Pescaria
Empurravas esses paus
Unidos de vontade,
E tinhas por bons,
Os ventos maus
Da tua liberdade.
Eras franzino.
Um fraco rapazinho
Com um homem no peito,
Enfrentado o Índico sozinho
Numa barca sem jeito.
Ganha onda,
Perde ondas,
Ganha metro,
Perde metros.
Acometes o mar pujante,
Saltas-lhe às cavalitas,
E num instante
O teu olhar se ergue
E és pescador!
Há em ti uma força maior
E um desejo sem medida.
O mar luta só pelo mar,
Tu,
Lutas pela vida.
E quando sais
E trazes o fruto fresco
Da tua labuta,
Desenhas um sorriso
E já não é diminuta
A embarcação.
É um palco de sonhos
Onde se mostra teu coração.
E vê-se nos teus olhos
O orgulho do homem.
E, olhando com jeitinho,
Ainda se vislumbra,
O medo do menino!
jpv

03/11/2012 às 15:52
Os olhos de menino a que me referia no comentário anterior transparecem novamente aqui. Não se sabe bem se foi o pequeno pescador que virou homem ou o poeta que se tornou criança novamente.
GostarGostar
01/11/2012 às 12:22
Obrigado, D! São os olhos da tua amizade…
GostarGostar
01/11/2012 às 10:40
JP, que versos tão belos! Há neles sonhos e combates, esperanças e vitórias, frutos da pesca e da vida.
Vi esse menino, esse homem, ganhar vida.
Adoro a tua poesia!
Abraço.
GostarGostar