Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Motorcycle Chronicles – Awakening

Awakening

Ninguém sabia ao certo há quanto tempo estava ele enfiado naquele pardieiro. Ninguém sabia ao certo há quantos anos vivia naquela penumbra, naquelas condições sub-humanas. Por vontade própria.

Bryan Pots entrou no hospital com o filho, Jamie Pots, de doze anos, pela mão. Vieram esperar pelo momento de ver a sua mulher e mãe e o maninho que estava para nascer. O parto complicara-se. Ordenaram a Bryan que saísse e se reencontrasse na enfermaria com a equipa médica e com a sua mulher após o parto que teria de ser de cesariana. Bryan nunca mais viu Julie. Morrera. E a criança também. Quando lhe deram a notícia, lembra-se de ter largado a mão do filho que alguém levou dali e lembra-se de ter desfalecido e voltado a si e desfalecido e voltado a si em ondas de choque e semiconsciência até que, finalmente, olhando um ponto indefinido na parede verde-água do hospital, conseguiu pensar. Recordou. Nada no presente lhe interessava. Mergulhou no passado da paixão, do amor, da entrega, da partilha, do carinho, do sexo, do filho em comum, dos passeios sem fim na moto percorrendo a costa com o mar azul a estrondear a paisagem. E ficou lá. Ficou lá nesse dia e nunca mais voltou.

Lembrou-se de como se haviam conhecido, de como ela o fascinara com o seu entusiasmo pela moto, de como o ajudava a cuidar dela, do casamento em que, contra tudo e contra todos, apareceram juntos na igreja, em cima da moto, vestidos de cabedais e com lenços encarnados no pescoço. Lembrou-se dos passeios a desafiar o destino na auto-estrada com a vertigem da velocidade, serra acima, pelos campos fora e, sobretudo, pela praia, com o mar a salpicar a face e as roupas. Bryan não aceita que tudo isso tenha acabado, não sabe a vida sem ela, não tem Norte, está perdido. À sua maneira, morreu também.

No regresso a casa, passou pela mãe e deixou lá o pequeno Jamie, estacionou o carro ao lado da casa sob o alpendre que construíra para o efeito. A moto também lá estava. Lá ficou.

