Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – A Loja do Coitado do Cidadão

Crónicas de Maledicência – A Loja do Coitado do Cidadão

Por razões de trabalho, precisei de tirar o passaporte. Aconselharam-me a ir à Loja do Cidadão. Além de aproveitar a viagem a Lisboa, uma vez que tenho os passes pagos, sempre o faria na Capital da Nação o que me daria alguma segurança mais. Puro engano. Nada mais errado. Não me senti um cidadão com um serviço à sua disposição. Senti-me um coitado de um cidadão que infelizmente necessitou de um serviço.

Cheguei à Loja do Cidadão nos Restauradores, bem no coração de uma das mais internacionais cidades do mundo, perguntei quais eram as senhas de espera para tirar o passaporte. Disseram-me que era a senha L. E aí fui eu. Exatamente às 12:43 tirei a senha número 201. Olhei para o monitor e percebi que só UMA pessoa estava a fazer atendimentos para assuntos com passaportes, todos os assuntos relacionados com passaportes! E reparei também que a próxima pessoa a ser atendida seria a número 161. Ou seja, a fluidez do atendimento era praticamente nula. Às 12:43 já havia 40 pessoas em espera. Mas a coisa piorou! Esperei uns minutos e percebi que os atendimentos eram muito lentos. Fui almoçar. Uma hora depois já ia no 165! Decidi tratar de outros assuntos e regressei, curiosamente, às 15:43, ou seja, exatamente 3 horas depois de tirar a minha senha. E em que número íamos? No 172! Ou seja, estavam a ser atendidas cerca de quatro pessoas por hora. Ainda faltavam vinte e nove atendimentos para o meu número, ou seja, mais de sete horas além das três já passadas!

Lisboa é a Capital do nosso país, tem um dos aeroportos mais movimentados da Europa por via da sua localização, da Diáspora e da multiculturalidade, tem das populações mais heterogéneas do mundo e a Loja do Coitado do Cidadão que se situa no coração da cidade tem UMA pessoa a fazer antendimentos relacionados com passaportes!

Às 16h, exatamente três horas e meia antes do fecho da Loja do Cidadão, colocaram um aviso em cima do dispensador de senhas a dizer “As senhas para passaportes estão suspensas”. Como o aviso era todo bonito, feito e impresso em computador, prontinho para suspender senhas, percebi que não fora uma situação pontual. Enfim, vamos a conclusões. Na impossibilidade de prestar um serviço de forma eficaz, ao invés de tentarmos melhorar, “suspendemos” o serviço! Será esta a imagem que o nosso país quer criar? É assim que se sai da crise?

Está difícil ser cidadão na Capital! Ainda esta semana vou tentar na província e depois dou-vos notícia!

Tenho dito!

jpv


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Pedintes Preguiçosos, Divertidos, Desavergonhados e Inovadores

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Caros Leitores e Amigos,
Deixem-me começar por dizer, antes de tudo o resto, que eu respeito as pessoas que verdadeiramente necessitam e se veem forçadas a pedir na rua por necessidade. Este post não pretende brincar com a situação dessas pessoas.

Entendidos em relação a isto, não posso deixar de contar-vos algo que me aconteceu hoje. Por motivos de trabalho tive de andar de um lado para o outro em Lisboa. Fantástica cidade, de resto. E como em todas as grandes cidades, e não só, Lisboa também tem, infelizmente, pedintes.

Eh pá, mas hoje eu conheci uma nova estirpe de pedintes. Conheci os pedintes preguiçosos, divertidos, simpáticos, desenvergonhados e inovadores. É verdade existem. É um facto que não deixam de ser pedintes mas não invocam a necessidade nem a pobreza para pedirem. Como a imagem documenta pedem para a ressaca, o whisky, o vinho e para mais cerveja e auto-intitulam-se sinceros porque, pelo menos dizem porque é que pedem. Estão infelizes? Não. Pelo menos não demonstram e não querem demonstrar. Pedem por fome? Não. Pedem para roupa? Não. Para os filhos? Não. Para curar uma doença? Não. Pedem porque são preguiçosos! Inacreditável. E sabem que mais? Têm um cartãozinho com o endereço de um site onde referem que montaram um sistema para as pessoas poderem dar esmola online e de forma limpa sem se ter de aproximar deles!

Perguntei se podia tirar uma foto ao “estendal”. Ele disse que sim e no momento da foto colocou-se à frente do telemóvel e mostrou a placa “Fotos 278€”.

Claro que isto invoca assuntos muito sérios, mas é curioso, de entre todas as análises possíveis, como é do seio dos que menos têm que surge a boa disposição e um sorriso. Aquele tipo, e os amigos dele, pode estar a fazer uma série de coisas discutíveis, a situação dele tanto pode ser confortável como absolutamente trágica, o certo é que me arrancou um sorriso. E, apesar de se auto-intitularem preguiçosos, a verdade é que ganhar a vida assim exige muita imaginação e muito engenho…