Perguntam-me pelo romance, se desisti… Nada disso, vai bem. Tenho escrito. Só não tenho tempo para passar os textos. Mas em breve aí estarão mais capítulos!
Também tenho uma surpresa para postar. Aguardem-me!
Um abraço,
João Paulo
Perguntam-me pelo romance, se desisti… Nada disso, vai bem. Tenho escrito. Só não tenho tempo para passar os textos. Mas em breve aí estarão mais capítulos!
Também tenho uma surpresa para postar. Aguardem-me!
Um abraço,
João Paulo
Despertar – V
Chegados a este ponto, não nos resta senão contar-vos como foi o encontro entre Maria de Lurdes e o homem do fato azul-escuro com uma risquinha cinza. Já sabemos agora que estava Maria de Lurdes com as amigas, ao meio da mesa, ladeada por duas à sua esquerda e outras duas à sua direita. E sabemos também que tinha o homem dos olhares insistentes de frente para si, a uns metros de distância, onde jantava com dois amigos. E sabemos que pegou ela na sua mala e se dirigiu para a casa-de-banho em passo firme sendo forçoso que passaria junto à mesa dele.
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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.
Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.
Obrigado pela vossa dedicação.
Setembro de 2013
João Paulo Videira
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Despertar – IV
As pessoas, mormente as mulheres, não estão bem arranjadas e pronto. Estão bem ou mal arranjadas consoante a situação ou evento para que se arranjam. Tanto é isto verdade que aparecer um homem de fato e gravata para um trabalho pesado ou para a prática de desporto, por melhor e mais bonito que seja o fato, forçoso será concluir que ia o homem mal arranjado. O mesmo se aplica à escolha da indumentária feminina. Pois que sendo os vestidos de noite lindíssimos, quando o são, sempre ficam inapropriados se usados em eventos diurnos. Logo à partida, contrariam a sua própria designação, seu fim e propósito e indo com ele de dia, vai a mulher que o levar mal arranjada. Saber arranjar-se é, antes de mais, procurar a harmonia entre a nossa presença e o evento em que estaremos presentes. Depois, se a esta harmonia conseguirmos juntar pormenores de bom gosto, tanto melhor.
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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.
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Obrigado pela vossa dedicação.
Setembro de 2013
João Paulo Videira
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Despertar – III
Maria de Lurdes gosta de ser a última da casa a ir deitar-se. Não sabe porque é que as coisas são assim. Sabe só que se sente melhor. No fundo, comporta-se como uma guardiã de templo que vigia enquanto os outros descansam. É sempre a última a deitar-se e a primeira a levantar-se. Por isso, quando os filhos recolheram aos seus quartos, esperou um pouco até que a poeira sonora do dia assentasse. E quando sentiu a casa tranquila, agarrou as calças que estava arranjando com uma mão por baixo e outra por cima, pousou-as cuidadosamente no assento de uma cadeirinha em frente da sua e levantou-se. Colocou uma mão ao fundo das costas como quem as ajuda a endireitar-se, fez um esgar de dor que era mais cansaço, olhou o tecto, respirou fundo e abandonou a marquise feita atelier. Comeu pouco. Fez a sua higiene de antes de deitar e foi dormir. Antes de adormecer, arrumou o dia seguinte na cabeça e relembrou-se o propósito de mudar. Cumpri-lo-ia.
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Setembro de 2013
João Paulo Videira
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Despertar – II
Voltou. Mas não foi já.
Não alteremos a ordem dos acontecimentos que é esse um abuso dos contadores de estórias. Um abuso e uma prepotência. Trazer os leitores perdidos procurando o fio à meada narrativa. Contemo-la onde ia. Quando a mulher se levantou para ir à casa-de-banho. Nessa altura estava o leitor curioso por saber se ela falaria com o homem de fato azul-escuro.
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Setembro de 2013
João Paulo Videira
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Despertar – I
A verdade é que não nos conhecemos. Enfim, sabemos quem somos, como nos chamamos, que roupas gostamos de vestir e que comida preferimos comer mas, de tempos a tempos, surpreendemo-nos a nós próprios com um pensamento, uma frase, um gesto. Esta ignorância de nós, cristalizamo-la com expressões simples e vulgares do dia-a-dia que dizem pouco, parecem dizer pouco, mas que emanam esse inconfundível perfume de desconhecimento em relação àquilo de que somos capazes. E é por isso que estando, por vezes, a falar, os lábios e a língua e o céu da boca articulam sons que são palavras e podem elas dizer verdades que não esperávamos.
