Maputo, 21 de fevereiro de 2013
Hoje abro a exceção. Por justificados motivos, acho. No passado dia 14 de fevereiro, o tal dia dos namorados, odiado por uns, amado por outros, quase sempre sempre envolto em polémica e enfeitado com corações e rosas encarnadas, houve quem soubesse, lá na escola, interpretá-lo naquilo que de mais humano, de mais sensível e solidário ele pode ter.
A ideia é confrangedoramente simples. Daquelas que nos põe a pensar, Mas como é que eu não me lembrei disto?, e, contudo, teve um extraordinário impacto.
As colegas do primeiro ciclo, Ana Diogo e Zahirra Amade, puseram em prática, com miúdos do terceiro ano, a iniciativa “Abraços Grátis”.
A criançada fez cartazes e t-shirts com a inscrição “Abraços Grátis” e depois passeou pela escola como uma nuvem de afeto e bem querer e sempre que os miúdos encontravam alguém, era ouvi-los a gritar, com a alegria e genuinidade que se tem aos 8, 9 anos, Abraços Grátis! E corriam para as pessoas a abraçá-las só por que sim. E, num ápice, a escola inundou-se de adultos sorrindo, abraçando e sendo abraçados, numa corrente de afeto e ternura. Os funcionários dos corredores foram abraçados, os do refeitório, os da secretaria, os professores, a direção os outros alunos e tudo fácil, simples, com poucos recursos, mas a transpirar vida e esperança.
E porquê uma “Crónica de África”? Porque me parece que as colega sfizeram a leitura perfeita do que é ser professor na EPM-CELP. Conseguiram, a propósito de algo vagamente ou nada relacionado com a Escola, ir ao encontro do espírito alegre, bem disposto e francamente tátil que carateriza a sociedade moçambicana e conseguiram enquadrar na cultura do sorriso uma atividade dos alunos que envolveu toda a comunidade educativa. África, Moçambique, são um pouco isto. Ver muito no pouco, ser naturalmente feliz, partilhar um sorriso, trocar um abraço. Grátis, claro está!
