Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


Deixe um comentário

Serviço Público



Por vezes, fazemos aqui a divulgação de bons produtos cinematográficos, musicais ou literários. Desta vez, trata-se de uma combinação. Um filme e uma música. O filme é “A esperança está onde menos se espera” de Joaquim Leitão, realizado em 2009. Sobre um tema atual e com uma perspetiva e uma abordagem mediáticos, o filme não evita assuntos mais sensíveis e sobre os quais a nossa sociedade necessita refletir. Fluido, tenso e interessante, é também profundamente emotivo.

A música que divulgamos é uma das que faz parte da banda sonora do filme. Chama-se “Quando menos esperas” e é de Sir Scratch e Luanda Cozetti.

Divirtam-se!
jpv
—————————–


Deixe um comentário

Divulgar: Não perca "Nagarjuna" por nada deste mundo!

Caros amigos e leitores,
É sabido que MPMI é um espaço multicultural e aberto. E é sabido, também, que, tudo o que vale a pena, nós partilhamos!

Não sei se foi da barba dele, à malandro. Não sei se foi do bigode sensual e provocador. Não sei se foi do véu dela a desenrolar-se, não sei se foi das pedras de gelo pelas costas abaixo, não sei se foi dele lhe atirar com um copo de água à cara num claro gesto de sensualidade (!!!), não sei se foi da cena “contra a parede”, não sei se foi da cara dele encostada ao rabo dela. Não sei se foi de alguma coisa destas ou delas todas juntas. Sei que “Gichi Gichi Telugu Song” do filme “Nagarjuna” é um clip imperdível ou… imperdoável! Mas, certamente, a que ninguém vai ficar indiferente. Ou vai?

Delicie-se:


Deixe um comentário

Crónicas de África – Cinema

Crónicas de África – Cinema

Maputo, 10 de dezembro de 2012

Eis um assunto interessante. Há e não há. 

Há o Cine África que está quase sempre fechado ou, como surge no jornal, “sem sessão”. Há o Cine Avenida e o Cine Gilberto Mendes que quase só apresentam teatro local. Ainda não fomos, mas está prometido. Depois há o Charlot que quase só passa cinema indiano. Ainda temos o Gil Vicente que passa filmes antigos e, finalmente, há cerca de um ano para cá, inaugurou-se o Maputo Shopping que passa os filmes da modinha em salas Lusomundo com direito a 3D e tudo. Ainda não fomos nem está para breve. Curiosamente, aqui, quando se pensa em sair de casa, não é para ir ao cinema.

É claro que para uma cidade tão grande, a oferta é escassa e cara e é por isso que prolifera um tipo de comércio que tem tanto de ilegal quanto de fascinante. Os rapazes que vendem filmes em DVD nas ruas. A oferta é vastíssima. Qualquer filme com três meses de circuito comercial pode ser comprado nas ruas de Maputo com excelente qualidade de imagem e som por 100 meticais (2,70€). Também se arranjam filmes com uma semana de circuito comercial, mas, nesse caso, alguma coisa vai correr mal, garanto-vos. Acho que já vi o “007 – Skyfall” umas três vezes. Primeiro com a imagem manhosa, depois com o som manhoso, depois vi um que estava bom mas não tinha o fim do filme e acho que para a próxima já acerto num completamente bom e entretanto passaram os três meses da ordem! Mas trocam-mo sempre! Os rapazes colocam uma pilha com cerca de 100 DVD na mão trepando e amparando-se pelo braço acima. Cinema indiano, moçambicano e, claro está, toda a oferta da indústria de Hollywood. Se se para o carro e abre a janela, eles vão passando filmes para dentro do carro até perceberem que o cliente já escolheu. Depois não se pergunta o preço. É o tipo de negócio em que o preço está tacitamente aceite por vendedor e comprador e é universal. É claro que se pode solicitar por género: Arranja-me aí comédia romântica. E ele tira para o lado tudo o que é ação e espeta-nos com uma carrada de DVD no colo. Não convém pedir um filme de amor. Isso é uma pergunta que acaba com o Kama Sutra rodado em Bombaim no nosso colo. O mais engraçado é que, se acontecer comprar-se um filme estragado, seja porque não arranca, seja porque a imagem é de má qualidade, sai-se à rua e troca-se por outro sem ser preciso encontrar o vendedor a quem se comprou aquele em específico.

Outra forma de ver cinema é ter televisão. Muita gente tem. Nós decidimos não ter porque a oferta é caríssima e porque, verdade, verdadinha, nos estamos a desinteressar da televisão. Nem sentimos a falta.

