Crónicas de Maledicência – Batalha Naval
A vida está cara. O telefone está caro, a luz está cara, a água está cara, os ovos estão caros, o leite está caro, a carne está cara, o peixe está caro e as peritagens… uiii, as peritagens estão pela hora da morte. Quando vou ao supermercado, evito sempre o corredor das peritagens!
O senhor Procurador-Geral da República disse que não se fazia uma peritagem ao caso da compra dos submarinos porque as peritagens estão caríssimas. Eu estou de acordo que elas estão caríssimas e sei que o país está em crise. Mas importa saber em relação a quê é que as peritagens estão caríssimas. Por exemplo, uma peritagem é mais cara do que dois submarinos de que não precisamos, adquiridos pelo país na vigência de um Ministro da Defesa que nunca foi militar, com dinheiro emprestado a altíssimos juros pelo país que vendeu os submarinos?
Peço desculpa por discordar, senhor Procurador-Geral da República, mas o contribuinte que há em mim não se importa de pagar essa peritagem por cara que seja. Mais, fazendo uma breve incursão por jornais ou dedicando trinta minutos por dia a noticiários televisivos, percebe-se com facilidade que Portugal paga todos os dias peritagens e comissões de inquérito e comissões de análise e avaliações e… tudo e mais alguma coisa.
Um dos senhores estrangeiros que fez o negócio disse que, para fazê-lo, só falou com gente normal e não contactou ninguém do então Governo. Acho mal. Senão vejamos, os submarinos são portugueses, quer dizer, pertencem ao Estado Português. Quem pode adquirir e vender em nome do Estado Português, quem é? O Governo. Ora, se o Estado Português comprou dois submarinos e o vendedor não contactou com ninguém do Governo, eu só vim aqui dizer que não fui eu! O que já se antecipava e eu consigo provar com alguma facilidade: é que eu não sou um tipo nada normal!
Por alguma razão, vá-se lá saber qual, as peritagens ficaram agora a um preço inacessível. Só resta saber quanto nos vai custar a ignorância. Mas, cuidado, normalmente a ignorância sai caríssima!
Tenho dito.
jpv
Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me!
Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras...
jpvideira
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