Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Divulgar o Dote da Princesa

O Município de Torres Novas continua a surpreender-nos com a sua capacidade organizativa e de realização.
Este ano, não terá uma feira medieval, mas uma feira quinhentista. De novo, ancorada em factos históricos. Haverá representações sobre o Dote da Princesa, o Baile da Princesa, workshops de costura da época, teatro e banquetes. Tudo em torno de uma feira que valerá a pena visitar.

Não tem, não sabe o que fazer no próximo fim-de-semana? Venha ver o Dote da Princesa!


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Crónicas de Maledicência – Livre Arbitragem

Crónicas de Maledicência – Livre Arbitragem

Eu cá, sou benfiquista. E, nessa medida, quero que o Sporting perca sempre. Isto não é mau nem bom. É assim desde o princípio dos tempos, mais coisa, menos coisa. De resto, os sportinguistas querem o mesmo, mas ao contrário o que, a meu ver, está muito bem. Há exceções. Por exemplo, nos jogos internacionais, sou português e quando joga o Sporting sou sportinguista durante noventa minutos. Acontece que, para querer que o Sporting perca, é preciso, é mesmo fundamental, que o Sporting exista. Digo isto porque, de onde menos se esperaria, quando menos se esperaria, chegam notícias de auto-destruição.

Um dirigente do clube de Alvalade foi constituído arguido num processo de corrupção em torno da arbitragem. Segundo os jornais, está acusado de cinco crimes. Ressalve-se e realce-se que um arguido não é um culpado. Também é verdade que não é um simples suspeito. É verdade, ainda, que, em Portugal, há muito se fala de clubes que aliciam árbitros seja com dinheiro, seja com viagens ao Brasil. Nalguns casos a culpa morreu solteira.

O que penso é que a corrupção deve ser combatida e condenada independentemente do ambiente social em que aconteça e, no caso do futebol, independentemente dos clubes que envolva. É preciso ser célere e exemplar. Quando Vale e Azevedo foi condenado por ter usado em seu proveito verbas de transações de jogadores, achei muito bem que fosse punido. Vigarice, investigação, processo, condenação, é um alinhamento que faz sentido na minha cabeça.

Ora, este senhor dirigente do Sporting foi constituído arguido, logo, pende sobre si forte suspeita de falseamento da verdade desportiva. Não é difícil perceber que o Sporting merece melhor, merece não estar envolvido nestas trapalhadas. O que já é difícil perceber, é a atuação do clube em relação ao dito dirigente. Primeiro fez aquilo que me pareceu razoável. Afastou o senhor.  Depois fez o inimaginável. Aceitou-o de volta às funções de dirigente desportivo do clube. Quem está de fora fica a saber o quê? Que, para um dos maiores clubes portugueses, qualquer um pode ser dirigente, mesmo que penda sobre si forte suspeita de corrupção.

Acho que o Sporting merece melhor. Acho que a idoneidade do clube não pode ser beliscada nem confundida com a putativa, agora posta em causa pelos tribunais, idoneidade dos dirigentes.

Portugal é, infelizmente, um país onde se promove a ignorância e se premeia a desonestidade. E às vezes é só porque não tem o cuidado e a coragem de combatê-los. A meu ver, era imperioso que, enquanto o caso não estivesse resolvido, o senhor, por razões éticas, saía do clube e não continuava a ter poder de decisão numa esfera de ação em que está sob suspeita.

Se não vejamos, ele voltou, imaginemos que o processo demora seis meses ou um ano e o senhor é condenado. Que vai dizer o clube aos sócios, adeptos e portugueses em geral? Que esteve a ser dirigido por uma pessoa que não tinha idoneidade para o fazer?

Afastá-lo agora seria uma atitude do mais elementar bom-senso. O Sporting e os sportinguistas mereciam isso. Mas não. Que interessa lá isso?! Vivemos num país de livre arbitragem. Cada um apita por si!
Tenho dito
jpv


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O Clã do Comboio – Reencontro

Reencontro

O Escritor reencontrou-se com o Clã do Comboio numa noite memorável.
O convite apareceu quase de surpresa, Na sexta-feira vamos jantar juntos, queres vir? Claro, deixa ver se posso. E podia.