– Onde é que eu estava com a cabeça?
– Nem parece coisa minha!
– Como é que fui capaz?
– Nem acredito no que fiz!
E outras tantas e tantas mais ainda andam bailando nos lábios e no ar dizendo-nos que não nos conhecemos. Que não percebemos a origem de certos pensamentos em nós. De onde vêm sentimentos inesperados. Comportamentos inusitados. Palavras desabituadas.
A mulher de que vos contarei agora está vivendo um desses momentos.
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Setembro de 2013
João Paulo Videira
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Solidão – VII
Há entre nós, os humanos, independentemente da condição, da raça, do género, da cultura, da religião, da idade, da posição social, da estrutura financeira e do carácter, diversos impulsionadores de pensamento e acção. E há um, aquele que agora desperta em Maria de Lurdes, pouco valorizado, subestimado mesmo, mas que, em nossa opinião – que o leitor poderá aprovar ou rejeitar – é o mais importante de todos. Não escondendo a importância do dinheiro, não é dele que falamos. Reconhecendo o valor da educação, não é a ela que nos referimos. Nem à alimentação, nem ao sexo, nem à religião, nem à segurança, nem à solidariedade, nem à investigação, nem à saúde, nem à família, nem a nada que tenha um motivo. O móbil principal da acção humana é o saber a pouco. A insatisfação.
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João Paulo Videira
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Solidão – VI
Carolina Maria terminou o banho, seu retempero do corpo e da alma. Para si a água quente e o perfume do gel são bálsamos que limpam e acariciam e este ritual é um espaço de reflexão. Fecha-se no círculo que a água desenha tombando do chuveiro. Não ouve nada. Não sente nada a não ser o calor da água massajando-lhe o corpo. E pensa. E revive as tristezas, as alegrias, os pormenores. Hoje está voltando à biblioteca, ao jantar, às mãos largas e aos cabelos encaracolados. Acaricia-se levemente como que para senti-los mas depressa percebe a ilusão e a insatisfação com ela. Pára. Fica-se pelo rememorar delicioso que nestas coisas, ainda para mais sendo-se mulher, a mente pode mais do que o corpo. Termina o banho. Limpa-se. Faz o périplo dos cremes e vai à cozinha.
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João Paulo Videira
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Solidão – V
Maria de Lurdes está na marquise convertida em atelier de costura tentando fazer, refazer e reunir os gestos necessários para engrossar um pouco mais a coluna das receitas no seu orçamento familiar. Está sentada numa cadeirinha branca, tem a máquina de costura preparada, caixas abertas com linhas e acessórios à volta, as costas curvadas para a frente, uma linha presa entre os dentes e pressente. Pressente os filhos que chegam num rumor escadas acima. Sabia que chegariam tarde. Alguma utilidade têm os telemóveis e as SMS. Mas não sabia que, por via da mesma utilidade, chegariam mais ou menos à mesma hora. Estava já preocupada. Sem razão, é certo. Mas, sendo-se mãe, mais razões não são precisas para que uma ansiedade funda marque o ritmo do coração.
Sente-os aproximarem-se.
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João Paulo Videira
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Solidão – IV
Venha comigo, caro leitor, venha presenciar ou reviver um ambiente irrepetível. O local onde vamos tem um odor ímpar e inconfundível, tem sons próprios e seculares, tem rituais, tem frequentadores e tem uma personagem da nossa estória.
Há templos que são templos. E porque são templos, as pessoas comportam-se neles como estando em templos. E há espaços que não sendo templos, são templos na mesma e, por isso, estando as pessoas nesses espaços que não são templos comportam-se neles como nos templos. É explicável mas indefinível a linha da lógica razão, a linha do pensamento que define porque fazemos silêncio numa biblioteca. Logo à partida, não se trata de silêncio, trata-se daquele marulhar abafado das folhas de papel virando, do sussurrar respeitoso de comentários, só os essenciais, que os utilizadores trocam entre si ou com os funcionários do templo dos livros. E esse respeito vertido em quase silêncio tanto o pode ser para que se não incomode quem lê e quem pensa, como o pode ser para que se respeite quem pensou e quem escreveu com sabedoria, dedicação, trabalho e genialidade suficientes para que viesse parar à biblioteca. Tem este espaço o estatuto de templo do saber e faz-se nele silêncio para que se não incomode quem soube e quem está querendo saber.
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Setembro de 2013
João Paulo Videira
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"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."
A esperança pra quem busca pequeno e grande detalhe do criador. Shaloom....
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