Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


Deixe um comentário

Lua-de-Mel com Eusébio

Lua-de-Mel com Eusébio

Como benfiquista e, sobretudo, como português, sinto tristeza pela morte do grande Eusébio. Jogador ímpar do meu Benfica e da nossa Seleção. Uma figura mítica cujos golos já vimos centenas de vezes em imagens de arquivo, mas revemos sempre com entusiasmo tal a energia e a magia desses momentos.

O homem e o jogador de futebol tem o valor que tem, um dos melhores de sempre, e haverá muito quem fale disso melhor do que eu porque o conheceu de perto, contactou e conviveu com ele. E é por isso que me escuso a essa função. Contarei, como quem rememora, porque acredito que os homens perduram na memória uns dos outros, um episódio em que percebi a dimensão internacional de Eusébio.

Foi em setembro de 1988. Há vinte e cinco anos. Casei-me, enfiei-me num comboio com a minha noiva e fomos correr essa Europa com um bilhete de Inter-Rail no bolso. Ir do Entroncamento a Istambul e vir, de comboio, era o desafio. E, com as dificuldades inerentes àquele tempo, conquistámos cumplicidade, vencemos contrariedades e realizámos o sonho de, pelo caminho, visitar Atenas.

Na altura não havia Internet. A televisão não dava as notícias do mundo segundos depois de elas terem sucedido, não havia cartões multibanco, não havia telemóveis. A moeda de troca não eram retângulos de plástico, era mesmo dinheiro, as notícias viajavam, sobretudo, pela rádio e pelos jornais. Portugal tinha dois canais de televisão. A RTP1 e a RTP2.

Estava algures no meio da Jugoslávia, é verdade, na altura, esse país ainda existia, num comboio internacional que havia sido transformado num regional que parava em todas as estações e apeadeiros. O comboio estava à pinha com famílias inteiras e, sobretudo, jovens militares fardados. Não sabíamos, em Portugal, mas na Jugoslávia havia começado a guerra e o ambiente era muito tenso. As famílias despediam-se dos jovens nas estações e havia abraços e choros. Ora, no meio deste ambiente, éramos um estranho e jovem casal de portugueses, apertado entre pessoas sentadas, em pé e deitadas pelas carruagens, falando em línguas que não percebíamos. A certa altura, alguém perguntou, misturando francês com inglês e russo, ou algo parecido com russo, de onde éramos. A resposta foi óbvia:
– Portugal.
– Ah, Portugal… Eusébio!

E pronto. Tantas e tão vastas referências tinha a nossa nação, tantos séculos de História a produzir feitos e figuras conhecidas, mas foi com Eusébio que identificaram Portugal em língua estranha, comboio apinhado, algures, num país prestes a deixar de existir!


Deixe um comentário

Onde Adquirir "De Negro Vestida"?

ONDE PODE ADQUIRIR “DE NEGRO VESTIDA”?

A compra do romance “De Negro Vestida” poderá fazer-se após a fase de distribuição. Essa fase vai durar cerca de 6 semanas, ou seja, por volta da SEGUNDA SEMANA DE FEVEREIRO, o livro estará disponível nos seguintes locais:

Portugal – online:

Site da Chiado Editora (http://www.chiadoeditora.com/);
Wook (http://www.wook.pt/);
Bertrand Online (http://www.bertrand.pt/)
Sitio do Livro (http://www.sitiodolivro.pt/)

Brasil online:

Livraria Saraiva (http://www.livrariasaraiva.com.br/)
Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/scripts/index.asp)

———————————-

Portugal Livrarias:

Livrarias do comércio tradicional e grandes grupos comerciais, FNAC, SONAE (Worten e Book It), ECI, Bertrand e Bulhosa que terão a obra disponível ao balcão ou sob encomenda.

Brasil Livrarias:
Livraria Saraiva e Livraria Cultura que terão a obra disponível ao balcão ou sob encomenda.

———————————

Assim que souber os locais exatos, comunico a todos os amigos, familiares e leitores.


Deixe um comentário

3 de janeiro


[Clique na Imagem para Aumentar]


3 de janeiro

Se o meu pai fosse vivo, faria hoje 80 anos. Não é. Mas faz na mesma. Nos nossos corações.

Este ano não vou escrever nenhum poema, nenhum texto saudosista a realçar a falta que ele nos faz. Faz-nos a falta toda que é possível um ser humano fazer, sobretudo tratando-se de um homem que nos orientava e preenchia e os afetos.

Hoje, mostro uma foto. Nessa foto está toda a minha vida. A que houve antes de mim. A que haverá depois de mim.

Essa foto, para mim, é uma espécie de calendário cósmico, uma sinopse de toda a existência, pelo menos a que vale a pena! É o meu pai, orgulhoso por ter o neto ao pé. Olhando a televisão, segurando o miúdo com a pouca força que lhe restava. E é o meu filho, com a curiosidade no olhar, usufruindo da tranquilidade que o avô lhe passava. O meu pai não chamava o neto para o pé dele. Aliás, o meu pai não chamava ninguém para o pé dele, nem mesmo os animais, mas fazia com que nos sentíssemos bem ao pé dele quando lá estávamos e depois éramos nós que queríamos voltar para o seu pequeno universo de afetos. Até nisso, era diferente. E talvez por isso, havia uma pomba que o visitava todos os dias à janela da sala de jantar sem a ele a chamar. Por isso e pelos pedacinhos de pão. Os mesmos que faziam toda a gente, em particular, as minhas tias, quererem sentar-se ao lado dele à refeição. É que, antes de começar a comer, o meu pai, partia pedacinhos de pão e fazia uma fileirinha deles ao lado do prato…

Estava aqui a pensar, e tomei consciência de que morreu há quinze anos. Fez ontem quinze anos. E ficámos com esta cronologia estranha. Falecido a dois, nascido a três, sepultado a quatro. Há qualquer coisa de místico nesta sequência pois que ao longo dos últimos quinze anos o tenho tentado sepultar, mas persisto em vê-lo renascer. Em mim, na minha irmã, na minha mãe, na minha mulher, no meu filho, nos demais familiares, nos amigos… e vem sempre com a mesma tranquilidade, a mesma serenidade. Talvez seja isto que este homem era mais farol do que homem. Pois, farol seja, farol permaneça!

In Memoriam Jaime Neves Videira, 3/01/1394 – 2/01/1999

jpv