negro, uma ramagem a fazer lembrar o acanto. Não sei como, mas ainda houve espaço para uma tira diagonal em brilhantes minúsculos. E quando entraram, vinham a falar de unhas.
– Eu mostrava-te a minha unha, mas não consigo.
– Isto está apertado.
– Ao menos vamos quentinhas. Olha lá, como é que vai a tua ansiedade?
– Vai boa. Durmo pouco. Eh pá, tenho de fazer umas merdas… e tu amiga, tens conseguido dormir?
– Muito Bem. Eu durmo sempre bem. Às vezes, depois do meu namorado sair de casa ainda vou dormir mais um bocado!

Pois é, caros leitores, se eu podia viver sem transportes públicos pela manhã? Poder, podia, mas não era a mesma coisa!

jpv


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O Clã do Comboio – A Playlist do Aluno do Escritor

A Playlist do Aluno do Escritor.


Numa das histórias do Clã do Comboio, designada de Reencontro, o escritor destas crónicas reencontrou nas suas viagens dois antigos alunos. Um deles, viajante quotidiano do interregional das 7:18, já foi, entretanto, referido noutros textos.
Ora, desta vez a playlist que aqui se apresenta é precisamente a do Aluno do Escritor. E o escritor está orgulhoso do trabalho que fez enquanto professor. O rapaz ficou esperto! Digo isto porque ele teve a lata de confessar que muitas das vezes não vai a ouvir nada. Os auriculares são só uns tampões isoladores dos sons circundantes e permitem ferrar o galho com mais convicção.
Adiante. Já no texto Reencontro eu confessava que estava velho e agora voltei a sentir isso porque, quando me enviou a sua playlist, o Aluno do Escritor confessou que a escolha passava pela “boa colheita dos anos 80 e 90”. Ora, quem tem um aluno cujas reminiscências musicais remontam aos anos 80, está como há-de ir!
E o que ouve o Aluno do Escritor? Ele é um tipo eclético. Aquilo vale quase tudo menos Quim Barreiros, ainda assim, confesso que comungo de algumas preferências embore continue a achar que não percebo como é que alguém dorme a ouvir os Metallica!!! Mas enfim… passa.
Colocarei aquelas que me pareceram as que referiu com mais entusiasmo, tendo ressalvado que a escolha dependia do estado de espírito. Como se o estado de espírito de quem vai trabalhar às 7 da manhã para Lisboa mudasse muito…
Então o Aluno do Professor ouve Metallica, Tool, Guns n’ Roses, Manowar a José González, Alexi Murdoch, Jon Foreman, Samuel Barber – Adagio For Strings.


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O Clã do Comboio – A Playlist da Mulher Vampiro


A Playlist da Mulher Vampiro


Caros amigos e leitores,

como tem sido notório, o Clã do Comboio tem ocupado parte significativa da minha dedicação à escrita. É, de facto, um ambiente interessante, de uma multiculturalidade prenhe de rituais e hábitos e gestos previsíveis e imprevisíveis.
Alguns de nós estão conversando durante as viagens ou após as mesmas pelo que um dia destes lembrei-me de algo que me pareceu interessante. Muitos do elementos do Clã do Comboio fazem as viagens inteiras ou em parte ouvindo música. Lembrei-me de perguntar-lhes o que ouviam e pedir autorização para publicar aqui as suas playlists. Claro que nunca me referirei a eles identificando-os, mas somente através dos nomes, alcunhas ou descritivos que utilizei para os designar enquanto personagens do Clã.
Assim, e para começar, aqui fica a preferência musical da Mulher Vampiro que, como a própria referiu tem um “ritmo que acompanha o do comboio e funciona melhor que contar carneirinhos.” Nos seus trajes monocromáticos e negros, por baixo dos cabelos fulvos e junto à pele alva, quase pálida, a Mulher Vampiro ouve, sobretudo, um senhor que dá pelo nome de Nils Petter Molvaer.
Aqui ficam dois clips do senhor… e uma pergunta à nossa companheira do Clã: como é que alguém consegue dormir com isto nos ouvidos? Eu gostei. Mas para dormir?!


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O Clã do Comboio – Sem Preconceitos.