Bryan e Julie Pots viviam num antigo moinho abandonado. Reconstruíram-no com amor e soluções engenhosas de aproveitar o espaço. Estavam perto da cidade, mas suficientemente distantes para não terem vizinhos. Bastavam-se um ao outro. Viviam um para o outro. O moinho tinha três pisos. Um piso superior onde ficava a zona de dormir. Em baixo a zona de cozinha, a sala e a casa-de-banho e, à entrada, à esquerda, um pequeno alçapão que dava para um piso inferior. A este piso tinha-se acesso também por uma portinha lateral que ficava sob o alpendre que ele construíra para o carro e a moto. Nesse piso havia ferramentas, uma televisão antiga, uma pequena arca frigorífica, um sofá e toda a tralha que se não tinha deitado fora e aí viera morrer de velhice e desuso. Bryan entrou para essa divisão pela porta lateral há cinco anos e nunca mais saiu. Começaram a contar-se histórias incertas. Que saía nas noites de luar para gritar, injuriar o Criador. Que trepava às árvores e aí ficava noites inteiras contemplando o céu. Nunca ninguém o viu. Vive na mais absoluta indigência. A sua mãe, uma vez por semana, ao sábado, pega no neto, num saco com mantimentos e outro com roupas e vai pôr-lhos à porta, sob o alpendre. Chama sempre, Bryan, meu filho! Nunca obteve qualquer resposta. Os sacos de comida desapareceram sempre. Os de roupa foram-se amontoando à porta da cave até que ela resolveu trazê-los de volta. Bryan enterra-se no sofá e sonha. Come pouco. Sai à noite, urina e defeca, quase não abre os olhos e nunca mais se lavou. Por opção própria não voltou a subir aos outros pisos do moinho. Come só o essencial. Bebe água. Pouca. Os cabelos cresceram-lhe pelos ombros e pelas costas, as barbas espalharam-se pelo rosto e penduraram-se até ao peito e desabituou-se da luz. De dia, não sai do seu buraco. À noite, quando sai, quase não abre os olhos. Bryan não conseguiu suicidar-se, mas morreu para o mundo. Ao longo desses cinco anos, toda a casa se foi degradando, cortaram-lhe a luz e a água sem que tivesse reparado, a roupa que traz no corpo é a mesma com que estava no dia em que perdeu Julie e o bebé. O seu cheiro e o cheiro do seu cubículo de vegetar é nauseabundo, quase insuportável. Tem parasitas nas roupas, nos cabelos e nos corpo e não quer saber disso para nada. Está à espera de juntar-se a Julie. Cresceram ervas em torno do carro cujas borrachas se danificaram, os pneus sucumbiram ao tempo e estão vazios e, no mesmo alpendre, a moto reluz como se tivesse acabado de sair do stand. É um pormenor de discordância a destoar da degradação que a rodeia. E há uma razão para isso. Jamie tem cuidado dela. Aos sábados, quando a avó vai levar o saco com os mantimentos, Jamie fica por ali e vai limpando os cromados, a pele dos bancos e com o passar do tempo aprendeu a retirar algumas peças, limpá-las, mantê-las e a recolocá-las no lugar. No dia em que a sua mãe faleceu de parto, a avó veio ao moinho tentar falar com o pai e levou Jamie consigo. O jovem viu a chave da moto na ignição e um porta-chaves pendendo dela, tirou-a, guardou-a no bolso e sentiu-se um homem, o dono do Universo. Desde esse dia que a passeia no bolso como se guardasse a chave de um tesouro com a própria vida. E guarda. O tempo, como sempre, foi passando inexorável e indiferente ao sofrimento de Jamie. A partir de certa altura, começou a vir junto à casa também aos fins de tarde. Por vezes, chamava pelo pai, com o tempo foi chamando-o de forma diferente.

– Papá!
– Pai!
– Hei, tu!
– Egoísta de merda!
– Cabrão, filho da puta!
– Hei tu!
– Pai!
– Papá!

Desistiu.

Poucos dias antes de fazer dezoito anos, Jamie decidiu dar-se um presente. Iria ligar a moto. Passear com ela. Seria sua. O presente da sua maioridade. Afinal de contas, tinha cuidado dela durante quase seis anos, contara-lhe histórias, imaginara aventuras com ela e por causa dela aprendera a andar de moto.

Para Bryan Pots, o dia não amanheceu. Está enterrado no seu sofá que faz uma cova, coberto por uma manta imunda e à sua volta uma multidão de papéis e plásticos e recipientes abandonados marcam a escuridão do espaço. Apenas ouve mais ruídos e adivinha o dia. Mais um. Infelizmente.

Para Jamie Pots é um dia diferente. A avó mimou-o com um pequeno-almoço especial, combinaram que não iria à escola nesse dia, vestiu-se de cabedais, calçou umas botas pretas, colocou um lenço encarnado no pescoço, esfregou as chaves da moto entre os dedos, como que a puxar-lhes o lustro e colocou-as num bolso do blusão. Apanhou os transportes, fez uma caminhada a pé e quando chegou ao velho moinho, ela lá estava. Retirou-lhe a capa com que sempre a cobria, abriu o cadeado da corrente que prendia a moto a uma argola na parede, junto ao chão, trouxe-a para a estrada estreita frente ao moinho, sentou-se nela, colocou a chave, fez um compasso de espera com os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás a absorver o calor do astro-rei. Finalmente deu meia volta à chave.