Encontrámo-nos no restaurante “O Constantino das Enguias” em Foros de Benfica e comemos… claro, enguias. Fritas e ensopado. Ambos muito bem servidos, muito bem regados e o Clã fez-lhes as honras com apetite voraz!

Estiveram o Escritor e sua esposa, a Senhora da Revista de Culinária, a Rapariga com Brinco de Pérola, o Rapaz do Fato Cinzento, a Rapariga do Riso Fácil, a Generosa Lili, a Senhora das Caralhotas e seu esposo,  e um moço muito simpático que, ao que parece, acompanhava a Generosa Lili não obstante esta se ter demonstrado muito atenciosa para com o Rapaz do Fato Cinzento.

O primeiro momento do reencontro foi muito interessante. Foi um abrir sincero de sorrisos, de saudades, de perguntas a reatar laços e a garantir que tudo estava bem para todos. Apertos de mão, abraços, graçolas e uma boa disposição contagiante. Houve brindes, histórias, anedotas e episódios recordados e houve um comer voraz… não posso esquecer-me de que deixei de contar travessas de enguias fritas para aí à sexta, correram pelo menos quatro tachos de ensopado. A Senhora das Caralhotas é de um apetite de fazer inveja ao Astérix. Tudo o que vier morre. Já todos tinham comido e ela diz, Não fica aqui nada! E pimba atira-se ao ensopado e quando a malta ia nas sobremesas, ela contra-atacou, Hum… vou comer mais uma enguiazinha e diz para o Rapaz do fato Cinzento, Bebe pá, que esta malta está a pagar para a gente beber! Gargalhada geral. O tempo voou. Foi um reencontro intenso e interessante. A Calma da Rapariga com Brinco de Pérola, o sorriso malandro da Senhora da Revista de Culinária, a loucura desbocada da Senhora das Caralhotas e seu simpático marido, a simpatia da Rapariga do Riso Fácil, a saudade do Escritor…E não excluímos, nunca, ninguém. Desta vez, por exemplo, percorremos os nossos amigos ausentes um a um e falámos deles como se estivessem connosco. A todos aqui deixo uma saudação em nome dos que foram às enguias do Constantino.

No regresso, o Escritor, sua esposa, a Rapariga do Riso Fácil, o Rapaz do Fato Cinzento e a Rapariga com Brinco de Pérola vieram juntos no mesmo carro falando de livros. De um pormenor em particular: dos títulos dos livros. Do seu poder. Como nos conquistam. Os mais memoráveis e, depois, falávamos dos livros propriamente ditos.

Já me lembro porque é que o Clã do Comboio veio a ser o Clã do Comboio. Porque se encontraram pessoas fantásticas no espaço de rituais idênticos. Até breve!

Escritor


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Por causa dA Dívida – IX

Por causa dA Dívida – IX

Ai meu Deus, estou tramada. Agora tirou-me o carro. Diz que o vendeu. O meu maridão enlouqueceu. Então como é que eu me desloco para todo o lado? Ai vai ouvi-las, vai… o pior é que já usei os argumentos quase todos e ele não cedeu. Aliás, o tipo parece determinado como nunca. O que será que ele fez ao dinheiro do desfalque? Havia um desfalque, acho eu… lá vem ele… tenho de fazer uma choradeira primeiro e falar-lhe ao coração depois…

