Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Uma Imagem…

Mil palavras:


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Parabéns, Madalena!

Gosta de jogar à bola, gosta de carros e, em particular, do Faísca McQueen, põe umas joelheiras ou umas luvas e um carapuço com a mesma velocidade com que os tira, anda de trotineta, corre, salta e brinca com o irmão e os primos com uma tendência terrível para ser ela a mandar nas brincadeiras. A vida corre-lhe nas veias e não tem tempo para dormir, quer sempre ficar mais um bocadinho, mas de manhã levanta-se cedo e preparada para sorver cada minuto. Até a voz transparece reguilice, mas, ao mesmo tempo, é meiguinha e fofinha como só ela sabe ser. É a afilhada mais linda do seu padrinho. Uma inspiração. Um sopro de vida. Parabéns, Madalena! 5 anos já é muito!!!
jpv


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Motorcycle Chronicles – If You Don’t Ride My Bike…

If You Don’t Ride My Bike…

Antes de mais, é preciso conhecer Nathan. Sejamos precisos. Concisos. Breves.

Nathaniel Day, nome de nascença, tem um corpo onde habitam dois sopros. O sopro do quotidiano e sopro da trepidação da sua moto. O primeiro dá-lhe energia para as coisas comuns. Acordar, trabalhar, pagar contas, conhecer algumas pessoas, cumprir obrigações, usar transportes públicos, andar de carro pela cidade, almoçar, jantar, limpar a casa, conhecer uma mulher… O segundo é bem mais simples. É o sopro da libertação, do desvario, é ele que lhe permite ser igual a si próprio e… imagine-se, amar, naquilo a que chamaremos amor verdadeiro ou, mantendo o verbo, verdadeiramente amar!

Nathan é contabilista. Vive entre dossiês e tabelas do Excel. Aplica leis comerciais, faz contas intrincadas de deve e haver e gere uma carteira de clientes a noventa dias… enfim, deveria ser a noventa dias. Usa um fato simples e uma gravata de que se liberta à sexta-feira. Uma bênção, essa ideia da casual friday. Recebe os clientes, mostra-lhes a situação financeira das suas empresas, dá conselhos de gestão, indica-lhes onde têm de investir e como e onde têm de cortar. É, pode dizer-se, um homem de papéis. Nathan é um homem organizado e meticuloso e, por isso mesmo, chegou a uma boa posição na empresa e veio a ganhar bem. Muito bem. Tem sido um solitário por opção. Tem relações pontuais e breves. A única que tem durado é com a Harley que comprou há uns anos e trata com o mesmo desvelo e carinho com que trataria uma namorada. E porquê? Fácil de perceber. É o seu instrumento de libertação. É o seu segredo. O seu escape, a sua verdade, a sua essência. Diríamos que a moto é o seu sofá da vida. É ela que o faz sentir confortável consigo e com o Universo. É o valer a pena de todas as opções e das dificuldades todas. É a fonte de todos os regozijos.

Assim que chega sexta-feira à tarde e Nathan entra em casa, descalça os sapatos, tira o fato, veste-se de gangas e cabedais, calça as botas, enverga a personalidade condizente, sai para rolar e vai viver. Regressará quando a vida quiser. Por vezes, passa todo o fim-de-semana fora. Dorme pela rua, nas montanhas, à beira de um rio, junto ao mar, numa pensão de beira de estrada, num hotel de auto-estrada, num bar, num jardim. Outras vezes volta a casa mas perde-se em voltas e passeios com os amigos durante os dias que correm em libertação. Este homem gosta de si. Conhece os parâmetros da sua vida e sente-se confortável neles. Não precisa de outros. Nunca reparou que era solitário. Até hoje!

No fim-de-semana rolou com os companheiros e notou que, à medida que o tempo vai passando, eles começam a trazer mulheres encavalitadas nas motos, agarradas a eles. São as suas companheiras. Era dos poucos que não tinha pendura. Está tão acostumado consigo mesmo, tem estes rituais e estes ritmos de vida tão interiorizados que ainda se não havia lembrado de uma mulher que fosse mais do que uma relação casual. Fosse uma companheira. Um porto de abrigo. Um compromisso.

Hoje lembrou-se disto tudo e a culpa foi de Crystal!

