Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – O Efeito Snowden

Crónicas de Maledicência – O Efeito Snowden

Edward Snowden, até há pouco tempo técnico da CIA, nos EUA, onde é que havia de ser(?), acaba de garantir um fundo de pensão de reforma invejável. Se bem conheço os costumes da terra do Tio Sam, é deixar passar quinze anos sobre o sucedido e far-se-á fantástica produção cinematográfica com o George Clooney, na altura aí com setenta anos, a fazer de espião de vinte e nove e o senhor receberá a batelada da sua vida em direitos. Isto, fora o livro que vai escrever e terá a palavra verdade no título.

O caso teria pouco para contar não fossem as declarações de ontem de Barack Obama. No seu meio profissional, chegou ao conhecimento do jovem espião um programa que a NSA, Agência de Segurança Nacional, estava a desenvolver de monitorização de chamadas telefónicas e navegação pela Internet. Segundo Snowden as chamadas e a navegação das pessoas eram monitorizadas com e sem razão e também porque sim ou porque apetecia ao polícia de plantão. E, debatendo-se com problemas de consciência, o jovem espião entregou tudo a dois jornais e desatou a cavanir para a China. Boa mudança, digo eu, uma vez que é sabido que, na China, nem um sussurro se pode dar que não seja monitorizado sendo público que toda a net e todas as comunicações são vigiadas pelo Tio Shin (fui eu que inventei…)

Ora, uma fuga deste tipo é grave. Fica-se a saber que a CIA recruta agentes com consciência o que é prática pouco avisada e de profissionalismo duvidoso. Fica-se a saber que um tipo não pode fazer uma falcatruazita, contrabandear umas armas, ter umas amantes, encomendar uns axixes por sms, que aparece logo um coscuvilheiro queixinhas a quem foi dado um crachá a dizer “CIA” e denuncia estas miudezas da Humanidade. Enfim, a tradição já não é o que era. É a mania das tecnologias…

O Presidente Obama tinha de sair desta trapalhada, e o que é que ele escolheu dizer perante uma imensa lista de chamadas efetivamente escutadas e computadores cuja navegação foi efetivamente espreitada? 

“Ninguém está a ouvir os vossos telefonemas.” 

Como ingrediente supremo, juntou à frase o ar mais comprometido que alguém pode ter. E pronto, julgou que arrumou o caso. Mas estes tipos acham mesmo que nos fazem de parvos e depois nos convencem que não nos fizeram de parvos?

Enfim, lá terminou o discurso dizendo que “Não podemos ter 100% de segurança tendo, ao mesmo tempo, 100% de privacidade”, ou seja, por outras palavras, desdisse o que havia dito… a linguagem pode ser marota…

E é neste mundo que vivemos. De presidentes pouco seguros de si, de agências secretas pouco secretas, de espiões com 29 anos, de privacidade devassada de forma abusiva, de máscaras, de mentiras, de jogos… E é exatamente isso que me preocupa. A fragilidade dos nossos sistemas por via da fragilidade da nossa própria essência vendida a pataco no mercado do conforto.

Tenho dito!
jpv
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E ainda… o tipo que diz as verdades mas ninguém lhe liga nenhuma:


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Tento na TV – A Entrevista do Ano

Tento na TV – A Entrevista do Ano

“Não perca a entrevista do Presidente da República a Fátima Campos Ferreira.”

10 de junho – RTP1
Apresentador do  Telejornal das 20h
a introduzir o programa seguinte.

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Ora aqui está uma boa dupla notícia. Primeiro, porque alguém decide entrevistar Fátima Campos Ferreira, segundo, porque o entrevistador é uma figura de peso…
Já revias a sintaxe, não?


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Portugal

Dificilmente escreverei sobre o meu país um texto tão adequado como aquele que aqui publiquei em 24 de abril de 2012.

Hoje, em plena experiência africana, tenho uma outra noção da portugalidade e da lusofonia e é, por isso, com redobrada emoção que procedo à republicação do poema “Portugal”.

