Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Mãe

Mãe

Tens na voz
Um tom suave
De ternura
Que me diz
Viver em nós
Um sentimento sem fratura.
Aceitas para mim
A minha vida
Como se fosse tua.
Entregas perdida
Na minha decisão
A tua alma nua.
E sofres baixinho
Para não me incomodar,
Como se o teu carinho
Pudesse estorvar.
Tens gestos
E cuidados mil,
E tens, como ninguém,
A bater-te no peito
Um coração de Mãe.

Sossega…
Não há tormenta
Nem tempestade
Que nos ameace.
Passe o que passar,
Não há humano evento
Capaz de desatar
Este enlace
De Amor.
Nasci de ti,
Em dias de felicidade
Desmedida.
Vives em mim
Os dias todos
Da mesma vida.

Sossega, Mãe…
Não deixes que a tua voz
Perca o cristalino e a alegria
Com que me disseste um dia
Que tudo correria bem.
E eram lei as tuas palavras.
Lei sagrada,
Gravada em certezas de Mãe.

jpv


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Surpresa

Surpresa

Não pensei que magoasse
Mas magoou.
Não pensei que doesse
Mas doeu.
Não chegou a começar
E terminou.
Não chegou a nascer
E morreu.

jpv


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Mãe

Não obstante a minha idade, para além dos quarenta, sempre que penso na minha mãe, seja a propósito deste dia, seja por outra razão qualquer, sinto-me menino. É assim como se as mães tivessem um elixir da eterna meninice e sempre que pensamos nelas, a alma voasse para o tempo em que acreditávamos que todas as pessoas eram boas e todas as coisas iam correr bem.

A minha mãe foi sempre um porto de abrigo quente e fofinho e representou sempre para mim a segurança. Não tenho quaisquer dúvidas de que, dadas as dificuldades por que passámos na minha infância, se hoje sou um homem seguro, auto-confiante e empreendedor, isso teve muito a ver com o papel que os meus pais e a minha mãe, em particular, tiveram na minha vida, durante esse período específico.

E assim, venho saudar todas as mães do mundo e a minha em particular que é a melhor delas! O sentimento que me vai no peito é de um amor e de um carinho extremos e por isso era necessário registá-los aqui.

Gostar da nossa mãe é uma coisa natural e um bocadinho egocêntrica como o António Variações, melhor do que qualquer outro compositor e intérprete, imortalizou numa canção a que chamou “Deolinda de Jesus”.

Pois bem, Maria Luísa, o teu filho se curva perante o teu amor, a tua capacidade de proteger, de amparar, de guiar, sem limites nem retornos esperados. És sempre um farol nas minhas decisões. E, se o pai estivesse entre nós, gostaria que te dissesse estas palavras.

jpv


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De Negro Vestida – LXXIX

 

EPÍLOGO

A cena que agora presenciamos e nos cabe narrar é assaz curiosa. Temos nós, contadores de histórias, este mágico poder de tudo ver e tudo saber só para dar a conhecer. E, em calhando, até a intimidade alheia devassamos. É o que faremos agora. Isto é uma casa. E há nesta casa um quarto e há neste quarto uma cama e estão nesta cama duas pessoas. Um homem e uma mulher. Ela por baixo. Ele por cima. E nasce aqui a curiosidade. É que estão fazendo sexo e amor também.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXXVIII

Abandonar o Negro – XV

Escolheram um longo passeio pelos jardins do Restelo, caminharam sem rota nem destino e acabaram fazendo uma longa caminhada à beira-rio. O rio é resiliente, reflecte a vida e lava a alma. É fecundo e tranquilo e deixa espraiar-se o olhar na suave ondulação que agita sem agredir. As primeiras passadas que deram, fizeram-no de mãos dadas e recebidas e no mais absoluto silêncio.

 

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXXVII

 

Abandonar o Negro – XIV

Um ano se passou desde o lanche com Gininha. Um ano e, contudo, para o leitor não foi mais do que um virar de página, um saltar de capítulo. Um ano se passou e uma página se virou e viveu na existência de Maria de Lurdes, de Carlos José, de Carolina. Um ano de gente que nasceu e foi viver, um ano de gente que morreu e foi a enterrar, um ano de alegrias e desilusões, um ponto insignificante no calendário dos calendários que é esse porvir constante, esse volver contínuo.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXXVI

 

Abandonar o Negro – XIII

Um telefonema breve e Gininha desmarcou tudo, tirou da frente a montanha de afazeres e combinaram encontrar-se na pastelaria do costume de outros tempos e ela poderia conhecer o garboso pretendente, o viúvo de Maria de Lurdes. Fez-se esperar. Queria causar uma impressão avassaladora ao entrar na pastelaria. Trazia umas sandálias de salto altíssimo às tiras de cabedal com umas pedras coloridas ao centro, percorrendo o peito do pé, calças de ganga elásticas e justíssimas ao corpo, uma túnica em azul-clarinho semitransparente presa por baixo do peito permitia entrever o sutiã com ramagens da mesma cor. Um cinto larguíssimo com um símbolo Maia a fazer de fivela.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida LXXV

 

Abandonar o Negro – XII

Todas as situações têm uma explicação querendo quem as conhece dá-las e quem as não conhece recebê-las. Aquele final de tarde trouxera demasiadas surpresas para que Carlos José pudesse dispensar explicações. Maria de Lurdes encontrava-se numa situação diferente do costume. Não se tinha preparado como sempre gostava de fazer. A vida acontecera sem lhe perguntar se queria ou estava preparada.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXXIV

 

Abandonar o Negro – XI

– Sabe, qualquer coisa na atitude da minha mãe a havia já denunciado. O cantarolar pela manhã, os jantares cada vez mais frequentes “com as amigas”, se é que me entende..
– Carolina, a mãe queria ter falado contigo, mas não tinha a certeza, quer dizer, não sabia ao certo no que isto ia dar…
– Mãezinha, não precisas dar-me satisfações, és tu a mãe, lembras-te?

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXXIII

 

Abandonar o Negro – X

A chave acabou de rodar na fechadura. Carolina entrou, largou a mala numa cadeira forrada que havia na entrada, foi ao seu quarto, poisou o casaco e voltou à cozinha. Percebeu que, ou havia movimento, ou tinha havido. Franziu o sobrolho, inspeccionou o ambiente em volta e perguntou para o ar levantando a voz mais à procura de uma confirmação para a sua desconfiança do que para saber se Maria de Lurdes estava em casa:
– Mãe?!… Mãe…
Maria de Lurdes havia colocado um dedo na vertical sobre os lábios de Carlos José pedindo-lhe silêncio, vestiu um roupão e foi ao encontro do destino.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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