É uma moça franzina, que usa sempre uma saia azul escura, travada por baixo do joelho, meias grossas de lã e uma camisinha verde-água encimada por um lenço com motivos equestres. Tem os olhos largos e redondos, verdes de intensidade e húmidos de curiosidade. Fala num tom de voz tímido e cuidadoso como se o que dissesse pudesse sempre magoar alguém e ela tentasse perceber isso enquanto falava. Crystal, todos os dias traz os processos novos a Nathaniel Day, todos os dias lhe leva os ofícios para despachar em correio e todos os dias lhe resolve problemas de expediente. Hoje, não fez mais do que o costume, entrou e disse, Bom Dia Dr. Nathaniel, aqui tem os processos que deram entrada ontem, algo para fazer sair?

Ele olhou-a e quase simultaneamente imaginou a sua figura franzina enfiada em gangas e cabedais, com botas e encavalitada numa moto com os braços à volta do seu tronco.

– Quer jantar comigo hoje?

Depois do jantar, um passeio pelo parque com um gelado a adoçar o olhar dos lábios, depois um cinema e a mão na mão, e outro jantar, uma saída com amigos e o fogo do sexo a arder na cama incendiada pelo desejo. Um dia ela disse-lhe, com os olhos assustados pelo impacto que poderia causar a afirmação, Gosto de jogos de submissão…

Ele olhou-a entre o curioso e o surpreendido e respondeu com a naturalidade que conseguiu, Também eu…

E o desejo cresceu e a intimidade das coisas que mais ninguém sabia foi criando laços… Nathan, contudo, optou por uma estratégia arriscada em relação à Harley. Não lhe contar. Esperar por perceber se ela seria, de facto, especial, conhecê-la bem e só então permitir-lhe a entrada nesse universo paralelo de roupas alternativas de ventos velozes a cortar a face, de noites ao relento do prazer. Seria um prémio para ela, a revelação da liberdade.

E continuaram a encontrar-se. Por vezes, à noite liam juntos, viam televisão e de quando vez um deles passava a noite em casa do outro. Começaram a oferecer-se fotos, pulseirinhas, pequenos presentes relacionados com o trabalho. Um caderno, uma caneta, um corta-papel, um marcador de páginas. E a Harley na garagem à espera da consumação…

Crystal vivia encantada com a ideia do seu rapaz de fatinho bege clarinho, camisa branca e uma gravata simples em tom verde-água como a blusa dela. Um dia perguntou a Nathan se gostaria de conhecer os pais dela. Ele foi. Sentiu-se bem recebido e confortável durante todo esse dia e foi esse o sinal de que precisava: apresentar-lhe-ia a Harley e fariam um fim-de-semana perfeito junto ao mar. Dormiriam numa pensãozinha barata e acolhedora que ele conhecia mas passariam grande parte da noite embrulhados em sacos-cama junto ao mar com o fogo crepitando e desenhando sombras no areal noturno.

Combinaram encontrar-se sexta-feira ao final da tarde, depois do trabalho, em casa dele. Nathan saiu mais cedo e foi preparar a Harley com todas as coisas que foi juntando ao longo dessa semana. Pasta dos dentes, repelente, fósforos, uma lanterna, guardanapos, os sacos-cama, uma faca de mato e outros utensílios que sempre fazem jeito nestas ocasiões. Quando Crystal chegou, ele abriu-lhe a porta, beijou-a longamente e disse-lhe, Tenho uma surpresa para ti. Vais conhecer hoje o verdadeiro Nathaniel Day. Não o conheço já? Respondeu ela. Sim conheces, mas falta-te esta última faceta, a última fronteira entre o contabilista e a essência do homem. Levou-a para a garagem, na cave, por uma escada interior, e quando chegaram ao pé da Harley, Nathan disse-lhe com carinho e, ao mesmo tempo, entusiasmo: Não te vou contar quem sou, vais vivê-lo comigo, vou libertar-te de tudo o que possa tolher-te o espírito e o corpo, não há nada mais fantástico do que rolar numa Harley, com o vento no cabelo, a imaginação na mente e a vida toda pela frente. Crystal ficou surpreendida, quase chocada, já estranhara as vestimentas dele quando chegou, pensou num qualquer jogo, mas não imaginara uma faceta tão diferente, não estava a conseguir processar a informação, Nathan quereria que ela fosse com ele naquilo? E aquela coisa podia com os dois? E, no meio deste turbilhão de dúvidas, articulou:

– Nathan, nós não vamos nessa coisa, pois não?

