Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Ando a Ler Este: Crónica da Rua 513.2

Crónica da Rua 513.2

O meu conhecimento de autores moçambicanos resumia-se a pouco mais do que José Craveirinha e Mia Couto, embora deste último tivesse lido quase tudo. Ora, como acredito que, quando visitamos, ou nos mudamos para um país, temos a obrigação de o conhecer o melhor possível, nomeadamente, hábitos e costumes, gastronomia, música e, muito importante, literatura, comecei a ler autores moçambicanos que eu não conhecia.

Assim, ando às voltas com Paulina Chiziane, “Balada de Amor ao Vento”, Ungulani Ba Ka Khosa, “Ualalapi”, Nelson Saúte, “Livro do Norte e outros poemas”, Lucílio Manjate, “A Legítima Dor da Dona Sebastião” e João Paulo Borges Coelho, “Crónica da Rua 513.2”

Como é que eu escolhi? Da forma que mais gosto. Entrei numa deliciosa livraria que há na avenida 24 de Julho, demorei-me o tempo que quis, folheei, li as introduções e, a conselho do meu amigo de cabeceira Gabriel García Márquez, li o primeiro parágrafo dos textos em prosa. E trouxe os que me prenderam e os que me prenderam foram esses que aí estão enumerados. E ando a lê-los à vez e misturados que a leitura é como a comida, não faz sentido nenhum separar os salgados dos doces porque vai tudo misturar-se no estômago.

Ainda assim, um houve que me prendeu o olhar, este fim de semana, com particular demora: “Crónica da Rua 513.2”. Escrita fluída, mas rica, personagens que apetece conhecer, a tensão pós-colonial naquilo que tem de sério e também risível, o livro revela-se página a página de um interesse Humano e Social relevante e, mais do que tudo o resto, afinal porque é que lemos?, faz-nos sonhar, querer viver com aquelas pessoas, remete-nos para os seus fantásticos e, afinal, reais, universos de vida.

E como MPMI, não só oferece leitura própria, mas também faz serviço público, aqui fica o conselho: Leiam a “Crónica da Rua 513.2” do moçambicano João Paulo Borges Coelho porque vale bem o tempo investido.

jpv

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Mais sobre este autor aqui:


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Tento na TV – Um Bocadinho Muito

Tento na TV – Um Bocadinho Muito

“Aliás, é um bocadinho muito complicado.”

Popular
Aos microfones da TIM
Sobre a Circulação na N1

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Tem razão amigo! Era preferível que fosse muitinho pouco complicado, certo?!

jpv


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Citação de Monsieur de La Palice Ibrahimovic

Citação de Monsieur de La Palice Ibrahimovic


“Perder por 1-0 é melhor do que perder por 2-0.”

Ontem
Em qualquer canal de televisão.

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Naaa… a sério? Não acredito! Olha lá, ó Ibra, então e o que é melhor, perder por 1-0 ou por 9-0? 
É que estou aqui com uma dúvida…


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Sorriso Anónimo

Sorriso Anónimo

Escondias a força
Atrás do olhar tímido
E brilhante.
Tinhas no sorriso
O prenúncio do
Caráter.
E havia
Uma candura
Descuidada
Assim,
Como folhas revoltas
Anunciando
Trovoada.
E não reparavas
Que os meus dias
Estavam mudados.
Meu coração,
Senhor,
Subjugado.

Não há armas que possam,
Não há forjas que forjem,
Não há luzes que iluminem,
A beleza,
Em traço tão firme e preciso,
Como o desenho do teu sorriso.

E ficas anónima,
Na turba
Das gentes insensíveis
Ao caleidoscópio
Das sensações possíveis
De quem pare
E te olhe,
Por um momento,
Para além
Do escoar do tempo.

jpv


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Dia de Anos


Olá Mamã!

Ao longo dos anos, acordaste-nos as manhãs de aniversário citando, de cor, o poema “Dia de Anos” de João de Deus. Claro que mudavas sempre o dia da semana e mesmo quando calhava ao sábado ou ao domingo não te atrapalhavas. Dizias “sábado sem feira” ou “domingo sem feira” e mantinhas a rima.

Nunca foste muito de grandes celebrações, mas nunca te esqueceste de nos fazer sentir especiais. Era como se fôssemos a única pessoa do mundo nesse dia. Nesse e nos outros, mas nesse havia um brilho especial.

Pois, agora que estou cá longe, não posso dar-te um beijinho sentido no aperto do teu abraço, mas posso fazer-te sentir especial dizendo que, de todas as mulheres que conheço e poderiam ter sido minhas mães e mesmo das que não poderiam, nenhuma tem o condão de me fazer sentir sempre menino, mesmo a rondar os cinquenta, como tu tens. Nenhuma mãe teria feito de mim, o jovem e o homem que tu criaste. Com a coragem dos seus defeitos e a determinação das suas virtudes.

