Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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"Com Amor," – Documento 102

Meu Amor,

A vida partilhada contigo não tem sido boa, nem tem sido como planeáramos. Tem sido fantástica e melhor, muito melhor, do que alguma vez imagináramos.

Adoro os fins de tarde em que te preparo um petisco enquanto acabas qualquer coisa no computador.

Depois, eu chamo-te, tu vens para baixo, comemos juntos, beberricamos um espumoso amabile e vamos dar um passeio a pé enquanto conversamos.

Mais tarde, já em casa, preparamo-nos para dormir e eu interrompo-te o sono pela madrugada para fazermos amor sonolento e apaixonado.

Foi bom teres instalado o wireless cá em casa. Assim, podemos comunicar e posso escrever-te como sempre fizemos, como, afinal, aprendemos a conhecer-nos. O meu portátil cá em baixo e o teu computador aí em cima transformam-se em ferramentas de amar.

Tenho na mesa uma salada de alface e tomate com queijo fresco e pedacinhos de ananás, tenho uma omeleta de espargos e fiambre e um copo de Cabriz branco frio espera por ti.

E é neste ponto das nossas vidas, meu menino Rui, que me  sinto incomensuravelmente feliz por poder escrever-te este e-mail sabendo que dentro de segundos os meus lábios estarão junto aos teus.

Vem para baixo, meu querido Rui! Para sempre, todo o sempre, o único sempre!

Com Amor,

Verónica

——————————– FIM ——————————–


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"Com Amor," – Documento 101

Meu Menino Rui,

Não cresces. O tempo passa por ti e tu continuas a amar e a esbanjar carinho e ternura como se fosses um adolescente.

Não precisas esperar por mim, meu amor. Há já algum tempo que te espero. Em silêncio.

Não sei se as coisas com o Eduardo não correram bem porque não podia ou porque eu deixei de esforçar-me quando pressenti que poderias finalmente caminhar para mim com todas as tuas energias, com toda a tua disponibilidade.

Sou tua, Rui. Sou tua porque nunca fui de outro. Mesmo antes de conhecer-te.

Sim irei. Irei incondicionalmente ao encontro do que tens para dar-me, oferecendo-te tudo o que tenho. É pouco, Rui, mas é tudo o que tenho. É o meu ser. O meu sentir mais profundo e inteiro. A vida despida de tudo o que é acessório, no estado mais límpido, com o amor mais genuíno e juvenil que uma mulher pode encontrar em si, mesmo depois do cinquenta, Pouco depois! 🙂

Não tenho certezas. Estou cheia de dúvidas e prenhe de entusiasmo. Não imagino como seja viver contigo, mas sinto, no mais profundo de mim, que seja como habitar os meus sonhos, realizar as minhas fantasias.

Sim, Rui, quero o teu vigor e a tua paixão e quero o meu corpo sob o teu na sensualidade das carícias que só nós sabemos.

Irei, Rui, irei e não terás de esperar!

Irei determinada. Irei sem volta. Para todo o sempre. O único sempre.

Carícias mil,
Com Amor,

Verónica


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"Com Amor," – Documento 100

 

Meu Amor,

Tenho-me contrariado vezes sem conta, sempre em nome de pessoas e causas nobres. Nunca essas pessoas e causas fui eu ou foram minhas.

Há um ano, quando me divorciei, disse à Patrícia, Acusa-me do que quiseres, devo tê-lo feito. A frase não é minha, é de Brör, marido de Karen Blixen em “África Minha”. Esse despojamento e essa lisura resultaram num divórcio amigável em cada um tem as suas razões, as suas culpas e as suas recriminações, mas não as exercem em nome de um bem maior: a tranquilidade. Ao longo deste tempo tens-me apoiado incondicionalmente e, mesmo sem falarmos ou escrevermos com regularidade, tens sido um farol, uma orientação, e tens-me entregado todo o teu amor e toda a tua dedicação. Nunca ninguém foi tão apaixonado comigo. Nunca ninguém se me entregou tão completamente como o fizeste comigo. Sem qualquer interesse que não o de amar-me.