Os céus presentearam o Universo com uma noite clara, o fogo arde alto, aqui ao pé, um grupo de homens e mulheres faz um círculo imperfeito à roda da fogueira, mais ao longe, há vozes entusiasmadas de homens pelas dunas procurando madeira para alimentar o calor, as sombras bailam no areal que o mar castiga continuamente com estrondo e poder, alguns levam garrafas de cerveja à boca, há casais enroscados dentro dos seus sacos-cama, outros enrolam um cigarro demorado e paciente e depois inspiram a primeira passa como se fosse a última das suas vidas, há conversas sobre nada e sobre tudo, sobre as motos, os acessórios, os episódios de viagem, um livro que se leu, um filme que se viu. Entre eles, desenhando um círculo infinito na areia com um pequeno pau que ali estava, Nathan olha o chão, sozinho, e pensa, If you don’t ride my bike…

jpv


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O Clã do Comboio – Une Valse a Deux Temps

Une Valse a Deux Temps

A Senhora da Revista de Culinária Fez anos. Naturalmente, o Clã não podia ignorar a data. Um de nós estava de parabéns. Tratava-se dessa figura simpática cujo olhar oscila entre a ternura e a malandrice e que faz já parte do nosso imaginário e do nosso conceito de amizade. Acresce, ainda, que a Senhora da Revista de Culinária transporta consigo uma pausa, uma tranquilidade e uma humanidade indisfarçáveis.

Umas sms, o traçar de um plano básico e pela manhã, quando entrámos no interregional das 7:18 havia bolo, velas e uma garrafa de Favaios. Enquanto não chegávamos a Santarém, que é onde ela entra, entretivemo-nos a espetar as velas e uns bonequinhos de enfeitar no bolo. Nem é preciso referir que dois dos bonequinhos teimavam tombar um para cima do outro. Entretanto o Escritor e o Rapaz do Fato Cinzento foram provocando a Rapariga com Brinco de Pérola que lá se foi defendendo das tentativas sucessivas para a fazer corar. Ela, como é generosa, distribuiu caneladas avulsas.

Quando chegámos a Santarém, nem esperámos que a Senhora da Revista de Culinária se sentasse. Fomos logo cantando os parabéns. Ela apagou a vela e recebeu um presente. Nada mais, nada menos do que… uma revista de culinária que exibiu com orgulho. Fizeram-se fotografias diversas, onde quase todos ficámos mal, exceto o VM na sua esbelta figura. Por falar em VM, ele foi o responsável pelo facto da festa de anos da Senhora da Revista de Culinária ter sido a dois tempos. O Escritor enviou-lhe uma sms aí a meio da manhã, eram 6:30, a pedir que levasse copos porque bolo e Favaios já havia. Vai o tipo não só não trouxe os copos como ainda se queixou da hora a que recebeu a sms… Como o Favaios podia estragar-se, estes vinhos finos são muto sensíveis, ficou logo agendada para o dia seguinte a parte dois da festa de anos. E assim foi. No segundo dia, o generoso VM lá trouxe os copos, a aniversariante trouxe uns biscoitinhos de ovo e o Clã foi-se divertindo e beberricando moscatel Favaios às… pois, pois, às 7:45 da manhã! Mas é que nem o corte nos subsídios nos abala a boa disposição. No primeiro dia de anos da Senhora da Revista de Culinária, a Rapariga do Riso Fácil, que está de férias, telefonou e falou com alguns de nós e claro com a aniversariante. Mas foi o Escritor quem recebeu as melhores prendas. No primeiro dia, a Senhora da Revista de Culinária, sempre muito querida, sentou-se no colo dele e no segundo deu-lhe um abracinho que parecia não ter fim. É claro que os outros disfarçaram mal a inveja, mas o que é que se há-de fazer, quem tem charme, tem charme…

Contaram-se anedotas diversas e dirimiram-se questões de língua inglesa que são irrepetíveis dado o seu teor muito naughty. Neste particular, o Rapaz do Fato Cinzento esteve muito ativo e conseguiu explicar a correta pronuncia de “can’t” que deve soar a “quénte” e não a “cante”. Não cheguei a perceber porquê, mas ele sabe tudo. Parece que gosta muito de línguas… coisas. Assim, de repente, entre os dois tempos desta valsa que foi o seu aniversário, a Senhora da Revista de Culinária teve a alegria e a companhia do Escritor, da Senhora da Provecta Idade, do Rapaz do Fato Cinzento, do VM, do JJ, do RB que está quase a acabar um livro que começou a ler há uns dez anos, da Rapariga com Brinco de Pérola e de uma personagem que já há muito tempo nos acompanha mas ainda não foi aqui referida por se tratar de alguém discreto: o careca!