Mesmo com a manutenção que Jamie lhe vinha fazendo, muita coisa poderia ter corrido mal, mas este dia era o dia do despertar. A moto trabalhou na perfeição. Ouviu-se o ronco grave do arranque, Jamie acelerou-a repetidas vezes, o fumo negro dissipou-se e agora está aoralenti, gorgitando aquele bater de coração forte e sonoroso próprio de uma moto potente. Jamie dá-lhe um tempo antes de arrancar, como que à espera que ela se reencontre consigo mesma, à espera que o seu coração volte à vida e normalize após longo sono. Está sentado na moto com os braços caídos olhando o horizonte, a vida toda para viver. Ouviu o ranger da velha porta do alpendre abrindo-se mas não reagiu. Tal como fizera com a moto, deu tempo. Pequenos passos no estrado do alpendre. Um homem envelhecido pelo sofrimento, sujo e mal cheiroso, sentou-se no banco por trás de Jamie, agarrou-se à cintura dele, tinha os olhos fechados quando disse:

– Vamos ver que vida ainda lhe resta. Cuidado, ela tem uma mania ao passar da 3ª para a 4ª.

Jamie não disse nada, mas pensou, Obrigado, meu Deus, permitiste que ele acordasse.

Rolam rápido junto ao mar, o vento fustiga-lhes as faces e as roupas, o homem andrajoso encostou a cabeça nas costas do rapaz vestido de cabedal e ouve-lhe o bater forte do coração. O rapaz conduz com perícia a moto que vai ronronando poder e deixa escapar lágrimas de felicidade ao vento.

jpv


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Citação do Sentir

“Tens aquele jeito do teu pai, aquele sentir profundo, aquela coisa…”
MLV


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Cores de Inverno

As cores enchem-se de força. Estão preparando os matizes da Primavera. Entregam à Terra o seu sangue e a sua pujança e sabem que vão renascer. Os ramos despem-se e por dentro a seiva os está revestindo de novas cores, e os frutos salpicam a paisagem seca com o calor dos seus tons. O Inverno não é triste, nem pobre, nem morte. É uma força contida, uma exuberância interior, uma pujança de outra cor, uma estrada a abrir-se para o que há-de florir-se.

Ameixeeira

Ameixeeira

Laranjeira

Romanzeira

Amendoeira ao fundo


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O Clã do Comboio – Scalabis Impromptu

Scalabis Impromptu

A manhã estava perfeita. suficientemente fria para sugerir a necessidade de nos acolhermos estando juntos, esfregando as mãos à frente do bafo soprado e, ao mesmo tempo, de um sol cristalino a iluminar a paisagem ampla da lezíria.

No último jantar do Clã, a Rapariga com Brinco de Pérola mostrou vontade de conhecer Santarém e isso foi o que bastou para se combinar o passeio. Incluiria almoço, claro está e está claro seria organizado pelos escalabitanos do Clã.

Encontrámo-nos no Mirador do Liceu com a esplendorosa lezíria atravessada pela prata do Tejo serpenteando a paisagem. Aí se juntaram o VM que fora buscar à estação de caminho-de-ferro a Rapariga do Riso Fácil, O Rapaz do Fato Cinzento e a Rapariga com Brinco de Pérola que trouxe seu gentil e meigo filhote. A Senhora da Revista de Culinária e sua belíssima filhota, o Escritor e sua mulher. Olhares esperançosos num dia feliz, palavras a acordar a manhã, as primeiras fotos, folhas secas jogadas ao ar a arriscar uma fotografia diferente, algumas graçolas, sobretudo o VM contando suas aventuras da juventude, tempos saudosos de quando as traquinices e a irreverência faziam parte do nosso quotidiano.

Visitámos depois a Igreja de Santa Clara onde o VM chamou poço a uma cisterna com correcção imediata e limpa da Mulher do Escritor e onde o nosso anfitrião queria, por força, que a rosácea estivesse do lado oposto àquele em que efetivamente estava. Risos e mais fotos, algumas de fino recorte artístico… E marchámos para o Convento de São Francisco e seus claustros onde discutimos doutamente a proveniência da pedra… muita ciência! E rumámos ao Mercado Municipal onde apreciámos os azulejos e cujo característico interior visitámos. Seguiu-se a Igreja da Piedade e depois a Igreja do Seminário onde a Senhora da Revista de Culinária tirou fotos a uma senhora pequenina e rechonchuda, de saia curta, que andava empoleirada no altar! Para o limpar, bem entendido! As conversas sucediam-se e o clima começava a animar até que chegou o momento de visitar o monumento escalabitano preferido do nosso amigo VM: a Pastelaria Bijou. Cafés, chás, águas, sumos e os famosos pampilhos. De facto, dos melhores que já provei, macios e fresquíssimos. Quisemos partilhar a despesa mas o VM insistiu pelo menos UMA vez que fazia questão e nós agradecemos o gesto. Pequeno-almoço à pato, portanto.

