Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Via Crucis – Quarta Estação

IV- Quarta Estação

Jesus encontra sua Mãe

Porque me olhas, Mãe?
Porque te não escondes na multidão?
Porque me olhas e confortas,
Se meu Pai nos votou à perdição?
Tu, mãe sem marido,
Eu, filho sem pai,
Sabes, só, ter parido
A mentira dos outros,
A tua verdade.

Não temos tempo, Mãe!
O tempo arde
Enquanto assumes a coragem
Que pertence a meu Pai covarde.
Porque te não envergonhas
Das minhas passadas?
Porque me ajudas e confortas?
Estão fechadas para ti
Todas as portas.
Há mistério
No mistério de ser mãe.
Pareces levar a sério
O que mais ninguém
Escuta
Ou acredita.
Minha errante caminhada,
Minha solitária desdita.

Tens o tempo
Esculpido na pele,
Mas permaneces suave
E acolhedora,
E vive em ti a força que me impele
A caminhar para a sepultura.

És o conforto.
És o tempo que não passa.
Avé Maria, minha Mãe,
Sempre cheia de Graça!

Não és menos
Por não seres divina.
Ainda hoje subirás esta colina.
E, faças o que depois fizeres,
Teu lugar é perene
No coração de todas as mulheres.

Deixa-me ir, Maria,
Pode ser que o meu calvário
Neste funesto e rigoroso dia
Ao menos te salve a ti .
Ao menos a ti…

Seja feita a Sua vontade!
Seja ela qual for.
Viva Ele na impunidade,
Morramos nós no Amor.
E essa,
Será nossa vontade realizada.
Hoje, filho de um Deus órfão.
Amanhã, em teu colo aconchegado.

Restará somente uma verdade:
O que n’Ele for violência
Em Ti será Piedade.

jpv – Via Crucis – IV


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Via Crucis – Terceira Estação

III – Terceira Estação

Jesus cai pela Primeira vez

Senti o chão fugir
E caí pela primeira vez
Sabendo que voltaria a cair.
É este o meu fado,
É esta a minha sina,
Cair e levantar-me
Até subir a derradeira colina.

Quantas vezes cai um homem?
E quantas se levanta?
Quantas vezes se ilude?
E quantas se desencanta?

Tinha forças para caminhar,
O passo firme e certo.
Com essas forças vim a tombar
E o destino não está perto.

Dá-me coragem, Pai!
De todas as tarefas que me Deste,
De todas as exigências que Fizeste,
Morrer é a mais fácil.
Difícil é levantar-me.
Sou um homem prostrado
E, uma vez levantado,
O meu Destino é cair de novo.
Não sei onde me agarre.
Não conheço quem me ampare.
Sei que preciso erguer-me
E caminhar.
Como te percebo, Lázaro!
Dormias o sono tranquilo
Da eternidade
E ordenaram que te reerguesses
Para esta vida de tombos.

Mas há este sentido,
Esta força indómita
E invisível,
Que torna possível
O esforço maior.

Reergo-me, Pai, e ando.
E aguardo, paciente,
O pior!

jpv – Via Crucis – III


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Via Crucis – Segunda Estação

II – Segunda Estação

Jesus carrega a Cruz às costas

Sem direito a opinião,
Sem reconhecimento nem louvor,
Carrego a nossa cruz
Como se Te fizesse um favor.
O que mais me dói,
O que me perturba mais,
É não perceber a razão
Desta dádiva
De violência
Nascida em Ti,
Morta na minha Paixão.

Porque me castigas, Pai?
Carrego a cruz da dor
Em nome do Amor,
E carrego, fustigada e desiludida,
A cruz da minha vida.
Pobre madeiro cruzado!
É leve,
Ainda que pareça pesado.
Não exige mais do que a carne
E o sangue
E o suor.
Já a vida,
Pede coisa maior.
É preciso,
Como pediste,
Entregar-lhe o Amor,
A Esperança e a Fé!
E permanecer,
Na tempestade,
Digno e de pé!

Como não cair, Pai?
Como não ceder à tentação?
Como merecer tudo
E depois morrer pela Paixão?

Feitas estão as coisas…
Determinadas e irreversíveis.
E, de entre as promessas possíveis,
Ofereceste-nos a Vida Eterna.
Se ao menos fosse terna,
Agradável e doce,
Ainda que efémera fosse…

Não prometas, Pai!
Não prometas o palácio
Se só podes oferecer os escombros.
Sabes, Pai,
Somos nós que levamos a cruz aos ombros!

jpv – Via Crucis – II


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Por causa dA Dívida – XIV


Caros leitores,

Dulce Morais, quer dizer, já não sei bem se foi ela ou uma tal de Alice Ferrier, mas, enfim, o importante é que acabou de chegar ao Crazy 40 BlogCapítulo XIV de “Por causa dA Dívida”.

Em breve tentaremos continuar a história, ou o que resta dela (!!!) nestas páginas com o Capítulo XV.


Antes de mais, contudo, terei de verificar se ainda sou co-autor da mesma ou se a tal da Alice veio para ficar…


Boas leituras!