Maputo, 8 de dezembro de 2012
Desde que estou em Maputo já tive dois acidentes. Parecidos, consequências semelhantes.
Ontem foi diferente. Era uma descida e reparei, pelo retrovisor, que atrás vinha uma carrinha LiteAce, é uma Hiace mas mais pequena. Tem a frente direita. Guardei distância do da frente porque era uma carrinha de caixa aberta carregada de materiais e com dois homens em cima da carga. A meio da descida e por causa da fila, parei. Não tem nada que saber. Um estrondo enorme a ecoar dentro do carro, três metros de rojo, e claro que percebi que tínhamos levado nova cacetada só que esta fora com mais força. Pensei que escapar sem mazelas, nem polícia, nem papelada, duas vezes seguidas, seria muita sorte e tinha a certeza de que a minha traseira estaria severamente danificada. Quando olhei para a carrinha ainda tive mais certeza de que haveria danos. O tipo tinha a frente toda amarrotada. O ritual repetiu-se. Olho para a traseira do meu carro e nada. Para choques ok, porta ok, abri e fechei, não estava empenada, espreitei por baixo do carro e tudo me pareceu ok, inclusive o tubo de escape.
Sem sair de dentro da carrinha, o outro condutor, disse-me a medo:
Assim, caros leitores, se estão em Moçambique ou a pensar vir para Moçambique e vão precisar de carro, aqui toda a gente precisa de carro, dou-vos um conselho. Não interessa nada se é a gasolina ou a gasóleo, se tem muita ou pouca cilindrada, se gasta muito ou pouco, se é grande ou pequeno, se é bonito ou feio, o que interessa é que tenha um pneu bem cheio de ar na porta de trás. Assim, faz o efeito “Carrinhos de Choque em Ambiente Urbano” e o meu amigo livra-se de boa.
Em todo o caso, para as estradas de Maputo e areais de Moçambique, aconselha-se um carro com tração às quatro rodas, não muito grande, com ar condicionado e… japonês! O resto é… boa sorte e boa viagem.
– Adeus!