Sem Preconceitos.Felizmente, sem preconceitos, ainda que sentindo o peso deles, elas chegaram à plataforma. O dia despontava com sol e Primavera e havia no ar a sensação de que o mundo ia ser um lugar bom para se estar.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha o cabelo louro a cair-lhe pelas costas em caracóis pequeninos. O olhar claro e enlevado de amores inequívocos era determinado. Roupas práticas. Não veio embarcar, veio só fazer companhia.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha a tez muito clara e o cabelo caía-lhe castanho pelos ombros em caracóois largos. Os olhos de amêndoa eram tímidos. Roupas práticas. Veio embarcar.
Quando se despediram, o olhar determinado procurou o olhar tímido e encontrou-o. Os lábios dela procuraram os lábios dela. O olhar tímido virou a cara e recebeu o beijo na face. O olhar determinado não queria despedir-se sem sentir-lhe o calor de um beijo apaixonado, colocou-lhe uma mão na nuca e beijou-a nos lábios forçando um bocadinho o tempo do beijo.
E foi aí que vi cair os preconceitos. O olhar tímido, olhou em volta à procura das recriminações, talvez, à procura de quem olhasse com ar de condenação, à procura de um risinho. Mas não encontrou nada disso. Tudo estava normal. Tinha sido beijada pela sua amada e o Universo não havia ruído. E isso trouxe-lhe coragem. Tomou ela a iniciativa. Colocou uma mão na nuca da sua amada, puxou-a para si e beijou-a carinhosamente. Como ambas mereciam. Sem preconceitos. E a Primavera esteve cumprindo a sua missão e o mundo, afinal, nasceu mesmo um lugar melhor para se estar.


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O Clã do Comboio – A Face Humana da Mulher Vampiro

A Face Humana da Mulher Vampiro

A Mulher Vampiro continua a viajar no seu banco e nunca mudou o seu aspecto nem a sua atitude. Sempre no banco lateral, sempre completamente vestida de negro com aquela variação pontual em castanho, sempre dormindo a viagem toda, sempre com os phones nos ouvidos, mergulhada na sua música, sempre sem dizer uma palavra. Sempre no sentido Entroncamento – Lisboa. Ao contrário de outros passageiros, nunca a encontrei numa viagem de regresso.
Foi hoje. E foi fantástico.
Regressei no regional das 18:48. Entrei numa carruagem semi-vazia e esperei. Estava a colocar a música nos ouvidos quando ela entrou. Não me viu. Ao contrário do que acontece pela manhã, entrou fazendo muitos e decididos gestos. Tirou a capa, tirou o casaco, colocou tudo num banco ao lado do seu. Poisou nele a carteira e uma mochila e uma pasta de documentos. Sentou-se. Tirou um computador pequenino da mochila, colocou-o no colo e só depois arrumou a capa e o casaco também no colo, por baixo do computador.
Quando me viu, abriu-se num sorriso e disse:
– Olá, é a primeira vez que o vejo no regresso.
– Pois é!
– Trago trabalho.
– Olhe que isso transforma-se num hábito.
– Já é!
E riu, riu abertamente e sonoramente e para além de todo este à vontade, havia cor.
Sem a capa nem o casaco, a Mulher Vampiro exibia uma camisola de lã verde-escura, um casaquinho de malha no mesmo tom, um enorme colar com pedras em tom esmeralda forte e um anel grande com uma pedra a condizer com o colar mas num tom mais aberto. E, imagine-se, trazia o cabelo apanhado o que lhe dá um ar mais executivo e deste mundo, menos etéreo. E o mais interessante e o mais fantástico é que olhava para ela e não conseguia ver a Mulher a Vampiro. Via só uma mulher bonita em trajes práticos de ir para o trabalho com espírito no olhar e expressão no sorriso. Havia toda uma humanidade que se esconde pela manhã. Se é verdade o que dizem dos vampiros, que andam de noite, hoje devo ter visto os últimos minutos da Mulher Vampiro pela manhã e os últimos minutos da sua face humana ao fim da tarde…


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O Clã do Comboio – Faz o que Quiseres

Faz o que Quiseres.

Não é passageira frequente.
Chegou rosada e anafadinha com as carnes a esticarem-lhe a napa encarnada do casaco. Tem mais de 50. Menos de 60. Umas calças de ganga com o tecido propositadamente arrepanhado numa imitação de feira dessas que estão na modinha. Apresentou-se com o cabelo preso atrás com um gancho de plástico a imitar osso de baleia e trazia um chapéu-de-chuva e três sacos. Um verde pequenino, uma mala de mão que mais parecia um saco de viagem em tons de castanho e lilás e um enorme saco às flores brancas e cor-de-rosa que colocou aos meus pés ocupando todo o espaço entre nós. Íamos de frente um para o outro. Óculos de ver ao perto. Unhas pintadas de encarnado já com pouco encarnado. Tirou do caso pequeno uma toalha turca de cozinha amarela com uns limõezinhos verdes estampados, linhas e uma agulha de croché e começou a bordar uma renda a toda a volta da toalha que lhe dava um ar mais… rendado.
Depois deu-se a conversa. Foi ela que ligou. Poisou a toalha no colo, coçou a cabeça com a agulha de croché que a seguir pôs na boca enquanto falava ao telefone em tom audível em toda a carruagem.
– Sim, és tu?
– (…)
– Entrei há 5 minutos.
– (…)
– Este não é o regional. Chega mais cedo.
– (…)
– Faz o que quiseres, mas está lá à hora.
– (…)
– Olha, faz o que quiseres, mas já que lá vais, traz o detergente p’rá roupa.
– (…)
– Faz o que quiseres, mas não te esqueças das minhas luvas.
– (…)
– Faz o que quiseres, mas prepara o jantar. Estão aí as coisas.
– (…)
– Não. Chego mais cedo. Este é mais rápido.
– (…)
– Não sei.
– (…)
– Faz o que quiseres, mas não te esqueças das minhas luvas.
– (…)
– Não sei. Faz o que quiseres. Desde que estejas lá à hora.


