Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Vermelho Direto – Para que lado errou Capela?

Vermelho Direto – Para que lado errou Capela?

O árbitro João Capela ofereceu, no ano passado, o campeonato ao Futebol Clube do Porto ao validar um golo irregular contra o Benfica. Na semana passada, o mesmo árbitro, não assinalou um penalti contra o Benfica que, na altura, daria, caso fosse concretizado, vantagem ao Sporting. Eu não acho que foram vinte e sete penaltis, mas acho que o Sporting se pode queixar. Em todo o caso, o que eu não percebi na altura foi a razão deste árbitro, de repente, beneficiar o Benfica quando a sua tendência é mais azul e branca!

Mas não foi só isso que eu não percebi. Também não percebi porque é que todos os portistas, treinador e presidente do clube incluídos, se transformaram, de um dia para o outro, em paladinos do Sporting e da justiça futebolística. Continuaram dragões, mas vestidos de verde! Vieram a terreno defender o clube de Alvalade e, claro está, atacar e pressionar as equipas de arbitragem. Eu não percebi nada disto. Até ontem. Ontem já percebi para que lado, verdadeiramente, errou Capela, na Luz. Ontem, o Futebol Clube do Porto recebeu o Vitória de Setúbal. O Porto jogou melhor e ganhou por 2-0. Nada a dizer. Excetuando os dois penaltis que o árbitro não teve a coragem de assinalar contra o FCP no estádio do Dragão! Sim, é precisa muita coragem para fazer uma coisa dessas numa semana em que houve comentadores portistas a dizer que gostavam de apanhar no Dragão o árbitro do Benfica-Sporting. Aquilo soou a ameaça ao Capela, mas foi o Xistra quem, ontem à noite, se encolheu, faltou-lhe o ar por duas vezes e não conseguiu soprar no apito. Como disse Pinto da Costa na segunda feira: Foi limpinho!

jpv


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Crónicas de Maledicência – A Bela e o Monstro

Crónicas de Maledicência – A Bela e o Monstro

Há uns meses atrás, um presidente de câmara italiano conseguiu fazer aprovar uma lei, reparem bem, aprovar uma lei que proibe as mulheres feias de andarem em biquíni pelas ruas da sua cidade. O ridículo da situação assenta, não só na discriminação que a lei envolve, mas, sobretudo, nos critérios! Como é que o tipo diferencia as bonitas das feias? Quem são as belas e quem são os monstros? E haverá polícias da fealdade a dizerem:
– Minha senhora, vista-se, por favor.
– Então porquê, senhor guarda, eu estou de biquíni.
– Pois, mas a senhora não pode!
– Não posso? Porque?
– É que a senhora é feia!
Enfim, a lei passou e, ao que parece, quem for feia, seja lá isso o que for, não pode circular pelas ruas em biquíni.

Nem de propósito, esta semana, na Arábia Saudita, três jovens foram detidos, presos e deportados por serem demasiado bonitos! É impossível não imaginar o ato de detenção:
– Alto! Mãos ao ar! O senhor está detido!
– Mas, senhor guarda, o que é que eu fiz?
– O que é que o senhor fez? Então não se está mesmo a ver? O senhor embelezou demasiado!

Enfim. É o mundo que temos. É a cultura que temos. Com preciosidades e maravilhas. Com atropelos e preconceitos. Fiquei a pensar qual será a linha que separa uma pessoa bonita de uma demasiado bonita?

Daqui, deste cantinho luso-moçambicano, não consigo evitar um conselho: e que tal se os jovens sauditas fossem para Itália e as matrafonas italianas, classificadas como feias, fossem para a Arábia saudita?

É normal que, quando o nosso mundo se entrega desta maneira à forma, o conteúdo se degrade. E quando o conteúdo se degrada, a Humanidade segue caminhos perigosos, afasta-se da fraternidade e da justiça, valores maiores da nossa convivência social.

Tenho dito!
jpv


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O Tecido da Vida


As Cores da Capulana

O Tecido da Vida

É um pano colorido,
Enrolado ao corpo,
Às formas cingido.
Tem a luz da manga
E a forma da papaia,
Pode ser teu lenço,
Mulher,
Pode ser tua saia.

Saíste na rua,
No Sábado,

E foste comprar
Tua capulana,
Na Guerra Popular.
E logo ali,
Na porta da loja,
Te fez a bainha,
Com dedo certeiro
E uma máquina antiga,
O hábil costureiro.

Cobres a tua vida,
E quando vens de parir,
Colas ao teu corpo
Um menino a dormir.
Enrolado com o mesmo colorido
Do tecido em que tinhas nascido.

Tua capulana é teu mundo,
Teu limite
E tua fronteira.
Enrolam-te nela
De pequenina,
E enrolada ficas
A vida inteira.

jpv
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