– Olá Marinho, olhe, eu continuo a dizer que está a ir longe de mais com essa história do carro. Se não cumpre a sua palavra nesse aspeto, eu também posso não cumprir a minha… sei lá… na cama! Já viu que aborrecido que era?
– Não seja patética, Belinha, deixe-se de parvoíces.
– Parvoíces, Marinho, mas que linguagem é essa? Não estou a reconhecê-lo.
– E se não muda de atitude vai é deixar de ver-me!
– Ah! A ameaçar com o divórcio. Não seja baixo! Os homens não prestam mesmo.
– Não, não estou a ameaçá-la com o divórcio. Se as minhas suspeitas se confirmarem, o divórcio será o menor dos nossos problemas.
– Ai, Mário, está a assustar-me…
– Pois é, Belinha, estamos perto do fim…
– Não me diga que é por causa do desfalque?
– Qual desfalque? Não há desfalque nenhum!
– Ai Mário, comece a fazer sentido! O que se passa?
– É o João e a Dulce!
– Ai querido, agora estou mesmo assustada, quem são esses? Alguém que eu deva conhecer?
– Sua tonta! Sua burra! São os nossos autores!
– Os nossos autores? Ai querido, cada vez percebo menos…
– Eu explico… nós não somos pessoas a sério, somos personagens numa história. E o nosso Deus… são dois! O João e a Dulce. Eles é que determinam os nossos atos e o nosso destino.
– E…
– E eu ouvi uma conversa entre eles, estava eu aqui no caderno e eles iam no comboio a falar de nós… estão zangadíssimos connosco. Dizem que somos uns interesseiros, desonestos, só sabemos é mentir um ao outro, trairmo-nos mutuamente e gastar acima das nossas possibilidades. Parece que estão a considerar…
– Matar-nos?
– Acho que não iriam tão longe, mas suspeito que querem que deixemos de existir…
– E qual é a diferença?
– É que assim nem precisam de inventar a nossa morte! Desaparecemos para sempre e pronto.
– Ai, Mário, não! Isso não! Ser suprimida da existência para todo o sempre, isso não!
– Pois, mas, ou mudamos de atitude, ou… não temos saída…
– Marinho…
– Sim…
– Há uma coisa que eu não percebo…
– Sim…
– Se esse João e essa Dulce são os nossos autores e determinam os nossos atos e o nosso destino, então não são eles os responsáveis primeiros por sermos como somos?!
– Aparentemente sim, Belinha. Acontece que há duas coisas que os autores têm e de que nunca abdicam…
– Então? O quê?
– Pancada e prerrogativa!
– Isso quer dizer que nos criam, nos guiam e depois têm o direito de não gostar de nós?
– Tal e qual!
– Miseráveis! Ouviram, senhores autores? Senhor João e senhora Dulce, sois uns miseráveis!
– Cala-te, sua delambida imoral!
– Sim, cala-te sua perversa mentirosa!
– Foi você que falou, Mário?
– Eu não, Belinha, estava a ouvi-la com atenção…
Fomos nós, os autores, calem-se, mudem de atitude e vejam lá se dão algum interesse a esta história!
– Eu não lhe disse que eles estavam zangados, Belinha?! É a tal coisa… pancada e prerrogativa.
– Olhe, Mário, eu acho que os nossos autores são uns imbecis, em todo o caso, como estamos num beco sem saída, faço-lhe uma proposta…
– Diga, minha querida.
– Façamos um pacto de honestidade.
– Então e não é preciso ser honesto para isso?
– É!
– Mas nós não somos!
– Mas podemos começar a ser.
– Ó Belinha, eu não sei se sei ser honesto…
– Também eu não sei se sei viver sem mentir, mas temos de tentar…
– E como é que fazíamos isso?
– Veja lá se gosta desta ideia… eu conto-lhe toda a verdade sobre as minhas patranhas e mentiras e o Mário conta-me toda a verdade sobre as suas… assim, como se começássemos do zero e depois íamos ser boas pessoas, com princípios.
– Isso é muito arrojado, mas podemos tentar… comece a Belinha…
– Muito bem, começo eu. Olhe, eu tenho um cartão de crédito às escondidas e farto-me de gastar com ele, às vezes por pura vingança. Compro tudo o que me apetece. Para mim e até para umas amigas. Estou sempre a ignorar as suas preocupações com dinheiro e faço chantagem com a nossa vida íntima… o sexo! E… e… e eu sei que deu um desfalque  num negócio que propôs ao nosso cunhado, mas fingi que não sabia para poder gastar o dinheiro. E uma vez, há muitos anos, tive um caso com um colega seu, o Eduardo, mas agora já acabou. Pronto, já está. Agora é a sua vez.
– Olhe, Belinha, eu podia dizer que estou espantado, mas a verdade é que fiz pior. Eu fui para a cama com a Marlene, somos amantes, e às vezes a Belinha está a falar e eu só penso nela. E, sim, é verdade, enganei o nosso cunhado, paguei umas contas, mas comprei a viagem às Maldivas e fiquei com uma pipa de massa para os meus luxos e vícios. Antes tivesse estado quieto, a PJ anda atrás de mim e está a um passo de descobrir tudo.

