Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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N’amurada

N’amurada

Um calor que sobe,
E a percorrer o corpo,
Um arrepio.
Um mar que fustiga.
Uma donzela
N’amurada do navio.
Um sol que nasce,
Uma lua prenhe e redonda,
Um mar encapelado,
Um homem a desafiar a onda.
Uma pintura inacabada,
Um pincel abandonado,
Um risco encarnado na tela,
Um caminhar desolado…
E feliz!

Um só pensar nela,
Um longe que é perto,
Uma ânsia de saber
Que o errado está certo.
Um coração encarnado a bater.
Mais forte!
Um azar que deu em sorte.
E vieste.
E chegaste
Donde te não esperava
Desarranjar este mundo
Que antes não prestava!

Um grito,
Um ato de fé,
Um autocolante pintado
Com “Amor é…”
Um linha de cintura
E um sensual movimento.
E, de repente, a terra dura
A perder-se no tempo.
Uma mulher
Que um homem quer
E deseja,
Uma ousadia,
E agora já a tem.
Um bem querer
E um querer bem.

Uma luz trémula
A enfeitar dois corpos despidos,
E num átomo de tempo,
Dois amantes vencidos.
Um poema
E uma poesia,
Uma coruja piando na noite,
Um rouxinol alegrando o dia.
O tempo a passar
E a neve da vida,
Branca e paciente,
Veio nos pintar.
Mas a donzela, lá está,
N’amurada do navio
Para eu adorar.

Ah! Amor, que és uma religião.
Um tempo que me falta,
Um tempo que me sobra,
Uma suave emoção.
E o arrebatdor desejo de não morrer,
Quanto mais não fosse,
Para te ver,
Cada dia,
N’amurada do navio
A preencher
O meu horizonte…
Outrora vazio.

jpv


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Crónicas de Maledicência – A Renúncia de Bento XVI

Crónicas de Maledicência – A Renúncia de Bento XVI

Nascem e crescem em profusão as reações ao anúncio de renúncia de Bento XVI no passado dia 10 de fevereiro. Também reagiremos. Temos esse direito. Talvez no sentido menos óbvio da reação.

É fácil agora levantar nuvens de fumo e entrincheirar argumentação envolta em mistério e suspeita. Como Cristão Católico, entristece-me a renúncia e entristecem-me tais alinhamentos de raciocínio.

A Herança
Em primeiro lugar importa relembrar que Bento XVI herda um exercício exemplar e até um pouco anormal de João Paulo II. Qualquer que fosse o Papa que lhe sucedesse teria de viver com as inexoráveis comparações com um dos mais reconhecidos Papas de sempre. Ainda assim, Bento XVI abraçou com humildade o ministério e, se esteve longe do trabalho de João Paulo II, também não ficou conhecido por nada de extremamente negativo no seu exercício. Adotou uma atitude serena e com ela esteve à frente dos destinos da Igreja Católica nos últimos oito anos. E a verdade é esta. Já passaram oito anos e não se pode dizer que os piores prognósticos se tenham confirmado. Pelo contrário. O Papa passou este tempo de forma discreta, como se impunha.

O Ofício de um Homem, a Fé de Biliões.
Em relação à renúncia, importa notar que um homem, mesmo sendo o Papa, não substitui a fé de biliões… Assim, o que importa é mesmo a forma como cada um de nós, mais ou menos praticante, reacende a sua Fé em cada dia que passa, se entrega àquilo que acredita pelos meios que considera mais adequados. O Papa será importante enquanto líder da Igreja, mas o que faz a Igreja é a Fé dos seus seguidores e essa ainda não renunciou.

As Razões e o Gesto
As razões invocadas são percetíveis. Bento XVI fez um discurso simples, claro e muito objetivo. As razões compreendem-se e respeitam-se. E o gesto louva-se. Acredito mesmo que, sempre que um líder de uma igreja, que um diretor de uma empresa, de uma instituição, que o detentor de um cargo político, não tivesse condições para exercer, assumisse esse facto com naturalidade e renunciasse, eventualmente, não viveríamos a crise que estamos a viver. É que a nossa história recente está povoada de gente que não tinha condições nem capacidadse e persistiu… no erro de tentar governar aquilo que, visivelmente, já não era capaz de governar.
jpv


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Crónicas de África – A Terra do Benfica

Crónicas de África – A Terra do Benfica

Maputo, 11 de fevereiro de 2013

Antecipemos juízos de valor errados: não é o benfiquista que vos escreve, é o mesmo João Paulo de sempre, o das “Crónicas de África”, o escritor, portanto. Equivale isto a dizer que estas palavras procuram, como sempre, a isenção, sem paixão clubística, neste caso.