No domingo, comprámos o jornal e fomos verificar o que estava em cena e reparámos que o Gil Vicente está a passar uma fita muito recente e original: “Os Três Mosquiteiros”. Não, não está mal escrito, é assim mesmo. Parece que em Hollywood já estão a rodar a sequela que será “Os Quatro Repelentes”. Mai nada. Olha a prova aí em baixo!


(Clique para Aumentar)
jpv


2 comentários

Harry Potter – O Fim da Ilusão

O Fim da Ilusão

Nunca esquecerei. Ocupei o lugar nº1 da fila B. As luzes da sala de cinema escureceram, as pessoas silenciaram-se, em letras brilhantes surgiu um aviso que nos dizia para colocarmos os óculos 3D, as pipocas da Vodafone saltaram e logo a seguir as bolhinhas de gás da Água das Pedras invadiram a sala. Algumas pessoas levantaram as mãos numa tentativa vã de as agarrar. O símbolo monocromático e sombrio da Warner Brothers avançou para nós, seguiu-se-lhe o título do filme, “Harry Potter e os Talismãs da Morte – Parte 2”, e só depois chegou o princípio do fim. Os Devoradores da Morte suspensos rodeando Hogwarts. E, suspensa com eles, ficou uma geração inteira de jovens que viram na metáfora do feiticeiro Gryffindor a sua única ilusão. O momento era perfeito e muitos desejaram que a película não avançasse, queriam ficar ali suspensos olhando Hogwarts imaginando que algo lá dentro continuaria a fervilhar. Avançar agora seria o princípio do fim. Qual fim? O da Ilusão!

Mas a vida é um contínuo temporal que nem Rowlings conseguiu evitar e sob a batuta experiente e genial de David Yates a acção avança e, perante os olhos de uma geração inteira, desenrola-se a fase final daquela que foi, ao longo de uma década, uma profunda e perturbante viagem introspectiva. Harry Potter não foi mais uma saga de feiticeiros, nem sequer foi somente uma extraordinária saga de feiticeiros. Para isso, teria de ter-se resumido a um conjunto de aventuras e, no entanto, o mundo criado por Rowlings é muito mais do que isso. É a criação quase perfeita do imaginário que faltou aos nossos jovens, a resposta para as suas frustrações e desilusões, lamentavelmente, a única forma que tiveram de conhecer e enfrentar o Mal. E, deixemo-nos de rodeios, a culpa é nossa. Nós, os pais e educadores desta geração, com certeza invocando as mais plausíveis razões, entre elas a absurda “Não quero que passem pelo que eu passei”, demos-lhes tudo, fornecemos-lhes todas as condições, criámos-lhes todos os caminhos, abrimos-lhes todas as portas, inventámos-lhes todos os sonhos e as possibilidades todas e, em muitos casos, vivemos e sonhámos com eles e por eles. Não foi por mal, mas demos-lhes tanto que acabámos deixando-os sem nada, sem uma dificuldade para superar, sem um Mal para enfrentar, sem uma dor para sofrer. E restou um pungente e dilacerante vazio. Harry Potter, com os seus amigos e inimigos, veio desenhar um universo paralelo onde a vida se repetia e onde tudo era permitido, até sonhar por si, até sofrer. Tal como a de Voldemort, a alma dos nossos filhos andou dividida e escondida em Horcruxes inimagináveis e escondidos sabe-se lá onde. Por felicidade, Rowlings encontrou um imenso e colectivo Horcrux e deu-o a conhecer a estes jovens e mostrou-lhes um pedaço da sua alma perdida. Foram precisos dez anos para o destruir, mas agora que o feito está consumado, é tempo de se reencontrarem e reunirem forças. Para quê? É simples. Eles sabem, como Rowlings sabia, que nenhuma alma é tão pequena que se esconda num só Horcrux, seria demasiado perigoso, de resto. E por isso, sabem também que é tempo de procurar os outros e destruí-los um a um na reconstrução das suas forças, dos seus sonhos, das suas almas, das suas vidas. E é nesse processo que conquistam a felicidade de sofrer os sofrimentos, de sonhar os sonhos, de amar os amores, de destruir, de reinventar, de viver e reviver. Chegou o fim da ilusão, mas houve um processo de aprendizagem. Aprendeu-se o valor do sofrimento, da amizade, do companheirismo, aprendeu-se a força de sonhar e acreditar e aprendeu-se que o mais fechado de todos os becos, o da incompreensão e da solidão, também tem uma saída. Tudo o que é preciso é acreditar o suficiente para encontrar a plataforma 9 e ¾ e partir para a aventura da vida. Essa mesma vida que é sempre uma escola encantada.

Boa viagem, miúdos!
[Ao Iago, à Ana e à geração que cresceu com Harry Potter]