O Clã começa a evidenciar uma característica interessante que é alguma constância que emerge da inconstância que resulta da diversidade da vida dos seus elementos. E essa constância anda provocando, cada vez mais, gestos de companheirismo. Desta vez, o único motivo que nos moveu foi fazer com que a Senhora da Revista de Culinária se sentisse bem e sentisse que o seu dia era especial também para nós. E a razão não é outra senão reconhecermos nela uma simpática companheira de ir para o trabalho todos os dias. O motivo pode parecer pequeno, mas para nós é o suficiente e o mais importante de todos. E, como alguém disse, “Parabéns, escorpioa meiguinha!”… Eu sei, VM, podia ser escorpiona, mas depois lá vinha outra vez a história das rimas e este Blogue pode não parecer, mas é um local decente!

jpv


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Momento Musical… Perfeito

A prova de que Portugueses e Espanhóis juntos também fazem coisas bonitas… sublimes!
Se esta música não te fizer sentir nada… então, estás morto!
Rodrigo Leão/Daniel Melingo


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Comentários Felizes

Como os leitores deste cantinho sabem, aqui não se fazem muitos comentários aos textos. Contudo, recebem-se imensos e-mails e as estatísticas mostram que cada vez somos mais visitados e lidos. Quando um texto tem três ou quatro comentários já é um facto assinalável.
O texto de que vos venho falar chama-se “Um Ano a Contar Histórias do Clã do Comboio” e a razão por que vos venho falar dele não é somente porque teve 4 comentários, mas antes de mais, pela sensibilidade e pela simpatia dos mesmos. Acho que são comentários felizes e por isso recomendo a sua leitura.
Podem aceder-se mais rapidamente clicando no título do texto ou aqui.
Bem hajam.
jpv


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The Guy’s Name

The Guy’s Name

Right now I’m in the UK, more precisely in Nottingham. I came for a conference related to my work. When I arrived I didn’t know anyone so I couldn’t prepare myself for anything. They end up being very nice people that made a very touching approach.

Anyway, when I arrived, I prepared myself for a much more formal ambience. I was thinking of that when the taxi driver, entering the campus I went to, said:

What’s your name?

Videira.

What?

Videira.

He turned himself to some kind of microphone to reach the reception staff and shouted out loud:

The guy’s name is Videda.

Ok. Suddenly I was the Guy! Quite a welcome reception!
So much for formality which is very nice for me, for as you all know, or are learning, I’m really not formal!

(Text in English, my poor English, in order my colleagues can understand this little episode)


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25 Anos

25 anos

Os dias eram maiores. As coisas e os espaços também. E havia luz. E havia esperança. E tudo isto tinha uma pujança… criadora. Eu, sei, não te procurei. Tu, tenho a certeza, não me procuraste. Esbarrámos como disse o Tojal acerca da Patrícia e do miúdo que passeava com o avô e o bornal. Esbarrámos. Encontrámos as mãos nas mãos, os lábios nos lábios, o olhar no olhar e, mesmo antes de acordarmos do encanto, já tínhamos a vida na vida. E essa vida, essa entrega, esse dar e esse receber sempre renovados, sempre incertos que venho celebrar.
É preciso celebrar o amor.
É preciso celebrar a vida.
Sabes, não são todos os amores que resistem a 25 anos de desgaste. Sim, sejamos sinceros e honestos, a vida e a partilha desgastam os corpos e almas dos envolvidos, mas é precisamente por isso que se chamam vida e partilha. E o mais engraçado é que os 25 anos hoje celebrados, hoje, esta data interessante e esquisita – 11/11/11 – não são uma vida. São uma parte dela. Significativa. Intensa. Plena de alegrias e sorrisos e também com tristezas e lágrimas. Mas só uma parte da vida. Esta parte onde cabe o fazer de um filho, criá-lo e amá-lo para sempre… Sempre! É curioso que eu acho esta palavra – SEMPRE – uma mentira. Nada é para sempre, nem a própria ideia de sempre. Com uma exceção: o AMOR. E, sejamos claros, o amor que nos temos, assuma as formas que assumir, é para sempre, tantas e tão diversas e tão ricas foram e são as vivências. Mas há o amor por ele que, para além da sua intrínseca eternidade, será sempre nosso!
E é por isso que hoje te celebro, me celebro, celebro o nosso filho e, sobretudo, o amor que o trouxe ao mundo e por cá continua. Há 25 anos éramos só dois miúdos apaixonados. Hoje, desejo com todas as forças que possamos ser, sempre e só, isso.
jpv


