Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Geografia da Alma

(Imagem de Telma Moreira, aqui)

Geografia da Alma

Não peças
O que não tenho
Para dar-te.
Não queiras
O desenho
Que não sei desenhar-te.
Não sintas
Por mim
Esses sentimentos
Que são teus.
Não procures nos teus meandros
Os meandros meus.
Não me guies os passos,
Não me estendas os braços,
Generosos e oferecidos.
Quanto mais os estendes,
Mais os meus se sentem perdidos.

Não sejas a minha luz,
Nem a mão que me conduz,
Não sejas para mim nada.
Apenas a suave alvorada,
A alma
Pela minh’ alma amada.
Não queiras o meu espaço.
Oferece-me, só,
O teu regaço
E recebe nele a minha entrega.

jpv


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Penumbra

Penumbra

Recordo a penumbra
desse quarto
E sua cama de música.
O espaço amplo
E definido.
Os pés descalços,
Um livro aberto
Semi lido.
Um corpo deitado
Sobre um corpo vencido,
Um rasto
De sensualidade
E nudez discreta.
Um sexo que acolhe,
E um sexo à descoberta,
Abrindo caminhos
De conquista e merecimento.
Uma porta entre-aberta.
Poucas palavras.
Um sexo envolvendo
Um sexo abandonado dentro.
Um sono profundo.
O princípio
E o fim do mundo.
Uma luz ténue.
E, tal como na noite,
De dia, o mesmo traço,
Dois amantes
E a penumbra
Desenhando o espaço.

jpv