Quando me divorciei, não foi por ti, não foi por mais ninguém senão por mim mesmo. Por isso reivindiquei para mim um tempo de estar só, um tempo de reflexão, um tempo de pensar-me e pensar as minhas opções.

Não há opções porque há um só sentido para mim e para o tempo que me falta viver e esse sentido és tu. Tu és a força silenciosa que nunca me abandonou, o amor fundo que nunca deixou de orientar-me mesmo quando o não consciencializei. Amo-te, Verónica, amo-te como à vida, amo-te mais do que a mim próprio porque não há Eu verdadeiro e com sentido sem que Tu estejas nele.

Tu és o meu sentido. Tu és o meu caminho. Tu és a minha opção e a minha vida. Para que todas as minhas errâncias e todos os meus erros possam um dia fazer sentido, é preciso que sejam entendidos porque buscava nas outras mulheres aquilo que só em ti residia: a essência do amor, o sentido da vida!

Sou teu, Verónica, como nunca o meu ser pertenceu a outra pessoa e esperarei por ti o tempo que for necessário, nem que seja o tempo da minha vida. Afinal, o que representa esse tempo perante a eternidade de estarmos unidos?

Contaste-me que o teu relacionamento com o Eduardo vivia dias de hesitação. Incertezas. Alguns problemas que precisavam ser superados. Nunca fui tão parcial como serei agora. Deixa tudo isso para trás, meu amor, abandona todas essas tentativas de amar, todas essas ameaças de vida. O único amor e a única vida para ti sou eu, tal como tu para mim. Tudo e resto são minudências, são apêndices de vida, mas não a própria vida.

Sejamos felizes, Verónica, como mais ninguém pode sê-lo em conjunto, no sentir do coração, na promessa da alma e na ânsia do corpo.

Sim, sou teu, Verónica, e, mais do que isso, quero que sejas minha. Para sempre. Para todo o sempre. Para o único sempre.

Tu não queres essa tranquilidade que dizes darem-te. Tu queres o palpitar forte de um amor desmedido e isso é o que tenho para dar-te, é o que tens para dar-me.

Vem, meu amor, vem amar-me, vem ser amada, vem dar-me sentido. O do amor que anima a vida dos homens!

Com Amor,
Rui.


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AVISO!


“O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas injustiças dos egoístas e pela tirania dos homens maus. Abençoado é aquele que, em nome da caridade e da boa-vontade, pastoreia os fracos pelo vale da escuridão, pois ele é verdadeiramente o protetor de seu irmão e aquele que encontra as crianças perdidas. E Eu atacarei, com grande vingança e raiva furiosa, aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E vós sabereis que sou o Senhor quando minha vingança cair sobre vós”.

Ezequiel 25:17
Adaptado para “Pulp Fiction”


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Obrigado, Zé!

Há muito tempo que conheço o José Matias. E ele a mim. Simpatizámos naturalmente desde o início do nosso conhecimento e sempre mantivemos um trato afável e amistoso. Tudo gente boa, portanto. Mas, hoje, o Zé Matias surpreendeu-me pela generosidade. 
Eu estava na margem sul e precisava apanhar um comboio em St.ª Apolónia. Pedi-lhe boleia para Lisboa e combinámos que ele me deixaria ao pé de uma estação de Metro qualquer e eu depois ia à minha vida. Ora, como já era tarde, o Zé perguntou a que horas eu tinha comboio. Às 19:48, respondi. Eram 19:35 e estávamos em cima da ponte sobre o Tejo. O Zé diz que ainda é possível e eu digo-lhe que não e ele remata, contundente, Se eu te puser no Oriente ainda o apanhas. E vai daí, não só me deu boleia, como fez uma gincana célere até ao Oriente onde chegou 1 minuto antes do comboio. Subi as escadas a correr e quando cheguei estava o o regional das 19:48 – 19:56 no Oriente – a entrar na estação. Claro que o apanhei. Mas só porque a generosidade do Zé Matias e a sua solidariedade mo possibilitaram. No meio disto tudo, a Ana Rosa, que ia connosco, ainda foi trocando um palmo de conversa comigo. Foi assim uma viagem alucinogénica com muita coisa a acontecer ao mesmo tempo, mas em que tudo correu bem.
Resta concluir: Obrigado, Zé!
jpv