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O Clã do Comboio – 1º Jantar do Clã do Comboio

1º Jantar do Clã do Comboio

O fantástico Clã do Comboio continua as suas aventuras. Desta vez, organizou o seu primeiro jantar. Foi na Feira da Gastronomia de Santarém. Como o Escritor não pôde ir, encomendou o texto à Rapariga com Brinco de Pérola. Acontece que ela é portuguesa, mas francófona donde disse que fazia o texto mas depois tinha de ser traduzido. Ora eu acho que as coisas são como são e têm mais interesse se forem genuínas e é por isso mesmo que o interessante relato do 1º Jantar do Clã do Comboio é publicado em francês! Mai nada. E divirtam-se!

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GASTRONOMIE A LA CLAN DU TRAIN

Il était près de 21 heures lorsque la Dame au Magazine Culinaire et la Jeune Fille à la Perle ont rejoint leurs camarades et habituels compagnons de voyage à la Foire de la Gastronomie à Santarém, au Stand des Açores!

Il y avait là la Jeune Fille au Rire Facile, le Garçon au Costume Gris, VM et son épouse, PL et son époux, une amie de la JFRF, ainsi que RB et son épouse, accompagnés pour l’occasion par le petit Iago.

Commençons par parler de ce dernier qui, non seulement a fait preuve d’un comportement exemplaire pour son très jeune âge, mais qui nous a également enchantés de ses sourires, de sa bonne humeur et de sa capacité à s’endormir paisiblement au son de l’accordéon et des rires des convives!

Quant à nos amis et compagnons de voyage, ils étaient arrivés près de deux heures plus tôt et avaient déjà écumé les stands chargés des spécialités de nos belles régions. Le vin était sur la table, dans les verres … et même dans la tête de certains … comprenne qui pourra!

Pour passer, et en finir immédiatement, au menu, disons donc que nous avons dégusté des spécialités des Açores, allant de la “Lapa grelhada” au “Bife de Alcatra”, en passant par le “Bife de Atum”, “Bolo de coco”, “Queijo da Ilha”, “Pathé de pimentao”, mais aussi et surtout du vin de “Terra de Lava” rouge et blanc, ce dernier ayant suffisamment embrumé nos esprits et égaillé nos humeurs pour nous permettre de passer la meilleure des soirées.

Cette joie renforcée par l’ambiance bon enfant et le son de l’accordéon, a fait danser tout le monde ! La DMC a dansé à peu près avec tous les convives y compris la JFP, et VM s’est emparé du bras … du Garçon au Costume Gris pour quelques pas de danse! En cas de contestation de cette dernière information, il est signalé aux intéressés, que des photos existent!!

A um moment par nous tous apprécié, l’époux de PL s’est emparé de l’accordéon prêté par un des musiciens et a entonné une musique divine dont nous nous sommes tous réjouis! Tous? – Pas tout à fait! Il y avait là, à la table d’à côté, des convives qui s’essayaient au Fado et furent interrompus par le son de l’accordéon de l’ami époux de PL. Presque un scandale! Il ne fut évité que grâce à la bonne humeur de tous les présents et … à la quantité de vin déjà avalé qui avait quelque peu voilé les esprits.

Arriva ensuite la bientôt traditionnelle leçon de français dispensée par la JFP qui s’est expliquée sur quelques pratiques physiques pas bien ragoûtantes provenant de l’autre côté des Alpes!