A ideia é assinalar o 10 de junho, Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, de forma singela, mas sentida.
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Portugal

É um país de mar e de flores.
É uma terra semeada.
São colinas onde se cantam amores.
São quilómetros na ponta de uma enxada.
São festas e rituais
E é um folclore colorido.
São feiras e são estendais
E é um barco, no mar, perdido.
É gente dobrada ao sol
De coluna bem erguida.
São homens defendendo a prole
Na ponta da palavra proferida.
São poetas e são canções,
É a Amália e é um fado.
São ideais e revoluções
Imortalizados num trinado.
É uma ideia peregrina
Germinando na coragem e na vontade.
Nasceu e é menina,
O povo chama-lhe Liberdade.
São reis e tradições,
Mesas postas e bom vinho.
É o mar, em estrondo, aos repelões,
Fustigando um farol sozinho.
São miúdos a jogar à bola,
Uma conversa, uma anedota, uma graçola.
E é um sorriso numa criança,
E é um povo em crise de confiança.
São conquistas e aventuras memoráveis,
O mundo inteiro em histórias inolvidáveis.
São naus sulcando o oceano
Numa melodia de glória e pranto.
É um romance,
É um manifesto realista.
É a tecnologia de ponta
À sombra duma caravela quinhentista.
É um golo no último minuto,
Um lance cortado em cima da linha,
É uma bola nos pés de um puto,
Numa jogada que se adivinha…
E é uma estrada aberta,
Um caminho por percorrer.
É uma praia deserta
Onde as ondas vêm morrer.
Foram glórias
E são glórias.
Foram histórias
E são memórias.
É um mês, é Abril,
Uma revolução sem morte nem sangue.
São canhões e é um fuzil
Nas mãos de um povo cansado e exangue.
É uma gente triste e feliz,
Um paradoxo de morte e de vida.
É uma terra, é um país.
Foi uma promessa cumprida.
Tocam sinos, anunciam perigo.
Corre um rumor sinistro e fatal.
Acorda! Povo adormecido!
Hoje é preciso morrer por Portugal!
jpv
Texto publicado pela
primeira vez em 24 de 
abril de 2012, aqui.


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Pormenores do Trânsito em Maputo


[Maputo, Av. Karl MArx]

Nas primeiras linhas que escrevi sobre a minha aventura africana em Maputo, disse que a cidade era um delicioso caos. E é. E tenho-me adaptado lindamente. De tal forma que quase todos os dias passo por esta maravilha da regulação do trânsito de Maputo e só hoje reparei verdadeiramente no que ali estava.

O caro leitor não acredita? Simples, apanhe um avião para Maputo, pergunte onde é a Avenida Karl Marx, siga na direção do hipermercado Mica Premier e, mesmo ao fundo da avenida, exatamente onde ela termina, encontrará esta maravilha: um semáforo e um sinal de sentido proibido. Só por si, o fenómeno já é interessante, mas espere uns minutinhos que a luz verde acenda e… voilá…

E agora? Quem manda mais? O sinal ou o semáforo? Ou será como normalmente fazemos por aqui? Cada um decide por si desde que não bata em ninguém! Hahahaha… Adoro esta cidade!
jpv


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MPMI no Telemóvel

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Sexo, Mentiras e um Jornal

Normalmente, compro o “Notícias”. Um dia destes, não havia o “Notícias” e comprei o “Verdade”. E a verdade é que a secção de dúvidas, em jeito de consultório de sexualidade, arrancou-me umas valentes gargalhadas. É assim uma espécie de revista “Maria” revisitada! Ainda hesitei em publicar por causa de certa crueza na linguagem, mas a verdade é que alterar as palavras não seria correto e aqui a tasquinha é frequentada por gente crescida… Olhem, divirtam-se. E se quiserem ler mais, vão aqui. Os comentários são meus, claro. Eu lá perdia a oportunidade…

Problema? Qual problema? Isso é normalíssimo… só não sei é como é que continuas a namorar com ela, mas pronto, ele há masoquismos… Olha, já agora, e nunca lhe deu para tocar piano… Eu, se estivesse no lugar deste companheiro ficava preocupado, tens a certeza que andas a fazer tudo bem? Enfim, em última análise leva uns tampões para os ouvidos, daqueles da natação, e um guarda chuva e deves estar safo…

Medo! Muito medo! Grande confusão nessa cabeça, amigo! E eu a pensar que aquilo era suor… Se bem que, não sejamos levianos, tudo depende de como se treina…


Olha amori, e que tal se não… tu sabes… eu explico: bebes um copo de água, só que não é antes, nem durante, nem depois. É em vez de… Se por acaso a situação é mais séria e já estás grávida, então temo que a pergunta tenha vindo tarde…


Ora aqui está uma alma preocupada com coisas sérias! Eh pá é normalíssimo! O anormal é não ter desejo di sexo senpre. E olha que sempre é a toda a hora. Olha, só para teres uma ideia, uma vez eu estava a fazer sexo e de repente tive desejo de fazer sexo… eh pá… normalíssimo…

Jornal Verdade, ganhaste um leitor… 
jpv


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Vermelho Direto – O Pinto da Costa é que Sabe


[Será que já apontava para o Dragão?!]

