Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Poema do Menino que Dormia

Poema do Menino que Dormia

Há momentos
Em que acordo
E noto que morri.

Nasci morto.
Cresci cego
E comandado.
E, hoje, não nego,
Morro acomodado
À fuga
Que empreendi.

A vida
Que havia a viver
Fugi.

Perdi-me os movimentos,
Algemei as mãos
E agrilhoei pensamentos.

E quando vim
A libertar-me os intentos,
O mundo não me acreditou…
E não me quis.

Era demasiado
O preço
Do que não fiz.

Estava extinta
A força,
Soçobrada a vontade
Do poeta
De tenra idade
Que acordou
Demasiado tarde.

Julgo ter cá dentro
Um fogo que arde,
Mas são só cinzas…

Um cadáver andante
De grande e vistoso porte
Deambulando pelas ruas,
Putrefacto,
Exibindo a vida da morte.

Há momentos
Em que acordo
E noto que morri.

Olho à volta
E vejo-me aqui,
No meu centro,
Na periferia de tudo o resto.

Ouço um sino
Longínquo e funesto
E vou a sepultar-me sozinho.

Foi tudo tão triste
E patético
Quanto errar
Uma curva do caminho.

O brilhante e profético
Sonho de ser
Desvaneceu-se.

Era uma vez
Um menino que dormia…
Hoje acordou
E veio ver
O homem que morria.

jpv


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Imagens de Maputo – Embarcação de Sonhos

[Imagens de Maputo é uma secção deste blogue com o objetivo de divulgar imagens do quotidiano da Capital de Moçambique. Não há um tema. O quotidiano de Maputo é o tema. Serão imagens exclusivamente captadas por mim, e, também, exclusivamente captadas com telemóvel. Não serão fotos tiradas de propósito, com intenção estética, serão fotos tiradas como quem passa, no momento em que passa. Instantes. Sem texto. Só com o título que lhe atribuirmos. Apreciem! — jpv —]



Imagens de Maputo

“Embarcação de Sonhos”


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