Nous avons tant dansé et ri que même les serveurs passaient parmi nous le sourire aux lèvres, le pas de danse aux pieds, emportant les assiettes vides à destination de la cuisine.

Finalement repus, et pour aider à la digestion, nous nous sommes dirigés vers les stands de spécialités quelque peu alcoolisées pour déguster les traditionnels “Poncha”, “Ginja de Obidos” et autres “Muscatel”. Au détour d’un des stands nous avons même croisé des sucettes en chocolat à la forme phallique extrêmement évocatrice, que notre amie la DMC n’a pas manqué de prendre en photo.

Epuisés, l’estomac bien rempli et le cerveau délicieusement confus, nous nous en sommes retournés chez nous! Voilà une bonne nouvelle aventure du Clan du Train qui s’acheva!

Une note de déception toutefois vient apporter le seul bémol de la soirée : l’absence de notre ami l’Ecrivain qui ne put se joindre è nous! Nous avons regretté sa bonne humeur et sa compagnie joyeuse! Mais peut-être aurons nous d’autres occasions de nous retrouver tous autour d’une table à nouveau et de rire ensemble. Après tout, le rire est ce qui nous maintient jeunes et en forme!

RCBP


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"Com Amor," – Documento 57

Rui,

Não esconderei. A minha opinião foi uma deixa, uma pequena provocação. Para mim era importante saber se quereria saber. Se quisesse, contar-lho-ia. Já havia decidido. A única pessoa que sabe o que estou prestes a contar-lhe é a minha irmã. Tenho sentido esta vontade esquisita e pouco habitual em mim de conversar estes assuntos com alguém completamente alheio aos meus problemas. Sei que não deveria fazê-lo. Há algo nisto que quebra as barreiras da lealdade, mas rebentaria se não desabafasse. Peço-lhe que me desculpe pelo meu atrevimento, mas, de facto, a sua explicação para o fenecer de um matrimónio veio acordar em mim um assunto que eu andava a existir que não existia. Mas existe.

Como sabe, eu sou casada com o Alberto Honorato. Ele é sócio-gerente de um dos nossos fornecedores de serviços, mais propriamente, do software de gestão. Temos dois filhos crescidos. Um, na faculdade, em engenharia informática, e o outro a terminar o secundário. Quer ir para o mesmo curso do irmão. Eles pensam que está tudo bem entre os pais, mas não está e esse tem sido um erro nosso, deixá-los acreditar numa mentira. O meu marido já só me procura para sexo e, mesmo assim, sem muita convicção. Quase não conversamos e quando o fazemos, ou estamos a tratar de aspectos logísticos de gestão da família, ou estamos a discutir. Eu nem preciso acabar de o ouvir falar para discordar dele. Muitas vezes, ainda ele não começou a falar e eu já sinto uma revolta no peito e sei que vou rebatê-lo. Isto é perfeitamente recíproco. Ele faz o mesmo comigo. Já conversámos mil vezes sobre o assunto. Já mil vezes prometemos que iríamos mudar, mas voltamos sempre ao mesmo. Eu digo-lhe que o amo, ele diz-me que me ama. E acho que falamos verdade. E é aqui que entra a sua explicação. A ser verdade que nos amamos, pode acontecer que não saibamos amar-nos… O certo é que não há carinho nem ternura. Somente alguma tolerância. Sabe, quando penso em nós, vêm-me com frequência à cabeça alguns versos de uma canção espanhola que se chama “Palabras”:

Que al igual que tu y que yoNi se importan ni se estorbanSe soportan amistosas.Mas no son una cancion…

Há mais de 20 anos casada, num casamento moribundo, de morte adiada por comodismo e depois um engano, um simples engano, traz-me ao conhecimento um texto pungente de dor, mas pleno de um amor intenso e forte. Meu Deus, quem me dera ser assim tão intensa e verdadeiramente amada, que alguém abdicasse de mim para me permitir ser feliz. Isto parece injusto, mas não é. São só saudades de mim. Saudades de ser a Laura que a Laura reconhece. Nestes últimos anos, Rui, tenho só sido mais uma Laura qualquer que nem eu reconheço.

Desculpe-me tudo isto. Se quiser, pode, pura e simplesmente, ignorar este desabafo. Se optar por dizer algo, seja benevolente com esta alma perdida.

Abraço.

Laura.