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O Clã do Comboio – A Greve

A Greve.

Hoje, o interregional das 7:18 foi às 9:43. E não foi interregional, foi regional. Ou seja, um trabalhador que, normalmente, chegue ao local de trabalho por volta das 9h, hoje não o conseguirá antes das 11:30h.
A razão é a greve da CP. Esta composição não substitui só o interregional das 7:18, substitui tudo o que havia antes uma vez que é o primeiro comboio do dia a ligar o Entroncamento a Lisboa.
Sobre a legitimidade da greve nem falarei. A democracia tem os seus mecanismos de participação, a greve é um deles e, quanto ao resto, são razões e motivos legítimos que uns apresentam de uma forma e outros de outra. Esta é uma consequência inevitável da gestão de um país mergulhado numa profunda crise financeira e social.
O comboio está cheio!
As pessoas conversam sobre a greve e a crise e ninguém fica indiferente a este estranhamento que é estarmos a sair a uma hora em que já costumamos ter a viagem feita e algum tempo de trabalho realizado. Outros brincam, passam pelos colegas e dizem, Isto é que são horas? E depois riem-se e brincam com a situação.
Vai aqui muita gente das 7:18, mas também vai aqui muita gente de outras horas. Vêem-se algumas caras conhecidas e muitas desconhecidas. Todos com os lugares trocados, como alguém disse, Hoje não há reservados! E, imagine-se, ninguém dorme. É um comboio em alvoroço com conversas altercadas, jornais abertos e o sol alto e quente a iluminar a composição. Emerge algo das conversas: é que nenhum de nós sabe a que horas volta ou mesmo se volta porque não há garantias de haver transporte. É a primeira vez que coloco os óculos de sol. Sabem, acho que toda esta diferença traz algo de positivo. É uma pedrada nas rotinas, um desalojar de repetições. Lembram-se quando éramos miúdos e, por qualquer razão, chegávamos de manhã à escola e não havia aulas. A miudagem não arredava pé. Ficávamos ali a usufruir da companhia uns dos outros e da diferença de um dia desusado. Ou porque havia uma greve, ou um congresso na escola, ou porque tinha nevado, ou porque se tinha rompido um cano de esgoto, ou porque os portões não abriam, ou porque tinha morrido alguém importante. E isso, sendo diferente, era saboroso. É esse o sentimento que noto neste estranho interregional-das-7:18-9:43-cheio-de-gente-que-sendo-de-cá-não-é-de-cá.
E logo? Logo, se vê!


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O Clã do Comboio – Lonely

Lonely.

Sabem aquelas pessoas com que simpatizamos naturalmente mesmo sem as conhecermos? Hoje NÃO conheci uma! Não conheci, mas vi.
E, ao contrário do que normalmente acontece com os textos do Clã do Comboio, hoje não tenho mesmo nenhum motivo para escrever este texto a não ser ter-me apetecido.
Regional das 20:48. Não houve um episódio. Não houve uma curiosidade. Não houve uma conversa. Houve só uma moça com calças de ganga, uma blusa colorida em verdes e rosas, cabelos castanhos pelos ombros e um ar doce e triste, sentada sozinha num banco de madeira à espera de acabar um cigarro para entrar no comboio. E essa meiguice, que não conheço, e essa tristeza, que não conheço, e esse ar solitário, que não conheço, esvaíram-se como por magia no momento em que sorriu.
Eu estava cansado. Precisava entregar o olhar ao sono e a cabeça à música para descansar. Não foi preciso. Ela sentou-se e sorriu para qualquer coisa que tinha na mão, talvez um telemóvel, e foi como se eu estivesse contemplando a imensidão do mar nos seus olhos.
Às vezes ouvimos teorias avulsas e populares sobre pessoas que infundem tranquilidade só com a sua presença. Ela fez isso e nem soube.
Obrigado, estranha do olhar doce.