Acho que, além do olho azul e do ego inflado, herdei de ti a determinação, a incapacidade de desistir, a força de nunca ficar a olhar para um problema sem lhe vislumbrar, de imediato, a  solução. Erramos. Claro que erramos. Mas, como a mesma celeridade com que erramos, corrigimos, e dizemos o que temos a dizer a quem temos de dizer.

Gosto muito de ti Mamã! Tanto que até dói. Gostei sempre. Gostarei sempre. E saberei sempre que estarás sempre junto a mim independentemente de onde se encontrem os nossos corpos. Nós amamo-nos para além dessa materialidade. Amamo-nos eternamente!

Parabéns, Mamã! Para sempre, Mamã!

João Paulo
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Dia de anos
Com que então caiu na asneira

De fazer na quinta-feira

Vinte e seis anos! Que tolo!

Ainda se os desfizesse…

Mas fazê-los não parece

De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse

Que fez  a mesma tolice

Aqui o ano passado…

Agora o que vem, aposto,

Como lhe tomou o gosto,

Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal; porque os anos

Que nos trazem? Desenganos

Que fazem a gente velho:

Faça outra coisa; que em suma

Não fazer coisa nenhuma,

Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!

Olhe que a gente começa

Às vezes por brincadeira,

Mas depois se se habitua,

Já não tem vontade sua,

E fá-los, queira ou não queira!
João de Deus


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Divulgar


Apesar do título repassado, pouco original e, em certa medida, até desnecessário, a peça jornalística que agora se divulga, da autoria da jornalista Cândida Pinto, SIC, resultou muito agradável porque muito positiva. Os jovens têm (quase) sempre um olhar fresco e determinado. A não perder, 4 preciosos minutos sobre a EPM-CELP. Aqui:

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Brincador

Brincador
Por Álvaro Magalhães

Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja no que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.

Excerto do poema “Brincador” 
de Álvaro Magalhães


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Vinte e Sete

Lembras-te do dia em que te conheci? Era dia de São Martinho. Estavas com um fato de treino cor-de-rosa, com um boneco nas costas que encestava uma bola. A malta do nosso curso, da tua turma, foi jogar à bola contra os seminaristas. Perdemos. Depois fomos todos juntos no autocarro e falámos pela primeira vez. Meu Deus, a primeira vez que te falei foi na intimidade de um transporte público! E depois fomos em romaria para casa do Ramalheira. Como sempre. Castanhas assadas no fogão e vinho que eu levara da loja do meu pai. E voltámos a falar. Devia haver trinta pessoas à nossa volta. E a malta foi espairecer o vinho para as ruas de Coimbra, capas traçadas, bafo a desenhar figuras no frio da noite. Parámos na Portagem. Numa paragem de autocarro. Não íamos para lado nenhum. É que ali havia um banco. E conversámos. E começou nessa conversa este caminho de 27 anos. Vinte e sete anos. Já nem sei quanto tempo isso é…

Hoje, estamos aqui, onde as acácias florescem de rosa e encarnado e o verão chega no Natal, onde a terra é vermelha e as gentes sorriem por hábito. E não sei por onde ir. Não sei como ir. Sei que vou contigo e isso basta-me.

Parabéns, baixinha!

jpv
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Companhera por Patxi Andión


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Vermelho Direto – Benfica-Sporting

Vermelho Direto – Benfica-Sporting

O Vermelho Direto de hoje chama-se “Benfica-Sporting” por causa do eletrizante jogo de futebol de onze para a Taça de Portugal, mas não só. Foi um fim de semana repleto de dérbis.

O jogo para a Taça foi memorável. Daqueles que nunca mais esquecem. Tal como a vitória do Benfica por 3-6 em Alvalade ou a vitória do Sporting por 5-3 também em Alvalade. São jogos que têm sempre quatro ingredientes. Muita emoção, muito bom futebol, muitos golos, e as queixinhas dos adeptos do Sporting. Os adeptos do Sporting não perceberam ainda que têm de crescer, que a sua equipa não será verdadeiramente grande enquanto também eles não forem crescidos e se deixarem de queixinhas. Em qualquer jogo Benfica-Sporting, na ótica dos adeptos leoninos, ficam sempre sete penáltis por marcar contra o Benfica e o Maxi Pereira devia sempre ter sido expulso. Mesmo que não jogue! Aliás, no passado sábado, foi esse um dos erros do árbitro: não ter expulsado o Maxi da bancada! O jogo foi fantástico, teve duas partes distintas. A primeira em que o Benfica e a pontaria de Cardozo dominaram e a segunda em que o Sporting dominou. No prolongamento dominou, infelizmente, a azelhice de um guarda-redes mediano que não se percebe porque é que joga no Sporting e, muito menos, na Seleção. É um bom rapaz, faz algumas defesas interessantes, mas falha emocionalmente quando se lhe exigia frieza. Foi assim no último jogo de Portugal e foi assim no sábado. O Patrício que me perdoe, mas ele não é um grande guarda-redes. Grande guarda-redes era o Damas ou o Preud’Homme.

