Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – A Carta de Paulo Portas e…

Crónicas de Maledicência – A Carta de Paulo Portas e…

Última Hora: Paulo Portas é leitor assíduo de Mails para a minha Irmã!
Pois, só assim se justifica que, tendo nós vaticinado, em jeito premonitório, que as cartas entrariam na moda, o então-ainda-calma-lá-que-isto-é-à-vontade-mas-não-é-à-vontadinha-anda-cá-onde-é-que-já-ias Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros tenha ido a correr escrever uma! Isto das modas quando pegam é tramado. É tipo pastilha elástica, toda a gente quer uma quando estão a dar.

Contudo, Amigos e Leitores, a carta de Paulo Portas tem uma diferença substancial em relação às duas que analisámos ontem: ninguém estava à espera. Não estavam à espera os portugueses, não estava à espera o Senhor Presidente da República, embora ultimamente se dedique muito a esperar, e não estava à espera o Senhor Primeiro Ministro. Mas, mais interessante, já que estamos numa linha esotérica de raciocínio, o próprio Paulo Portas também não estava à espera de escrever a carta e, sobretudo, não estava à espera que a solicitação feita na mesma fosse negada em público e para toda a gente ouvir.

Eu acho, é minha forte convicção, que Portas tem de acertar os timings com o Senhor Primeiro Ministro. Que ele escreva uma carta ainda se compreende, agora que o faça quando a senhora que ele não queria para Ministra das Finanças toma posse é que já me parece, digamos, fora de tempo. Bem a propósito se poderia dizer que foi uma carta avant la lettre!

Há mais duas coisas que eu não percebi. Uma é o significado da palavra irrevogável. Irrevogável quer dizer o que eu penso ou esta coisa do desacordo ortográfico voltou a ultrapassar-me?

A outra coisa que eu não percebi é aquela explicação do Senhor Presidente da República a dizer que ele próprio não serve para nada desde 1982! Importa perguntar, Então porque se candidatou a uma coisa que não serve para nada?!

A situação é séria que isto não está para foguetórios e toda esta gente que se candidatou e ganhou as eleições em nome da responsabilidade e de endireitar um país desgovernado, deveria ter mais ponderação antes de se por a escrever cartas a torto e a torto (não, não me enganei!).

Se o leitor bem reparou, o título desta missiva termina com reticências. Pois… isso mesmo… eu acho que a moda de escrever epístolas pegou de estaca e, ou me engano muito, ou isto ainda não acabou. Ainda vamos ter matéria para uma antologia!

Au revoir!

João Paulo Videira


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Crónicas de Maledicência – É P’rá Amanhã!

Crónicas de Maledicência – É P’rá Manhã!

Independentemente de se concordar, ou não, uma moção de censura apresentada pelo maior partido da oposição é um facto político inegável e, tendo sido debatida na Assembleia da República ontem, hoje é um assunto importante na vida política portuguesa.

Independentemente de se gostar da sua ação ou não, Miguel Relvas não é um político qualquer. Foi, até hoje, o Ministro dos Assuntos Parlamentares. A sua demissão não é coisa de somenos. É um facto político inegável e importante na vida social e política do país.

Independentemente do que possa pensar-se, se o Senhor Ministro da Educação tem em sua posse um relatório da Universidade Lusófona sobre a legitimidade da formação superior do, até agora, Ministro dos Assuntos Parlamentares, isso é um facto político inegável.

Independentemente da opinião de cada um, o Tribunal Constitucional está prestes a pronunciar-se sobre o Orçamento de Estado e isto constitui um facto político inegável com consequências nas vidas dos portugueses e até eventuais consequências ao nível do Governo como admitiu o Senhor Primeiro Ministro.

E é por isso que eu não percebo como é que, instado a comentar estas matérias, nomeadamente, a moção de censura e a demissão de Miguel Relvas, o Senhor Presidente da República diz, e cito, “Hoje não há política”. Ó Senhor Presidente, olhe que é precisamente hoje que há política. Eu bem sei que cai melhor fazer uma degustação de produtos gastronómicos portugueses, mas há matérias e momentos a que um Presidente da República não pode esquivar-se! Enfim, fica p’rá amanhã.

jpv