– Dulce…
– Sim, JP…
– Estes tipos não têm emenda, Dulce.
– Pois não, JP.
– Ainda agora fizeram um pacto de honestidade e já estão a mentir um ao outro.
– É verdade, JP, ela não revelou os encontros com o miúdo, o Hugo. Aquilo ainda vai dar chatice.
– Pois é, Dulce, e ele não revelou que também vai para a cama com a Andreia e Sandra e… nem sequer contou a história do anel que deu à Marlene.
– Pois é, JP, mas em relação a isso ela também foi desonesta porque sabe da história do anel e não abriu o jogo…
– Olha, Dulce, cá para mim, estes dois não têm emenda.
– Pois não, JP.
– Dulce…
– Sim, JP…
– Vê lá se endireitas isto no próximo capítulo!
– JP, tu não vais ficar por aqui e deixar isto tudo em suspenso. Tu não te vais embora e deixar-me com esta baralhada nas mãos, pois não?
– Ai vou, vou…
– JP! Vem cá! Anda escrever o resto!
– Bye, bye, Dulce…

jpv


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Crónicas de Maledicência – Cuspir para o Ar

Crónicas de Maledicência – Cuspir para o Ar

Não sei se os leitores se lembram, mas eu recordo, há pouco tempo foi discutido, debatido e votado pelos países da UE se a Grécia e Portugal deveriam, ou não, ter direito a um pacote financeiro de Ajuda Externa. O segundo no caso da Grécia, o primeiro no nosso caso.

Na altura, houve dois países que mostraram grande relutância em ajudar os mediterrânicos. A Finlândia e a Holanda. O Governo holandês foi, de resto, o mais violento na forma como se expressou. Acusou os dois países parceiros de laxismo e irresponsabilidade e posicionou-se claramente contra a ajuda.

O Governo holandês é um Governo de Direita apoiado, para governar, por um partido de extrema-direita. Esta semana surgiu a notícia de que o Primeiro-Ministro da laranja mecânica, das socas, dos moinhos e das tulipas iria apresentar a sua demissão à rainha Beatriz porque não tinha chegado a acordo com o líder do partido que apoia o seu na governação a propósito de um assunto considerado vital para a nação laranja: um empréstimo, no âmbito da Ajuda Externa, de 16 mil milhões de Euros.

Eu acho que deveriam emprestar-lhes o dinheiro. E acho que Portugal deveria votar a favor, mas também acho que, quando o fizesse, deveria relembrar o recente episódio da arrogância holandesa. É como a malta dizia, quando éramos cachopos: não cuspas para o ar…

Tenho dito
jpv


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Sexo

Sexo

A minha pele na tua pele.
A minha língua no teu corpo.
Paira um odor de flores e de mel,
O mundo parou
E eu estou tomado e absorto.
Não sei onde acabo,
Nem tão pouco onde começas.
Sei que chegámos aqui
Sem ânsias nem pressas.
O teu calor
Nas minhas mãos.
A minha vontade sobre ti,
Um momento trepidante,
Um arrepio que senti.