Pudemos ainda visitar a Igreja da São João do Alporão e subir à Torre das Cabaças onde, para além do esplêndido mecanismo do relógio, se pode observar toda a cidade e uma ampla paisagem ribatejana.

Nas Portas do Sol, as crianças correram, o sol voltou a banhar-nos a vista e a alma e a provocar-nos a imaginação. A Rapariga do Riso Fácil subiu às ameias onde a fotografei com a Senhora da Revista de Culinária numa pose cúmplice e feliz e, finalmente, juntou-se a nós o JJ que nos surpreendeu com todo o conhecimento que tem da cidade. Ele conhece cada recanto, sabe a sua história e conta-a com raro entusiasmo. A cidade de Santarém fica mais bonita pela mão do JJ. Foi ele que nos levou à Porta da Cidade, a única que pode observar-se nos dias de hoje.

As almas estavam entusiasmadas e os corpos cansados quando chegámos à Taberna do Quinzena para almoçar. Começámos por volta das 13h e estivemos almoçando durante quase quatro horas. O importante não foi o que se comeu, foi o clima divertido e jocoso de quem aprecia estar à volta de uma mesa partilhando uma refeição e, mais do que isso, a companhia e a conversa. Juntaram-se a nós a Mulher do VM, o RB e a Mulher do RB e também a Mulher do JJ. Espetada de lulas, naco de novilho, lombinhos de porco e outras iguarias regadas com vinho da pipa num fantástico e típico ambiente no coração do Ribatejo. O senhor que nos serviu percebeu o clima e também ele contribuiu para o bom ambiente que ali se viveu. A determinada altura, ele o Rapaz do Fato Cinzento deram uma palmada na mão um do outro, umfive, para comemorar uma qualquer sintonia. O Escritor atacou, Ó chefe, isso é um bocado abichanado. E ele respondeu sem papas na língua, Sim, irmão! Gargalhada geral. Um dos momentos altos da tarde foi quando o Rapaz do Fato Cinzento nos falou de certos sabonetes com odor a amêndoa, a chocolate, a morango, que têm a particularidade de se derreterem em contacto com a pele por efeito do calor desta. Estava ele a dizer que também os havia com odor a chocolate de leite quando o VM o interrompeu, Para que é preciso o lei… e já não disse mais nada porque a Mulher do VM virou-se para ele e com o olhar muito vivo disse, Cala-te que isto interessa-me! E eu acrescento, Já sabes VM, estamos a chegar ao Natal… É então que a Rapariga do Riso Fácil saca de uma latinha de vaselina com cheiro a baunilha e diz, Não sei para que é preciso tanta coisa, a vaselina também serve. O VM quis tirar o assunto a limpo e besuntou os lábios com a vaselina da Rapariga do Riso Fácil. Ficou escorregadio. Depois queria comer as lulas e elas escapavam-lhe… Não sei a que propósito (!!!), ouvimos aqui uma bizarra narrativa que envolvia preservativos fluorescentes em forma de Asterix! Delicioso! Iniciou-se, por fim, uma épica sessão de brindes. Trouxeram um cesto com garrafinhas de bebidas espirituosas, aguardente, licor de poejo, licor de café e ginginha. Que eu tivesse reparado, mas não é de fiar, esgotou-se o poejo e o licor de café sendo que as outras ficaram muito arrombadas. Juntamente com as garrafas vieram uns copinhos pequeninos que se bebiam de uma vez só. Brindámos ao Clã e a cada um dos elementos do Clã e aos familiares dos elementos do Clã e à Taberna do Quinzena e quando já não havia mais ninguém, começámos a brindar às pessoas das outras mesas que se levantavam e vinham brindar connosco. Ainda me lembro do VM ter perguntado à sua mulher, De qual é que queres? E ela respondeu prontamente, Tanto faz, já me sabem todos ao mesmo! Vi a Rapariga com Brinco de Pérola rir desalmadamente e vi a Senhora da Revista de Culinária ir às lágrimas. O JJ tentou manter a compostura, mas foi do lado dele que morreu a primeira garrafinha. Paz à sua alma!

