Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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"Com Amor," – Documento 4

Rui,

Estou de volta. Pensei muito antes de escrever-te de novo, sobretudo porque se passou muito tempo. Mais de dois meses. O meu último mail foi uma reacção firme e intempestiva à forma como tinhas terminado o teu com um “Beijo”. Pensei logo que era o teu imparável atrevimento. Depois comecei a pensar que podia tratar-se só da coloquialidade de um beijo naturalmente oferecido, ou mesmo de uma simples forma de terminar um mail. Se foi isso, peço desculpa.

Acho que nós gostámos um do outro, penso até que criámos alguma admiração mútua, mas a partir do momento em que disseste que eu precisava de um homem, tudo se precipitou numa vertigem de agressividade em torno das nossas diferenças. Atrevo-me a escrever-te para que retomemos o processo de conhecimento mútuo, amizade, talvez, pela exploração do que nos une e atrevo-me a dar o primeiro passo.

Rui, de tudo que disseste, houve uma coisa em que estavas certo e preciso reconhecer-to. A minha honestidade e a minha integridade a isso me obrigam. Eu sou, de facto, uma mulher com urgência de amar! O amor é a minha religião, Rui, não tenho outra, não creio noutra. Em tempos, sim… mas isso são histórias antigas. Acontece que Deus abandonou-me, ou então esqueceu-se de mim… e eu tive de reinventar a fé. A minha fé é o amor, Rui. Mas isso não quer dizer que eu precise de um homem.

Espero que respondas.
Verónica.


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"Com Amor," – Documento 3

Olha lá, mas tu achas que eu não te topo?

Beijo? Mas que beijo? Beijo a quem ou de quem?

Mas que petulância!

Verónica


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"Com Amor," – Documento 2

Olá Verónica,

Peço perdão pelo “olá”. Depois do teu e-mail não sei se é muito atrevido.

As mulheres são para mim, sempre foram, um universo fascinante, Repara, tu pudeste dizer-me tudo o que pensavas, pudeste chamar-me infantil, atrevido e intrometido. Só retive estas. E, para ti, tudo isso se inscreve no âmbito da frontalidade. Perfeitamente lícito, portanto. E para que usaste a tua frontalidade? Para criticar a minha!

Ora, analisemos. Quem éramos nós? Dois desconhecidos que têm em comum o mesmo trabalho e se conheceram num evento social. Comungámos o mesmo espaço durante alguns dias, trocámos ideias, partilhámos visões da profissão, da sociedade e até da forma de estar na vida. Até aqui tudo bem. e quando erro eu? Quando te digo aquilo que penso em relação a ti. E, que fique claro, não retiro o que disse. Eu acho mesmo que tu és uma mulher muitíssimo bonita, mas também acho que tens um evidente, gritante, problema afectivo e esse problema chama-se carência. E essa carência resolve-se com companhia. E é nesse contexto que te digo que deves arranjar um namorado. Nem sequer me ofereci para preencher a vaga. Não podia fazê-lo. Mas isso não anula o facto de haver uma vaga no teu coração. E, sim, precisas fazer amor. Uma mulher com a tua urgência de amar, precisa de amar em todas as frentes e amar um homem é só uma dessas frentes.

Talvez este seja o nosso último e-mail. Não acredito que me respondas, mas, cara Verónica, arranja um homem!

Beijo
Rui


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"Com Amor," – Documento 1

Olá Rui,

Escrevo-te, obviamente, por causa do que aconteceu ontem. Vais permitir-me duas coisas; que te trate por tu e que seja absolutamente franca.

Estava longe de imaginar que ainda houvessem homens tão infantis, tão atrevidos e, claro, tão intrometidos.

O facto de sermos colegas de trabalho não te dá, não pode dar-te, o direito de fazeres observações acerca da vida dos outros sem qualquer conhecimento de causa, dos assuntos e, sobretudo, sem que te fosse dada qualquer confiança para o efeito. Eu não te conhecia. Este evento, como tantas vezes acontece, permitiu que colegas que trabalham distantes pudessem conhecer-se, trocar experiências e ideias. Não tenho qualquer dúvida de que serás um bom profissional, mas não tenho dúvida nenhuma, também, de que precisas crescer. Se, eventualmente, pensas que um homem conquista uma mulher só com atrevimento, então deixa-me dizer-te que não conheces as mulheres. Enfim, nem sei se o que pretendias era conquistar o que quer que fosse. A minha atenção conquistaste. O meu respeito não.

Passa bem.

Verónica Gomes


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"Com Amor," está quase.

“Mails para a minha Irmã” começa esta noite a publicação de “Com Amor,” o novo projecto de escrita.
Ao contrário do que é costume, a numeração das publicações não será por capítulos, mas por documentos. Relembro que este projecto consiste na publicação de cartas e e-mails de carácter íntimo donde deverá emergir a trama.
A publicação dos textos foi autorizada, bem como os endereços de correio electrónico.
Boas Leituras!


2 comentários

Próximo Projecto de Escrita de "Mails para a minha Irmã"

Caros amigos e leitores,

“Com amor, é um projecto de publicação de textos de carácter íntimo. São cartas e e-mails que publicarei sem narração intermédia. O que se pretende é que seja o leitor a reconstituir a trama à medida que for tendo acesso aos documentos e à informação neles contida.
A escrita tornou-se um vício para mim. E só temo não ter tempo para todos os projectos que me vão na mente. Nem sequer ponho em cima da mesa a questão da qualidade. Escrevo porque gosto, escrevo porque percebo que muitos de vós me acompanham a escrita. Se é boa ou má, terão de ser os leitores a decidir.
A par dos seus muitos projectos, este blogue tem tido, há já alguns anos, publicações periódicas que depois resultam num texto eventualmente publicável. Ainda não aconteceu, mas isso não constitui para mim uma obsessão. Quando tiver de ser, será. Se não for, é porque não tinha de ser!
Com o fim de “De Negro Vestida”, emergiu a possibilidade de dar forma a um projecto em que já venho pensando há algum tempo: “Com Amor,”
Os primeiros documentos serão publicados ainda esta semana.
Boas Leituras e até breve.
jpv