E quando estamos
Nesse cume
Do desejo,
Cada toque
É como lume
Ardendo num beijo.
E quanto mais me incitas,
Mais gritas que pare,
Mais te possuo e quero.
Há coisas que ficam mais bonitas
Quando te contrario
No vórtex do desvario.
E não paro!
Retomo com energia,
Sem medida nem nexo.
É que isto não é amor,
É ardente e descontrolado sexo!

jpv


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Sussurro do Além

Sussurro do Além

Não me lembro, já,
Do odor do teu sexo.
O mundo tornou-se
Num emaranhado complexo
De acontecimentos que não domino.
De calores que não sinto,
De amores que não vivo,
De palavras que não conheço.
Em ti começo.
Em mim termino.
É bom de pagar, o preço,
Da mortalidade
Quando um homem já não tem idade.
Não envelheci.
Nunca fui velho.
Morri,
Porque não segui o conselho
De envelhecer,
Que é morrer
Aos bocadinhos.
Escolhi sempre os meus caminhos
E percorri-os com esperança,
Até que nessa dança
Da vida e da morte
Me faltou corpo para tanta vida.

E, hoje,
À beira-eternidade sentado,
Olho o Universo e penso
Que foi melhor ter vivido.
Até as más escolhas foram boas.
Não há nada que canse o corpo
E derrote a mente.
E é por isso que te vejo aí em baixo
E te grito,
Convicto,
Tu, Humano,
Vives de viver intensamente!

jpv


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Crónicas de Maledicência – Batalha Naval

Crónicas de Maledicência – Batalha Naval

A vida está cara. O telefone está caro, a luz está cara, a água está cara, os ovos estão caros, o leite está caro, a carne está cara, o peixe está caro e as peritagens… uiii, as peritagens estão pela hora da morte. Quando vou ao supermercado, evito sempre o corredor das peritagens!

O senhor Procurador-Geral da República disse que não se fazia uma peritagem ao caso da compra dos submarinos porque as peritagens estão caríssimas. Eu estou de acordo que elas estão caríssimas e sei que o país está em crise. Mas importa saber em relação a quê é que as peritagens estão caríssimas. Por exemplo, uma peritagem é mais cara do que dois submarinos de que não precisamos, adquiridos pelo país na vigência de um Ministro da Defesa que nunca foi militar, com dinheiro emprestado a altíssimos juros pelo país que vendeu os submarinos?


Peço desculpa por discordar, senhor Procurador-Geral da República, mas o contribuinte que há em mim não se importa de pagar essa peritagem por cara que seja. Mais, fazendo uma breve incursão por jornais ou dedicando trinta minutos por dia a noticiários televisivos, percebe-se com facilidade que Portugal paga todos os dias peritagens e comissões de inquérito e comissões de análise e avaliações e… tudo e mais alguma coisa.


Um dos senhores estrangeiros que fez o negócio disse que, para fazê-lo, só falou com gente normal e não contactou ninguém do então Governo. Acho mal. Senão vejamos, os submarinos são portugueses, quer dizer, pertencem ao Estado Português. Quem pode adquirir e vender em nome do Estado Português, quem é? O Governo. Ora, se o Estado Português comprou dois submarinos e o vendedor não contactou com  ninguém do Governo, eu só vim aqui dizer que não fui eu! O que já se antecipava e eu consigo provar com alguma facilidade: é que eu não sou um tipo nada normal!


Por alguma razão, vá-se lá saber qual, as peritagens ficaram agora a um preço inacessível. Só resta saber quanto nos vai custar a ignorância. Mas, cuidado, normalmente a ignorância sai caríssima!

Tenho dito.
jpv


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Receita para uma Tarde de Chuva

Receita para uma Tarde de Chuva

Ingredientes:

Chuva Q.B. consoante Deus a dê.
Algumas tiras de lombo de porco.
Umas batatinhas redondinhas, daquelas pré-cozinhadas, prontas para ir ao forno.
Espinafres.
Uma garrafa de vinho verde tinto de Amarante.
Malgas.
Um bom Romance.
Uma televisão e um sofá.

