Category Archives: Amizade
O Clã do Comboio – O Ceguinho
O Clã do Comboio – Trim, triiim, triiiiiiiiiim…
O Clã do Comboio – A Mulher Vampiro Ataca de Novo
A Mulher Vampiro Ataca de Novo.
O Clã do Comboio – Curta e Grossa
O Clã do Comboio – O Casal Desigual
Ele é velho. Ela é nova. Ele é alto. Ela é baixa. Ele é grisalho. Ela tem o cabelo escuro. Ele tem pouco cabelo. Ela tem muito. Ele é mais para o magro. Ela é mais para o cheiinho. Ele é reservado. Ela é conversadeira. Ele tem o olhar cansado. Ela tem o olhar vivo. Ele dorme sempre. Ela nunca dorme.O Clã do Comboio – A Tia da Beatriz
——– Muito Obrigada!
——– Não tem de quê. Não é por si que estamos em crise. Aproveita a linha mesmo até ao fim…
——– Não é por isso. Tento cortá-la o menor número de vezes porque os remates dão muito trabalho.
E isto bastou para que nem eu ouvisse mais música, nem escrevesse mais uma linha, nem ela desse mais um ponto. Fomos conversando o caminho todo. Percebi que Beatriz era a sobrinha e percebi que a Tia da Beatriz bordava com gosto e dedicação e fazia-o porque a mãe lhe ensinara. E disse-o com naturalidade e assumiu isso na sua juventude. O seu código de estar não implicava que se identificasse com os outros jovens fazendo o que eles fazem. Podia ser só a Tia da Beatriz que borda com carinho para a sobrinha porque a mãe lhe ensinou e isso a faz feliz. E quando lhe disse que escreveria sobre ela mas não queria saber o seu nome porque para mim bastava que fosse a Tia da Beatriz, ela não reclamou nenhuma espécie de protagonismo e voltou a surpreender-me com a sua naturalidade:
——– Eu reparei que não quis perguntar e por isso não lho disse.
Eu sei que a Beatriz vai ter um saquinho da escola todo bonito com o nome bordado mas sei algo mais importante. A famíla da Tia da Beatriz deve estar orgulhosa dela porque não só assume a herança de simplicidade e dedicação que lhe deixaram, como já a está transmitindo à sobrinha. Não sei se virá aqui um dia ler o que escrevi sobre ela, mas se vier, o melhor que posso dizer da Tia da Beatriz é que todas as sobrinhas deviam ter uma tia assim.
O Clã do Comboio – Eh pá, deslarga-me!
É o mundo que temos. É a sociedade que temos. São os costumes que vamos tendo e a que nos vamos submetendo. A pequena conversa que vou transcrever-vos aconteceu pela manhã de uma segunda-feira sendo que havia estas caraterísticas: o primeiro interlocutor queria muito falar. Acordou activo e dinâmico. O segundo ainda estava no resto do fim-de-semana e queria mais dormir do que falar. Como eram amigos, teve de falar. Acontece que a sintonia era muito… assíntona!
——– Então, já foste ver o Continente?
——– Eu não. Quero lá saber disso.
——– Eh pá, é grande. Tem muita coisa.
——-Não são todos assim? Quando lá tiver alguma coisa para fazer, vou lá. De propósito não vou.
——– Eh pá, mas este está mesmo grande!
——– Pois…
——– Então e o Domingo, como foi?
——– Foi bom. Estive em casa a descansar. Andei por ali, vi televisão, estive com os miúdos. Nem saí de casa.
——– Eu fui ao Lidl!
O Clã do Comboio – A Mulher Vampiro
As pessoas com que entramos para o interregional das 7:18h. não são as mesmas com que saímos. Embora entremos sempre com as mesmas e saiamos sempre com as mesmas. Há vários dias para cá que sai em Santa Apolónia uma mulher vampiro que não sei onde entra.
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O título do texto bem como a atribuição à senhora do epíteto “mulher vampiro” podem ser enganadores. Que eu saiba, a senhora não mordeu ninguém. Chamei-lhe assim porque ela retrata, mais do que isso, ela encarna, o aspecto destes vampiros do século XXI que nasceram na literatura romântico-negro-vampiresca que depois passou para o cinema e finalmente acabou nas telenovelas. Há vampiros bons, maus, galãs e heróis, vilãos e horríveis, criminosos e vítimas.
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É todo um universo paralelo onde as personagens são como qualquer um de nós mais o pormenor de morderem pescoços e sugarem sangue. Ora, essa tribo tem também suas modas de vestir e pentear. A mulher vampiro foi assim chamada por via do aspecto que a seguir se descreve.
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Antes de chegarmos a Santa Apolónia, ela dirige-se para a porta. Gosta de ser a primeira a sair. Sapatos pretos. calças de fazenda pretas ao longo das pernas. Uma camisola de lã preta e um casaco de grossa fazenda… preta. Acima de todo este negrume emerge uma face esguia e longa muito pálida, muito clara, onde brilham olhos intensamente azuis. O cabelo não é castanho nem ruivo. É comprido por cima dos ombros a descair para as costas e está pintado de uma cor fulva que faz lembrar uma labareda. E mais não sei. A não ser que podia estar num cartaz de cinema em vez de viajar no interregional das 7:18h.
O Clã do Comboio – Perder o Comboio
Perder o Comboio.