O Árbitro errou. O Cardozo estava fora de jogo. Tão fora de jogo quanto estava o Montero no golo que marcou contra o Benfica para o campeonato e em mais dois jogos. Ou seja, os árbitros erram, mas ao contrário do que dizem os meus amigos sportinguistas, não é sempre para o mesmo lado. Este ano o Sporting esteve três jogos consecutivos a marcar golos precedidos de fora de jogo! E não me lembro do senhor Bruno de Carvalho vir falar de alianças na altura!  E errou, ainda, num penálti que poderia ter marcado, o do Luisão sobre não sei quem, embora, claro, também haja ali todo um teatro que convém esquecer. Jogo jogado, as equipas equivaleram-se e só o Rui Patrício fez a diferença, caso contrário, a coisa ia a penáltis.

No Futsal a história foi diferente. Mas muito parecida! Jogo intenso, em Alvalade, com o Benfica a chegar aos 3-8 mas a ganhar somente pela diferença mínima, 7-8, o suficiente para alcançar o Sporting na classificação e ganhar em casa do adversário o que, confesso, tem sempre um saborzinho especial.

Por fim, a abada do fim de semana vem do Râguebi. O resultado parece de solteiros e casados ou da Nova Zelândia contra Portugal. Benfica 34 – 10 Sporting. A diferença da aposta do Benfica nas ditas “modalidades menores” que, de menores, não têm nada, começa a dar frutos e estes foram dois dias em que esmagámos o adversário da segunda circular em vários campos como, de resto, já tem acontecido ao contrário. É o carrossel da vida. Agora resta saborear, mais queixinha, menos queixinha.

Tenho dito!
jpv


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Crónicas de Maledicência – Natal é Quando o Maduro Quer!

Crónicas de Maledicência – Natal é Quando o Maduro Quer! 
A Frase “Não há nada como um cântico de Natal” pode ser imaginada em muitos contextos, alguns deles até bem esquisitos por via da intimidade que podem sugerir, contudo, o que não parecia viável, nem mesmo verosímil, aconteceu: o Presidente da Venezuela proferiu esta frase num inflamado discurso à Nação referindo o poder de um cântico de Natal para superar a crise e alegrar os venezuelanos. Vai daí, sem mais delongas e pela autoridade nele investida, e deve ter sido uma grande investida, Maduro, que de verde não tem nada, relembre-se que o seu mentor é o beatificado(!) Hugo Chávez, antecipou o Natal venezuelano para novembro.
Assim, feitas as contas às consequências, desde o ano 354, ou lá o que é, nem sequer importa muito, que Cristo nasce em dezembro, data convencionada, é certo. Não deixa de ser interessante que este ano Cristo nasça em dezembro no mundo inteiro, menos na Venezuela, onde, por essa altura, já leva uma semana de amamentação ao peito de Maria.
Se Maduro pode? Claro que pode! Tanto que pode, que fez! De resto, Maduro, ainda há dias mostrou aos venezuelanos uma imagem de uma aparição de Hugo Chávez a partir do Além. E não. Mais uma vez, não estou a brincar! Maduro veio à televisão discursar aos venezuelanos e mostrou a imagem que captou da aparição de El Comandante!
Eu penso que ninguém tem nada a ver com quando é o Natal na Venezuela! Na Venezuela o Natal é quando o Maduro quer e, diga-se de passagem, é uma postura bem mais clara e assumida do que a nossa, a dos portugueses, que têm a mania de que “Natal é quando um homem quiser”. Porquê um homem e não uma mulher? Qual homem? Qual a intenção? E quando é que o tal misterioso homem vai querer? Eu sempre disse que isto dos cantores de intervenção só serve é para baralhar as pessoas ou pô-las a pensar ou lá que raio é que eles fazem que estraga a democracia toda! Para mim, por mais alucinado que pareça o caso venezuelano, a verdade é que se sabe quem quer, quando quer e como quer o Natal. Também, o que é estavam à espera de um presidente que passa revista às tropas em fato de treino?!
Como MPMI também faz serviço público, desde já alertamos para o facto de só faltarem quinze dias para abrir os presentinhos, logo, toca a correr às lojas e a esvaziar essas pródigas carteiras!
Alegrem-se! Lembrem-se do que diz a voz na terra de Hugo Chávez: “Não há nada como um cântico de Natal”

Tenho dito
jpv

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