Modo de Preparação:

Deixar chover abundantemente. Escutar o tamborilar da água nas telhas.
Colocar o vinho no congelador.
Cozer os espinafres ao sal. Temperar com alho.
Esfregar as tiras de lombo com uma mistura de alho e piri-piri.
Assar as tiras de lombo com as batatas num tabuleiro de vidro, vulgo, Pyrex.
Colocar na mesa.
Abrir a garrafa de vinho e vazar nas malgas.
Comer e beber sem preconceitos.
Ligar a televisão num programa inócuo, de preferência, um daqueles eternos documentários sobre a vida animal na savana com leões a perseguir zebras. É importante que tenha aquela inconfundível voz de comentador da especialidade.
Recostar-se confortavelmente no sofá.
Abrir o romance, exatamente ao meio, e colocá-lo sobre o peito.

Esperar que o tempo passe, flua lentamente numa semiconsciência da existência entre o estar acordado e adormecido. Não se sobressaltar com nada. Não ter pressa nem vontade para mais nada. Deixe-se ficar nos braços de Morfeu.

Depois, diga-nos como correu…

Nota: como pormenor adicional, ainda que não obrigatório, e para que a preparação da receita corra mesmo bem, aconselha-se desligar todos os telefones e telemóveis.

jpv


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Crónicas de Maledicência – Don’t Cry for me Argentina

Crónicas de Maledicência – Don’t Cry for me Argentina

A senhora Cristina Kirchner, Chefe de Estado da Argentina, nacionalizou uma gasolineira que, naquele país, explorava a extração de petróleo. E logo se levantou um coro de ofendidos por esse mundo fora, uma plêiade de injuriados, Há aqui d’El Rey que se deu um furto, uma nação roubou uma gasolineira.

Em primeiro lugar, há que perguntar onde é que se escondem os mesmos ofendidos quando as empresas privadas roubam à saciedade os Estados, seja diretamente, seja por aproveitamentos indiretos diversos.

Em segundo lugar, importa referir que a Chefe de Estado da Argentina não nacionalizou para si. Nacionalizou para a Argentina e para os argentinos. É que faz toda a diferença!

Em terceiro lugar, há que reconhecer e relembrar que a senhora Kirchner entregou um plano de pagamento das ações que nacionalizou e mantém a empresa a funcionar preservando todos os postos de trabalho.

Em quarto lugar, e esta é mesmo muito relevante, a Chefe de Estado entregou o processo a um tribunal para ser validado e distribuiu 49% das ações nacionalizadas pelas províncias argentinas onde se extrai petróleo.

E pronto. Agora que já despachámos as trivialidades, vamos lá ao que interessa. A exploração de petróleo dá lucro, muito lucro. Mas tem regras. Naquele caso, por exemplo, a empresa tinha de apresentar níveis de produção compatíveis com o acordo celebrado. Acontece que, os mesmos que gritaram, Ai Jesus, roubaram uma gasolineira, esqueceram-se de mencionar que a empresa estava a ser paga para… NÃO produzir! A queda dos índices de produção era desastrosa sendo que a Argentina, país que subsiste em grande parte da venda do crude, estava na iminência de ter de o comprar!

Compreende-se que o processo seja complexo e compreende-se que seja necessária muita coragem por parte da Presidente da Argentina. Mas coragem parece não lhe faltar, até para dizer o óbvio: “Esta Presidente não responderá a qualquer ameaça (…) Sou um chefe de Estado, não uma vendedora de legumes (…) Todas as empresas presentes no país, mesmo que o acionista seja estrangeiro, são empresas argentinas.”

É natural que os comentadores portugueses, pífios de caráter, habituados a ver Portugal produzir energia que não o deixam exportar, habituados a ver a exportação de ovos a converter-se em importação, habituados a ver o Estado português a ceder a pressões e a soçobrar a tudo e a todos, estranhem. É o que acontece a quem não tem caráter quando vê um. Pergunta, Mas o que é isto?!

Tenho dito
jpv