Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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"Com Amor," – Documento 52

Laura,

Posso reconhecer-lhe algum espírito e até algum atrevimento, ainda assim, garanto-lhe que se tratou de um lapso, mais nada. Desolé!

Não foi longe. Foi ao lado. Talvez não completamente ao lado, mas, em todo o caso, ai lado.

Grato por haver destruído a mensagem.

Por fim, a farpinha, o espinho que quis deixar a incomodar-me o espírito; “Ai, ai, os homens…”
Os homens, Laura, tal como as mulheres, também podem cansar-se de uma companheira, de uma relação e de uma forma de vida.
Eu estou casado com a Patrícia há quase vinte anos e se vejo em mim um homem de muitos defeitos e algumas virtudes, garanto-lhe que a Patrícia tem muitas mais virtudes do que eu e a maioria das pessoas que conheço. Como tal, não é ela, a mãe, a esposa, a companheira que está em causa. Nem o amor que me tem ou lhe tenho. É o casal que foi vítima dos anos que passaram, dos desgastes, das crises e das rotinas e acabou crescendo em direcções opostas e acabou deixando de funcionar como um casal. Neste momento, o meu casamento resume-se a duas pessoas que vivem juntas, cumprem a sua parte de um contrato e têm filhos em comum. Não é pouco, mas não chega.
Não estou a justificar-me. Os meus actos são os meus actos e assumo-os. Estou só a dizer-lhe que os homens também sentem e também têm motivações nobres para os seus actos menos nobres. Os homens não são todos uns sacanas, Laura. Há homens que amam e há-os também que erram por amor.

Não sei porque lhe escrevo isto. Desculpe.
Maldito engano.

Rui


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Qual Memória?

Hoje, o senhor Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, fez uma afirmação que considerei interessante sobre a atual situação do país e o orçamento para 2012. Segundo O Público, disse que “Será seguramente o mais difícil de fechar e o mais difícil de executar de que temos memória em Portugal”

Que o seria, eu não tinha muitas dúvidas. Há muito tempo que Portugal vive acima das suas capacidades. Há muito tempo que se desinvestiu no bem comum e se permitiu a concentração e o controlo financeiro em meia dúzia de grupos. Há muito tempo que a política perdeu coragem e inteligência para perceber como atacar o problema.

Consigo reconhecer coragem a este Primeiro Ministro. Não sei se lhe reconheço a inteligência. E começo por aqui… a que memória se referia ele? À memória do passado ou à memória do futuro? Se se referia à primeira e tem uma visão que, para além de financeira, seja também económica no sentido da reabilitação desta através do reinvestimento público, da recuperação do poder de compra, da reoxigenação financeira das famílias, então que seja o orçamento mais difícil de sempre. Pago esse preço se for esse o preço da regeneração económica do país. Acontece que ouço falar muito pouco de economia. Todo o discurso se esvai em finança e em poupança e em cercear e em estrangular e em cobrar e em taxar. E, curiosamente, com reincidência nos atingidos. Os mesmos contribuintes de sempre. Ora, acontece que se o senhor Primeiro Ministro, com maior ou menor consciência, se referia à memória do futuro, àquela que os nossos filhos e netos hão de ter deste problema, então estamos condenados porque andaremos a poupar e a estrangular e a cortar indefinidamente na despesa sem gerar receita e morreremos da cura. Esfaimados da dieta.

É evidente que é preciso um orçamento exigente, mas não pode ser um orçamento que se limite a corrigir o passado. Ele tem de projetar o futuro. Normalmente, em Portugal, os orçamentos não são projetivos. São contas de merceeiro com duas colunas, a do deve e a do haver. Sem um qualquer plano estratégico de reestruturação do tecido comercial e industrial da nação. Uma mera lista de despesas perante um bolo de receitas. Acontece, para nossa desgraça, que se descobriu recentemente que o bolo estava podre, era falso.

É preciso que o Governo de Portugal seja mais do que corajoso. É fundamental que seja inteligente e que saiba prever que onde não há, não se pode poupar. E, para haver, é necessário investir, gerar poder de compra, apostar no trabalho. Por enquanto ainda só vi a coragem dos cortes e das reduções. Fico à espera da inteligência estratégica, mas atenção, não tenho muito tempo para esperar…


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A Diferença

A Diferença

O problema não é o que dizes.
É a diferença
Entre a promessa
E as palavras a arder
Nas cicatrizes.