Maputo é a terra do Benfica. Nunca vi, noutra cidade, como vejo nesta, uma manifestação de simpatia clubística tão acentuada, tão ferverosa.

Por exemplo, em dia de jogo do Benfica, seja ao sábado, seja ao domingo, seja mesmo durante a semana, são aos milhares, os habitantes de Maputo que envergam camisolas do SLB. Antigas, recentes, do equipamento principal, do secundário, genuínas ou falsificadas, tudo o que seja encarnado e tenha um emblema do Benfica serve. É engraçado vê-los atrás das esposas no supermercado, a empurrar o carrinho, é engraçado pararmos num semáforo e o carro ao nosso lado ter quatro homens lá dentro e todos estarem vestidos à Benfica. E eu perguntei:
– Bom dia, então para onde é que vão?
– Vamos ver o jogo! O Benfica é um orgulho nacional!

Esta resposta deixou-me perplexo. Ele disse vamos ver o jogo como se o jogo fosse em Maputo num dos estádios da cidade. E disse “orgulho nacional”. De que nação? Da Moçambicana? Da Portuguesa? Acabei por concluir que era o orgulho da nação benfisquista e a nação benfiquista é multinacional! E depois, à hora do jogo, os bares e os restaurantes que transmitem o jogo numa televisão enchem-se de camisolas do SLB a gritar ferverosamente goooolo!

Tenho de ser justo. Também se veem por cá camisolas do FCP e do SCP, mas o fenómeno não tem, nem lá perto, a dimensão do fenómeno benfiquista. São situações pontuais. Ora, quando joga o benfica, mesmo antes do jogo, ao longo do dia, é impossível atravessar-se uma avenida da cidade, ir a um supermercado, a um restaurante ou a um café sem nos cruzarmos com diversos simpatizantes vestidos a rigor! A cidade pinta-se de encarnado.

Assim, cito aqui uma expressão do meu colega e amigo benfiquista, Francisco Carvalho, sobre haver, ou não, seis milhões de benfiquistas. Diz ele na sua página do Facebook: “Seis milhões? Façam lá o update!”

Se eu pertencesse aos corpos dirigentes do SLB, tratava de premiar os habitantes de Maputo pelo seu inquestionável benfiquismo, nomeadamente, visitando, com a equipa principal, a capital moçambicana com alguma frequência. Assim, podia ser que, um dia, quando me dissessem “Vamos ver o jogo!” estivessem mesmo a dirigir-se para o espectáculo ao vivo e a cores com o clube do seu coração, o tal que é orgulho nacional!

jpv


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Citação de Kyle Mckenzie

“- O mundo não é como to dão, será como tu o fizeres.”

Kyle Mckenzie

in A Paixão de Madalena, Cap. 7
A publicar brevemente neste blogue.


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Citação da Perplexidade

“Vivemos num dos poucos países do mundo onde a empresa que distribui a energia elétrica patrocina jantares à luz da vela!”

jpv


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Poema da Mala Vazia na Beira da Estrada

Poema da Mala Vazia na Beira da Estrada

Revoltaram-se,
os teus olhos,
contra mim!
Olharam
A vida vazia
E pensaram que era o fim.
São curiosos,
Os olhos,
Veem e pensam.
Encontram na beira da estrada,
Sem sonho,
Nem noite,
Nem alvorada,
A mala onde
Outrora
Esteve a fantasia.
A mala,
Como a vida,
Vazia!

E essa luz
Triste
E húmida,
Esse despertar
Da mente
A que chamas olhar,
Pediu-me.
Só o aconchego,
Só o afago,
O meu peito
Ao teu encostado.
E abri a mala
Donde saiu a cama
Que estava no quarto
Que fica na casa
Que está na fantasia
Da mala
Na beira da estrada
Que teus olhos contemplam
Antes de se zangarem comigo.

