Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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De Negro Vestida – Abandonar o Negro

Amigos leitores, para os que têm acompanhado a evolução do romance “De Negro Vestida”, venho prevenir-vos para o facto de ter acabado o segmento cujo título era “De Negro Vestida”, ou seja, o segmento que deu nome ao romance. A partir do próximo capítulo entramos no segmento que designei por “Abandonar o Negro”. Divirtam-se.
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De Negro Vestida – LXII

 

De Negro Vestida – XXVI

Maria de Lurdes leu a crónica. Várias vezes. Releu alguns parágrafos. Deteve-se em palavras e momentos específicos e, sobretudo, saboreou. Qualquer coisa naquele texto a deliciava e não era, só, o seu nome no fim. Não era essa vaidade que a movia. Era mais o hino à sua condição. A justiça que lhe pedira havia sido feita. O texto entusiasmou-a e fê-la acreditar de novo na Humanidade e em particular na masculinidade. Esse universo tão próprio, tão acessível ao corpo, tão inacessível na alma. Engana-se quem pensa que os homens são básicos, pensou, são básicos na carne.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXI

De Negro Vestida – XXV

Há jornais abertos nas paragens de autocarro, nos bares e cafés, nos eléctricos e no Metro, há um homem que parou a caminhada que ia fazendo no passeio e ficou a ler, nos restaurantes, nas salas de professores, nas repartições de finanças, nas salas de espera e entre duas torradas com doce de maçã e uma chávena de chá. E muitos não estarão lendo a crónica de Gabriel, mas muitos haverá, também, que o estão fazendo. O texto é simples e fluido. Despretensioso. Mas faz demorar alguns olhares, faz reflectir algumas consciências. Normalmente, não reproduziríamos aqui o texto para não sermos acusados de concorrência desleal por parte do Jornal onde trabalha Gabriel. Acontece que…

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LX

 

De Negro Vestida – XXIV

Ultimamente os homens andavam com uma séria tendência para agarrá-la por um braço e arrastá-la da igreja para fora. Carlos José levara-a gentilmente para a sacristia e aí a beijara. Gabriel pegava-lhe firme num braço, arrastava-a para a rua e vociferava palavras de repreensão e raiva. Era a véspera do funeral de Maria da Graça, alguns familiares e amigos estavam velando a falecida na casa mortuária contígua à igreja e Maria de Lurdes andava distribuindo pelos bancos umas ramagens que decidira colocar a expensas próprias para que, ao menos, se simulasse alguma compostura do espaço. Quando chegou à rua, arrastada por Gabriel, sabia que não iriam trocar-se beijos, o olhar dele flamejava indignação:
– Mas quem é que a senhora julga que é?

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LIX

 

De Negro Vestida – XXIII

O homem entrou na agência com um ar encabulado, não tanto como quem tem vergonha, mais como quem comete uma transgressão. Os olhos muito no chão, os dentes trincando o lábio de baixo e alguma incerteza na passada. Quando levantou a cabeça e olhou Maria de Lurdes nos olhos transfigurou-se. Tinha uma expressão séria e decidida. Nesse preciso instante Maria de Lurdes percebeu que algo acontecera ou estava para acontecer. Não imaginava o quê e como estava longe de imaginar, deixou a vida surpreendê-la.
António encarou-a, sério, e disse:
– Precisamos fazer umas alterações ao serviço.
– Algo que não ficou do seu agrado?
– Quase nada é do meu agrado. Isto é tudo uma farsa, esta coisa das despedidas e dos amores. Quem cá fica é que se trama.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LVIII

 

De Negro Vestida – XXII

– Queremos tudo do melhor. Não pode faltar-lhe nada. Ao menos agora que lhe não falte nada. Por favor, o meu filho faz as escolhas consigo mas não se poupe.
António da Purificação Martins parecia efectivamente decidido a compensar Maria da Graça em morte pelas faltas todas de uma vida. Inicialmente quisera tratar de tudo sozinho, mas acabara por aceitar a ajuda de Gabriel não só porque precisava dela, mas, sobretudo, para não afastá-lo da mãe. António estava decidido a não cometer os mesmos erros do passado.

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Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LVII

 

De Negro Vestida – XXI

Uma das batalhas que vimos travando desde que temos esta vida, vivemos neste mundo e esta morte temos, é a batalha de cruzar limiares, de conhecer fronteiras e caminhar sobre elas ou assumir claramente um dos lados. Não é fácil uma opção, como não é fácil a ginástica moral e ética de caminhar em ambos os lados que não é lado nenhum, em cima da linha divisória das ideias, dos conceitos, das práticas, das orientações.

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Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LVI

 

De Negro Vestida – XX

A todos nos dá o Criador características diversas e próprias. E a José dos Santos Silva lhe deu aquela voz arroucada de encher uma sala mesmo quando repleta de gente em burburinho. E, por isso mesmo, o que disse foi audível em toda a sacristia onde não estavam mais do que aqueles dois que ainda agora se beijaram e, claro, em toda a igreja. O que disse e como o disse teve dois efeitos. Primeiro, um silêncio geral e profundo na expectativa suspensa de uma resposta. O segundo efeito foi como se uma pedra tivesse sido atirada a um lago calmo e se estivessem agora multiplicando os círculos.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

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Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LV

 

De Negro Vestida – XIX

A sacristia é um espaço exíguo nesta igreja que o Senhor arruma-se com facilidade em qualquer cantinho. Há um móvel em madeira escura, alto, onde está uma cruz com o Cristo pregado nela desde que o lá deixaram. Ao fundo, um pequeno rasgo na parede espessa com um vidro baço permite entrar luz mas não os olhares indesejados. Dir-se-ia que o que está para acontecer aqui não é apropriado a uma igreja, menos ainda ao seu recanto mais esconso, a sacristia…

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

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Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LIV

 

De Negro Vestida – XVIII

– Não se preocupe, minha senhora, dadas as circunstâncias, está tudo a correr muito bem e tudo continuará a correr muito bem. Encarregue-se de calar a boca ao senhor seu sogro que eu faço o resto.
Maria de Lurdes disse isto em tom suave e discreto e abandonou o local para logo ir garantir que a viagem até ao cemitério fosse organizada e tranquila.

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Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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