O RB estava muito sossegado. E nós a estranhar. Vai daí, a Mulher do RB teve de sair. Acho que foi para um workshop. Foi então que, vá-se lá saber porquê, ele se libertou e nos explicou tudo acerca dabiga dominicanae docialis. Em espanhol da Argentina! Ele até sabe a posologia!

Enfim, quando Clã saiu da Taberna do Quinzena, o ar frio da tarde foi bem recebido, as almas iam lavadas pelo riso, a companhia fora fantástica e haviam-se vivido momentos de memorável partilha e boa disposição. Como sempre.

Ainda houve tempo para se visitar a Igreja de São Nicolau, a Igreja do Milagre e a fantástica Igreja da Graça onde conhecemos a dona Antónia Lança que recitou um poema que ela própria escreveu entre as paredes da igreja e nos contou histórias do seu avô alentejano. O Rapaz do Fato Cinzento arriscou, Nós temos um blogue, mas se calhar não tem Internet. E a dona Antónia Lança arrumou a questão do alto da sua juventude de sessenta e muitos, Não tenho? Claro que tenho. E eu podia lá viver sem o e-mail e o Facebook?! Fui verificar e tem mesmo página no FB. Bem interessante, de resto. Mora aqui.

Fizemos várias fotos de grupo e uma delas, em homenagem ao JJ, foi tirada à porta da loja da Bimby!

Todos ficámos a conhecer melhor Santarém, a Capital do Gótico, que tem pouca coisa de estilo Manuelino. É só rua sim, rua sim!

O Clã é assim como umimpromptu: improvisado, mas harmonioso. Construímos a nossa própria sinfonia de estar. Cada um dá só aquilo que é e assim é aceite pelos outros. Sempre em inclusão, sempre em acréscimo ao todo que somos, improvisado e harmonioso. E a amizade vicia. Provoca habituação. Nos dias que se seguiram à nossa aventura, claro que a recordámos com prazer, mas começámos de imediato a planear a próxima…

jpv


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E agora…

… uma cantiguinha de Natal!

Com a onda de crise, a malta até esquece que se pode ouvir uma musiquinha de Natal a preços módicos… tipo, ir ao YouTube e ouvir!


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Informação Meteorológica

A manhã acordou com uma neblina espessa a envolver a alma e a criar um estranho pano de fundo para os ramos desnudados das árvores, como se pedissem socorro. Caiu uma orvalhada abundante que deixou as laranjas lacrimejando o novo dia. Os cães resfolegavam a terra húmida e fresca e uma linha de rolas veio estender-se num cabo telefónico a enfeitar o nevoeiro espesso. Mais perto daqui, desponta a vegetação verdejante e o cantar trinado de um galo. A lenha arde no fogo crepitante da lareira que emana um halo de calor e, ao longe, ouvem-se os guizos das cabras à procura da primeira erva despontante. O café fumega ao lado do pão alvo e fresco. Quanto ao resto, não sei nada de correntes de ar nem de anticiclones, só deste frio que envolve o dia e o aconchega.

jpv






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Filosofia de Rua

Da Net


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Uma Esperança Nicola


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Uma Noite…

Não aconteceu nada!
Ou seja, os pacotinhos de açúcar podem induzir em erro!


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Uma Noite…

Hoje deram-me isto!!

Agora estou ansioso para ver o acontece logo à noite!