Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Crónicas de Maledicência – O Descrédito das Cimeiras

Crónicas de Maledicência – O Descrédito das Cimeiras

Ora, caros leitores e amigos, parece que vem aí mais uma cimeira. Não sei qual é, nem onde é, nem com quem é. Desliguei. Sei que será determinante e definitiva. Como as últimas 19!

Eu não sei se os políticos sabem que a malta sabe que, se eles reúnem 19 vezes, em 19 reuniões determinantes e definitivas e não sai de lá nada de determinante e definitivo, então, nós sabemos ou, pelo menos, intuímos, que “determinante” e “definitivo” são só palavras. Vãs.

O Mundo está na mesma. O Ambiente piora, a Economia piora, as Pessoas sofrem mais, os Problemas agravam-se e estas Cimeiras determinantes e definitivas são rituais de acasalamento absolutamente fúteis. Em linguagem popular: uma palhaçada! O facto é que as cimeiras caíram no descrédito total porque já ninguém acredita nelas e constituem só mais uma forma de gastar dinheiro dos contribuintes desnecessariamente.

Meus Senhores, e que tal reunir menos e trabalhar mais?

Tenho dito!
jpv


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Via Crucis – Décima Quarta Estação

XIV – Décima Quarta Estação

Jesus é Sepultado

Seria só um corpo sobre uma laje
Envergando exíguo traje,
Não fosse o corpo do meu sofrimento,
A casa da minha alma
Neste breve momento,
Nesta doce passagem.
Já o vivi,
Já o sofri,
Já o despi.
Já não sou eu.
Olho-o de fora
E vejo pouco de meu.
A carne é uma ilusão,
O corpo é uma prisão,
Mas é com ele que se espera
E é com ele que se ama.
O corpo é pouco,
Mas é o corpo
Que dá forma à alma.

Bastou o espírito
E o Divino desejo
Para que se conseguisse
O ensejo
De rolar a pedra.
A única pedra que conta
Vive na nossa cabeça.
Não há pedra que impeça
A liberdade da mente,
Aquela que ilumina a gente
Quando a escuridão se abate.

É preciso ser visto por uma mulher
Antes de voltar a correr mundo.
A mulher tem o olhar fecundo
E a alma prenhe de liberdade.
É preciso alguém que acredite
E saia a correr
Contando ao povo
Que viu o Homem Novo.
E é preciso, depois,
Que se grave pela escrita
A notícia bonita
Do mundo limpo
do pecado.
E é preciso, ainda,
Quem ouvir
Esta história linda,
Conheça também
O mundo conspurcado.

O que é a luz
Sem a escuridão?
O que é o conhecimento
Sem a ignorância?
A vida
Sem a morte?
O rumo
Sem a errância?
O que é o filho
Sem o Pai?
O verbo
Sem o sentido?
Ninguém sabe para onde vai
Se antes não estiver perdido.

É preciso o sangue
E o suor
Para que se perceba
Melhor
O poder da redenção
Pelo Amor.

Perdei-vos, humanos,
Perdei-vos.
Sacrificai-vos,
Castigai a carne
E a mente.
Amai-vos uns aos outros
E pecai.
Experimentai
Todas as coisas da vida.
Correi os riscos todos,
Aceitai cada mão estendida.
Enfrentai todos os perigos
Com humildade
E altivez
Que é ténue e breve,
A estrada,
E só se percorre uma vez.

Não temais a morte.
É só um sopro,
Um breve instante.
Fazei da vida
A vossa constante
E sorvei cada momento.

Voai!
Navegai!
Correi!
E amai de novo.
E pecai de novo.
Eu hei de voltar!

Não negueis a tortura
Que só ela
Vos pode mostrar
Da vida, a doçura.
Tudo o resto se resume
A uma laje cobrindo
Uma sepultura.

E escrevei!
Gravai o que vos digo.
E quando a dúvida,
Na boca do viajante,
Vos perguntar
Quem vos ensinou isto,
Respondei
Com Fé e Esperança nas palavras
Que foi Vosso Senhor Jesus Cristo.
Condenado à morte.
Entregue à minha funesta sorte.
Já nascido,
Preparado, já,
Para a caminhada.
O pó nos pés,
Pela frente,
A imensa estrada…
jpv – Via Crucis – XIV

Termina aqui o projeto
Via Crucis. Um agradecimento
a todos os que foram enviando
mensagens de motivação.
jpv

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Via Crucis – Décima Terceira Estação

XIII – Décima Terceira Estação

Jesus é Descido da cruz

Os mesmos homens
Que me condenaram,
Esses mesmos
Que me rasgaram a pele,
Esses que me empurraram,
Me pregaram ao madeiro
E me içaram,
Esses homens me estão descendo.

Sou um homem morto,
Um Cristo renascido.
Abdiquei de ter vivido
Para que se fizesse
Esta justiça.

Morro,
Mas vivo.

Desço,
E à medida
Que se aproxima o solo,
As mulheres me recebem
Para consolo
De minhas feridas
E suas almas.
A mãe.
A irmã.
A companheira.
Irmanadas da mesma coragem,
Da mesma canseira,
Unidas na minha viagem.

Desço,
E com a minha descida
Ergue-se o que hoje represento.
O alento,
A confiança,
A Fé e a Esperança.
E puro, pujante e com fulgor,
Anuncio o Amor
Entre os homens.

Escrevei,
Apóstolos de mim.
Escrevei a minha queda,
Anunciai o meu fim,
Princípio da nova era.
Gravai a letras de Fé
Que é possível a quimera,
Chegou o tempo
Sem idade.
Morreu o filho de Deus
Para limpar o pecado
Da Humanidade.

jpv – Via Crucis – XIII