Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


6 comentários

M de…

M de…

M de Solidária,
M de Persistente,
M de Amante
E Mãe da gente.

M de Perspicaz,
M de Sofrida,
M de Ipunemente
Agredida.

M de Dádiva,
M de Entrega total,
M de Proteção
À escala global.

M de Graciosidade,
M de Ternura,
M de Amor
Que perdura.

M de Elegância,
M de Sedução,
M de Querer
A tua roupa no meu chão.

M de Educar,
M de Resiliência,
M de Suportar
A vida
Com infinita paciência.

M de Solteira,
M de Casada,
M de ser a única
Que tem um M de Divorciada.

M de Trabalho,
M de Corpo,
M de Seio,
E M de Espera…
E o homem não veio.

M de Presença,
M de Paixão,
M de Crer,
M de tentar até morrer.

M de Inteira,
M de Companheira
Da companheira M.

M de Mulher
Para o homem que souber.

M sem mais nada,
Nua e despida,
M na morte toda,
Porque M toda a vida.

jpv


1 Comentário

Crónicas de Maledicência – O Salário Mínimo

Crónicas de Maledicência – O Salário Mínimo

António Borges, consultor do Governo, disse e defendeu que “o ideal era que os salários descessem”.

É claro que não se referia ao seu, que é de milhares, é claro que não se referia aos dos gestores das empresas, dos Bancos, das PPP, dos institutos, dos tipos que, como ele, não têm quaisquer problemas financeiros nem estão a pagar a crise que não criaram. Borges referia-se ao salário mínimo que é um dos mais baixos da Europa.

Ora, eu nem vou pela argumentação fácil, ainda que verdadeira e pungente, de dizer que as pessoas já estão em dificuldades, algumas em rutura, outras em miséria, milhares a fugir do país, sim, porque o que está a acontecer não é imigração, nos dias que correm, os portugueses fogem de Portugal e não o fazem porque queiram, fazem-no porque são perseguidos dentro do seu próprio país. Eu nem vou dizer que é uma imoralidade e de uma total falta de ética baixar os vencimentos dos que ganham menos. Eu nem vou perder tempo a demonstrar que há outros caminhos para combater o desemprego, isso é tudo fácil.

O que venho trazer-vos, a propósito das declarações do senhor conselheiro, é um raciocínio sobre os efeitos diretos de uma tal medida. E o raciocínio é este. Nós, humanos, somos defensivos por natureza, autoprotegemo-nos e somos umbilicais porque é esse o segredo de termos sobrevivido num Universo agressivo e com diversas outras espécies concorrentes. Nessa medida, só uma pessoa muito ignorante, muito ingénua ou muito mal intencionada é que se atreve a acreditar que baixar o salário mínimo aumentará o emprego. Efetivamente, os empresários, quando puderem pagar menos pelo salário mínimo, tendo em conta a crise em que o país vive, não vão contratar mais pessoas, vão é reduzir os vencimentos dos empregados que já tenham e, assim, a medida transforma-se em mais um mecanismo de defesa e poupança daqueles que já têm muito e transforma-se em mais uma atitude de violência e agressividade para com um povo que está já desgastado não obstante a forma cívica e estóica como tem aceitado a austeridade. Isto é básico. E Borges só não vê isto, ou não quer ver, porque se está a defender. Afinal de contas, todos sabemos de que lado da barricada é que ele está!
jpv