Não há jogo
Nem perigo
Como este de ter uma vida
Para viver uma vida,
Quando há tantas
Na mala da fantasia.
Na palavra incendiada,
Pujante epopeia,
Triste elegia
De uma mala
perdida na estrada vazia.

jpv


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Conversas Vadias – A Condição Económica

Conversas Vadias – A Condição Económica

Ele – Estás Grávida?
Ela – Eu? Não. Não tenho condição económica para engravidar!
Ele – Hã?! E isso é condição?

jpv
(Ouvido de passagem)


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Conversas Vadias – A Horta

Conversas Vadias – A Horta

Ela – Só me apetece é ir para os meus tomates!
Ele – Hããã?!
Ela – E para as minhas beringelas…
Ele – Oh, estragaste tudo!

jpv
(Ouvido de passagem)


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Citação das Causas

“A causa dos grandes problemas é a ausência de pequenas decisões.”

Num Pacotinho de Açúcar


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Crónicas de África – A Slice of Heaven

Crónicas de África – A Slice of Heaven

Maputo, 5 de fevereiro de 2013

Era fim de semana prolongado. O carro necessitava manutenção. Um familiar e amigo, suporte fundamental na nossa chegada a Maputo, aconselhou uma oficina em Nelspruit. Descobrimos depois que metade de Maputo tinha ido de fim de semana a Nelspruit. Para nós foi óbvio. Juntar a necessidade da manutenção a uns dias de repouso. E foi assim que me pus à procura na web de um local para ficar. Encontrei. Mas encontrei um pouco mais do isso. Um cantinho do Paraíso a onze quilómetros do centro da cidade. O High Hide Lodge.

Pertence ao Norman e à Debbie Smith que têm ali mais do que uma forma de negócio. É onde eles próprios vivem. É um espaço de que cuidam com todo o amor e carinho e a que dedicam grande parte do seu tempo livre. Ideal para quem quer descansar num ambiente idílico. De jardins belíssimos e muito bem cuidados, muito enquadrados com a paisagem natural circundante, o High Hide Lodge oferece conforto, recantos belíssimos, uma piscina feita pelos próprios com um enquadramento delicioso, dezenas de espécies de pássaros, um lago artificial com peixes e a visita vespertina dos kudu, um antílope da zona. O lodge não tem muita oferta, mas isso é um dos seus encantos, uma das razões por que nos sentimos em família e em ambiente privado e acolhedor. Tem duas cabanas em cima da rocha, uma para duas pessoas e outra para quatro, uma tenda em canvas para 4 pessoas e uma casa maior para 6 pessoas. Diversos equipamentos para fazer uma boa grelhada, desporto nacional na África do Sul, e todas as condições para, com ou sem luz elétrica, passarmos uns dias de verdadeiro descanso, alheados de tudo, próximos de tudo. Depois, para o Norman e a Debbie, os hóspedes não são hóspedes, são amigos que estão de visita e é nesse espírito que nos convidam a assistir a alimentar os peixes, a esperar pelos kudu ou a apanhar fruta das árvores para a comermos fresca pela manhã. Se procura agitação, não é o local apropriado, embora esteja perto do centro da cidade. Se, ao contrário, procura relaxar ou levar a sua cara metade para um fim de semana romântico, é que nem hesite, passe pelo site deles e faça uma reserva… pois, a propósito disso, é importante dizer que os preços são muito acessíveis, um pouco abaixo da média praticada por aquele tipo de oferta, pelo menos a avaliar pelos preçários que se encontram na web.

E como há palavras que não chegam, aí ficam algumas das centenas de imagens que captámos no High Hide Lodge.

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Maputo, the 5th February 2013
(This text is not a translation of the above)

The past weekend we met Norman and Debbie Smith, a honest, hardworking couple who offers us a really quiet relaxing lodge with a fantastic  swimming pool and wonderful gardens. It’s a very comfortable and perfectly included in the surrounding environment place. Therefore, I took some time to advise all my friends (sorry guys in Europe, Asia and Americas!) that this is a perfect place for resting or, why not, a romantic time with your partner in the sweet crime of love!
To get to know more about this place, please visit the site of the High Hide Lodge, just 11km away from the centre of Nelspruit, in South Africa, and yet, a perfect slice of Heaven: http://highhide.webs.com/.

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The High Hide Lodge Experience

Casa na Rocha


Lago dos Peixes


Uma das muitas zonas para Grelhadas


Piscina


Escorrega e Piscina


Pormenor dos Jardins


Piscina


A Árvore do “Rei Leão”


Piscina e Escorrega


Piscina e Cascata


Casa na Rocha


Interior de Alojamento para duas pessoas


Entrada


Explosão Laranja


Pormenor de Jardim


Casa na Rocha


Ave no Jardim

jpv