Vermelho Direto – O Pinto da Costa é que Sabe

Deixemo-nos de rodeios. O Pinto da Costa é que sabe. A nós, benfiquistas, pode custar a assumir, mas a verdade é que, em esquemas, em jogadas ardilosas, em gestão de emoções, em matreirice, em habilidades múltiplas, em defender os seus fins sem olhar a meios, Pinto da Costa ultrapassou-nos a todos por muitos quilómetros, por muita experiência e está muitos anos à frente.

Em breve análise, até um cego vê. O Paços de Ferreira fez uma campanha louvável, um campeonato fabuloso, acabou em terceiro e vai, nada mais, nada menos, do que entrar numa competição que se chama “Champions League”, a Liga dos Campeões. Parabéns. Inteiramente merecido.

E como é que isso foi conseguido? Através de uma disciplina tática fabulosa, de capacidade técnica e, sobretudo, através da garra dos seus jogadores. Ora, todos estranhámos um pouco quando, no último jogo, que o Paços de Ferreira tinha de disputar com o Futebol Clube do Porto e decidia o título, houvesse menos disciplina tática. De tal forma, que um jogador do Paços cometeu um erro grosseiro e ofereceu a jogada do primeiro golo do FCP. Estranhámos ainda mais quando o golo foi obtido através de um penalti inexistente e ninguém do Paços reclamou, ninguém se descabelou, ninguém insultou o árbitro por via da injustiça que acabara de ser cometida! Estranhámos também que a tão afamada garra do Paços tivesse ido a banhos nesse dia e não tivesse comparecido em campo. Estranhámos e aceitámos. Mas há pior. A coisa pode ficar ainda mais… refinada. No final do jogo, ainda antes do árbitro o dar por terminado (!!!), estranhámos que o então treinador do Porto tivesse abraçado de forma emocionada e cúmplice o então treinador adversário tendo ficado a sussurrar-lhe meiguices ao ouvido. Esse treinador adversário chama-se Paulo Fonseca e foi hoje anunciado como o novo treinador do Futebol Clube do Porto.

Não se esforcem. Não resistam. Nisto, Pinto da Costa é imbatível. Reconheço.

Tenho dito!
jpv


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Divulgar Causas

A WLSA – Women and Law in Southern Africa – é uma organização que nos países africanos de língua oficial portuguesa se denomina por “Mulher e Lei na África Austral” e se preocupa fundamentalmente com a questão da violência doméstica, em particular, a que é exercida sobre mulheres e crianças.
Tem um papel essencialmente informativo e preventivo e desenvolve campanhas de sensibilização.
O cartaz acima tocou-me e merece-me esta nota de divulgação pela sua crueza, pela força da palavra e da imagem, pela vulgarização de algo que é precioso e o deveria ser sempre. Está disseminado por Maputo tal como espero se vá disseminando a mensagem.
jpv


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O Sinal que Estorva

Há tipos mesmo teimosos! Ele é colar cartazes e plantar sinais de proibição por todo o lado. Deslarguem a gente, fachavôr!

Então se o senhor do Pajero Io estacionou, se a senhora do Toyota Spacio estacionou, se o homenzinho da carrinha estacionou, se o tipo da bicicleta estacionou, está mais que visto que a placa é que estorva! Mas é preciso um curso superior para perceber que é urgente mandar tirar dali aquela placa?! Irra!
jpv


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Lost in Translation… again!

Eu não quero parecer chato nem persecutório, mas a verdade é que eles estão mesmo a pedi-las!

A mesma cadeia de hipermercados ingleses e sul africanos referida no post anterior, à falta de uns cobres para pagar ao tradutor, “amanda-se” com unhas e dentes ao tradutor do Google e depois dá nisto!

É assim uma palavra que não é inglesa, nem francesa, nem portuguesa… é um três em um: 
– Ó querido trazes-me uns ovos? 
– De onde, do supermercado?
– Nada disso, traz da farma que são mais fresquinhos!

Ai mãezinha, tirem-me daqui que eu não sei andar nisto!!!

jpv