Crónicas de Maledicência – Eu quero de volta as Matronas
Caros leitores e amigos,
esta crónica é um autêntico grito de revolta, é um pedir de volta, é um ato desesperado procurando ajuda e socorro. Eu percebo que o mundo tem de mudar e evoluir, eu percebo que as coisas não podem ficar iguais, mas há ícones que não podem perder-se, há verdadeiros baluartes da nossa cultura que não podem desaparecer e, contudo, alguns vão-se eclipsando paulatinamente e, quando damos por ela, é demasiado tarde. Já se foram. Um gritante exemplo disto que vos acabo de escrever é a genuína matrona portuguesa.
Não sei se gastam tempo com estas observações e reflexões de alto teor intelectual e sociológico, também conhecidas pelo nome técnico de “parvoíces sem jeito nenhum”, mas eu gasto e sinto-me realizado com isso. Ultimamente tenho reparado nas recém-mamãs, aquelas senhoras que ainda estão na fase pós-parto e que, a bem dizer, deveriam estar deprimidas e cheias de olheiras, e que vejo eu? Vejo que a única coisa que têm em comum com a antiga matrona portuguesa, é estarem a empurrar um carrinho com um ou mais bebés. Tudo o resto mudou. A mãe dos dias de hoje tem as pernas bem feitas, o rabo firme e bem colocado, os seios hirtos a fazer inveja às solteiras, a barriguinha musculada e com aquelas covinhas dos lados, usa vestidinhos de malha agarradinhos ao corpo e nota-se claramente que a lingerie é diminuta, ou então calças justas de cós baixo com o ventre ali a saltitar à nossa frente, o cabelo brilha lustroso e luminoso e fazem os homens retorcerem-se todos a olharem para trás e garanto-vos que não é para ver as belas das criancinhas. Tem um ar jovem e fresco, deslocam-se com elegância e falam pausadamente e em tom sereno como se não carregassem o fardo da educação, a responsabilidade de cuidar de uma vida, e nada nelas transparece sacrifício. Enfim, quase nada. A verdade é que deve ser um sacrifício aturar o tipo barrigudo que segue atrás dela com um pólo Ralph Loren de imitação, uns calções, chinelos de enfiar no dedo e um chapéu de palha na cabeça.
Sejamos claros, eu não me importo que haja mulheres assim, muito pelo contrário, são um regalo e um bem da Natureza. Só estava à espera que fossem solteiras e não mães de gémeos!
Ora, o advento deste fenómeno tem erradicado a terna e tradicional figura da matrona portuguesa. Normalmente era uma senhora de pose avantajada, uns vestidos largos às pregas, uma barriga proeminente, umas cuecas que davam para fazer um jogo de lençóis para uma cama de solteiro, duas rodelas de tecido por baixo do sutiã que eu nunca percebi para que eram uma vez que o vestido surge manchado do leite materno na mesma. O mais normal é estarem com o cachopo mais pequeno ao colo e a darem uma valente bofetada no mais velho que estava a implicar com o mais novo. Atrás segue um marido em tudo idêntico ao já descrito só que este empurra o carrinho de bebé que, imagine-se, vai vazio! Esta mãe desloca-se desajeitada e fala alto com toda a gente como se continuasse sempre a ralhar com os filhos. É desajeitada, mas muitíssimo atenta e cuidadosa. Faz parte do meu imaginário juvenil e sinto um vazio imenso por estarem a desaparecer… por isso e por continuar a achar que as outras, as apetecíveis, não deveriam ser recém-mamãs. Uma recém mamã apetecível faz-me lembrar aquelas fatias de bolo da minha avó, acabadinhas de fazer, muito cheirosas e luzidias e quando a malta ia deitar a mão, alguém dizia, não comas que isso está acabadinho de fazer. Ora gaita, atão não é por estar acabadinho de fazer que apetece comer mais?
jpv
Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me!
Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras...
jpvideira
https://mailsparaaminhairma.wordpress.com
10/09/2012 às 12:09
As mulheres “unirem-se” para me tramar… amigas, era só uma ironiazinha… vá lá “sejem” indulgentes comigo… beijinhos… jpv
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10/09/2012 às 01:02
Alô amiga!!!
Temos de dar tareia aqui no meu mano que está sempre a espicaçar-nos!!!
Beijoca para os dois! :*
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07/09/2012 às 21:57
Eu acho que as matronas dos antigamentes eram o único fruto do seu próprio desleixo, por exemplo, comiam por dois (ou três ) e não para dois, não tinham cuidados especiais com a alimentação ou hidratação do corpo, não havia roupas adequadas à protecção do peito durante e depois da gravidez, muitas dessas senhoras (tal como algumas ainda hoje) recusavam-se a usar cintas ou faixas pós-parto (ao estilo das africanas) e havia aquele período longuíssimo de “recobro” (enfiadas em casa com o bebé, numa cama, sem se mexerem durante semanas e nem para pesar o bebé havia saídas…).
Eu confesso-me uma total não-matrona: sou dessas magrelas de rabo empinado e covas perto dos ossos das ancas que até estão um pouco salientes. E sou mãe de gémeas 🙂 acho que a vida dos nossos dias (e aquilo que tenho que fazer pelas piolhas, em particular) não me deixam muita margem de manobra para matrafonices… Sou matrona no sentido de dar um calduço a uma piolha se ela estiver a pisar o risco enquanto trato da outra. E também ralho 🙂 mas também dou mimo 🙂
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06/09/2012 às 21:40
Maninha adorada, tu sabes que eu sei que tu sabes que este texto era uma enorme ironia… mas pronto, resolveste dar uma de solteira ofendida e fizeste muito bem… olha sempre te vou dizendo que está lá escrito no texto (não sei se saltaste alguma parte) que eu quero as matronas de volta porque fazem parte do meu imaginário juvenil e não por qualquer outra razão. Quanto ao machismo, a minha vida fala por si. Eu sou o tipo que arruma a casa, aspira o chão, limpa o pó e faz as camas com gosto… Ah e adoro lavar a loiça… de resto tenho enorme respeito pelas mulheres, sejam apetecíveis ou matronas. Por fim, mais uma estocadazinha: que raio de pensamento é esse que exclui as matronas das mulheres apetecíveis? Olha que os homens gostam sempre de uma Dona Generosa… Mil beijinhos… ps: eu sabia que esta crónica ia dar bruá…
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06/09/2012 às 19:48
Maninho adorado,
Não tendo eu a mesma arte para a escrita que tu tens, não poderia deixar passar em branco esta tua cronicazinha sem arregaçar mangas, mostrar as unhitas e tecer algumas considerações. Ora aqui vai:
Apesar dessas saudades todaaas que sentes da genuína matrona portuguesa, não me parece que tenhas escolhido uma para ter ao teu lado!!! Pelo contrário! Pelo que sei gostas muito de usufruir de um corpinho bem feitinho com fios dentais e outras lingeries ! Tens saudades das matronas mas os outros que fiquem com elas!
Depois, tens de concordar que se trata de um comentário bastante machista!!! Não são só as solteiras que têm direito a ter tudo no sítio(escreve uma solteira que anda longe disso!). As mulheres descobriram que podem ser esposas, mamãs e continuar a ser apetecíveis, desejáveis, melhoraram a sua auto- estima, a auto- confiança e evoluíram! Agora vocês homens, que continuam barrigudos, desleixados e que têm preguiça em evoluir porque dá trabalho, é que se sentem incomodados! Sim, porque não são as matronas que têm de voltar, são vocês que têm de cuidar-se e tornarem-se também atraentes! O tempo do macho a cheirar a cavalo , barrigudo, a cuspir para o chão, desleixado já era!
Tenho dito!
AV
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