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O Clã do Comboio – Palavras Cruzadas

Palavras Cruzadas
Regional das 18:48.

Entrou. Era alto e magro. Camisa branca com uma risquinha bordeaux. Gravata na mesma cor avinhada. Um fato de fazenda grossa. Sapatos pretos sem atacadores. Trazia uma mala preta na mão. O conteúdo devia ser parco porque a pasta estava vazia, ou quase, pois não fazia volume.
Sentou-se. tirou um jornal da pasta. Colocou-a deitada sobre os joelhos e o jornal em cima dela aberto na página dos passatempos. Tirou uma caneta do bolso interior do casaco e começou a fazer as palavras cruzadas.
O motivo deste texto foi o que se passou a seguir.
Adormeceu. E ficou na posição de escrita. A cabeça ligeiramente tombada para a frente, a caneta na mão nunca se inclinou, ficou sempre direita em cima da quadrícula das palavras cruzadas. A outra mão segurava o jornal e levantava-lhe uma ponta para poder ver melhor. Assim ficou segurando o jornal.
E ele ali e assim foi desde Santa Apolónia até à Póvoa a dormir e a fazer palavras cruzadas ou, pelo menos, na perfeita posição de quem as faz. Quem passasse e não atentasse nos olhos cerrados diria que estava escrevendo.
Quando acordou foi como se as tivesse terminado. Arrumou a caneta no casaco, o jornal na pasta, endireitou-se no banco e saiu duas paragens mais à frente.


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O Clã do Comboio – Late Night Skirt

Late Night Skirt

Hoje regressei a casa terrivelmente tarde e cansado. Quando assim é, já nem costumo escrever. Por isso mesmo, peço desculpa se as carreirinhas de palavras não estiverem à altura, contudo, o pormenor foi… como hei-de chamar-lhe… muito interessante. Saí de casa às 6:45 da manhã. Regresso no regional das 20:48. Quer isto dizer que antes das 23h não há direito a sopas nem descanso. São 21:43 e estamos algures próximo do Cartaxo.
É uma daquelas mulheres que quer parecer ter menos idade do que realmente tem. Seja na roupa, nos cabelos, nas unhas, nos acessórios ou mesmo na atitude. Todos percebemos que tem mais de 50, mas ela não quer ter mais de trinta e picos. Está no seu direito.
Face arredondada com indisfarçáveis rugas. Olhos muito pintados de verde e rímel abundante nas pestanas. Cabelo comprido, liso, com madeixas loiras a cair-lhe por cima dos ombros. Traz um casaco branco, cintado, em fazenda rugosa com vivos de renda pérola nos bolsos. Um enorme cachecol de verde-escuro, muito escuro, quase a parecer preto. Por baixo, uma camisola de lã preta. Uma mini-saia de fazenda também preta, muito curta, e umas meias da mesma cor bem justas às pernas a deixar perceber o tom claro da pele. Sapatos, igualmente pretos, com um lacinho no calcanhar. Por cima de toda esta negridão e a saírem-lhe das mangas brancas do casaco, as mãos largas, bem tratadas, com unhas em encarnado Ferrari. Ao seu lado, uma mala de pele e tecido num lilás muito escuro com iniciais de Yves Saint Laurent.
O telefone é um daqueles desta nova geração sem teclado e todo a piscar no visor táctil. Passou quase todo o tempo da viagem a escrever sms e a fazer telefonemas sussurrados. Quando terminou a azáfama das comunicações, tirou da carteira uma revista de sudoku e entreteve-se. Depois, voltou às comunicações.
Porque é que escrevi este texto?
Para além da figura ousada numa mulher que luta desesperadamente contra o tempo, e nem sequer precisava, pois, com menos efeitos especiais, podia ainda ser bem interessante, houve algo igualmente ousado e descarado na sua atitude. Cruzou a perna e permitiu que a saia curta subisse até ao limite do decoro mínimo. E ficou ali de pernão curto e largo e bem feito em exibição consciente, voluntária e pública. De vez em quando, olhava-me enquanto falava ao telefone e, como quem se distrai, virava para mim a perna cruzada expondo o que exposto já estava.
Consequência prática: eu que normalmente quase não vejo o “picas” ou, no máximo, vejo-o uma vez por viagem, mostro-lhe o passe e perco-lhe o rasto, esta noite reparei que o “picas” passou vezes sem conta para trás e para diante. E nunca olhou para mim! Ela sim. Entre o telemóvel e o sudoku, foi-me deitando olhares. Uns com os olhos, outros…