Não temo que me digas Não
Sem razão, nem história, nem fim.
Incomoda-me, só,
Que me digas Não
Depois de teres dito Sim.

jpv


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ContraLuz

ContraLuz

Ardo
Desespero
Anseio
Quero.
Rejeito
Retomo
Amo
Odeio.
Revolto
Recaio
Anseio
Renuncio
Esvaio.
Enfraqueço
Fortaleço
Aceito
A sorte
Da puta da vida
Não ser mais
Que as entranhas da morte!

jpv


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Sem Surpresa

Pois é, caros leitores, não sei como reagiram à nova maioria absoluta de Alberto João Jardim. Para mim, não constituiu qualquer surpresa. De resto, não era a eleição que me preocupava. Era o dia seguinte… e esse só avaliaremos com o tempo. Eu espero que os portugueses, madeirenses e continentais, não venham a sofrer com a escolha agora feita, mas não vejo, no horizonte que as minhas curtas vistas alcançam, onde é que se vão buscar 6 mil milhões de euros… Esperemos…


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Agradável Surpresa

Esta semana, a empresa Castello Lopes Cinemas decidiu oferecer-me um bilhete para o cinema como forma de comemorar o meu aniversário. Acho que, por ter o cartão de membro, tenho direito a essa simpatia. E é mesmo uma simpatia. Ora, acontece que no cinema mais próximo de casa a oferta não era grande coisa. O único filme que me atreveria a ver, dos que estavam em exibição, era Crazy, Stupid, Love. Não gosto do Steve Carell, a imagem dele está muito colada àquelas comédias sem sentido, muito dependentes das carantonhas que ele faz. Mas o resto do elenco agradava-me. Além disso, algo me estava a atrair, a espicaçar a curiosidade: o título. O título era promissor. E fui.
E ainda bem que fui. O filme esteve quase a cair na comédia cliché, mas algo o salvou: o texto. Este filme é uma agradável surpresa. A simplicidade profunda do texto, o que fica por dizer, o que é dito pelas personagens mais jovens, a ideia de que o Amor não resolve tudo sozinho, pelo contrário, depende das nossas ações, está muito bem explorada. Sim, é um filmezinho leve, mas foge à banalidade em que estão a cair as comédias românticas. Se estava na dúvida entre este filme e O Regresso de Johnny English, não duvide, vá ver este e faça como eu: espere que o Rowan Atkinson se deixe de parvoíces e volte a fazer o que sabe, o Mr. Bean! Entretanto… Midnight in Paris espera por mim!


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O Clã do Comboio – Chocolates de Liège e Tripas à Moda do Porto

Chocolates de Liège e Tripas à Moda do Porto

Um dia destes, na sequência de uma conversa seriíssima e muito circunspecta, como são todas as do Clã, a Senhora da Revista de Culinária disse, e passo a citar para me desresponsabilizar, referindo-se ao VM, Ele pode escolher aquilo que ele quiser! Nós bem a aconselhámos a não lhe dar tanta liberdade, mas o certo é que estava dito o que dito foi. Nada havia a fazer. Ele replicou com aquela malandrice mal disfarçada de marialva ribatejano, Ela é o melhor chocolate que eu já degluti! Esta frase despertou um universo de questões que não aprofundámos por puro pudor. Eu, contudo, que gosto de ser o centro das atenções, reclamei que a Senhora da Revista de Culinária estava a ter muita atenção por parte do VM, ao que ele respondeu, Não te preocupes, eu sou um homem de uma careca só. Medo… muito medo. Nem a Senhora da Revista de Culinária é careca, nem a minha careca pertence, em qualquer sentido ou universo, ao VM…

E foi então que o VM prometeu trazer da Bélgica, onde, segundo o próprio, ia em trabalho, os maravilhosos chocolates de Liège. E, assim que se falou em chocolates, a Rapariga com Brinco de Pérola começou a babar-se e a corar. Ora, se corar é normal nela, já babar-se é menos comum. Confessou que era viciada em chocolates e explicou que tinha sempre o frigorífico cheio deles. Anda a desabrochar esta Rapariga com Brinco de Pérola. Hoje, por exemplo, quando em meio de uma conversa muito séria e científica, o Escritor usou a expressão strap on, que é usada em inglês de Inglaterra para nos referirmos a objetos em cabedal usados em práticas sexuais ousadas, ela corou imenso e largou-se a rir. Até às lágrimas! Todos concordámos em dois aspetos. Que aquele riso cheirava a confissão e que queríamos ver uma foto do interior da gaveta da mesa de cabeceira dela.

Quando chegou o Picas, estávamos a recordar o dia em que os homens do Clã deram os seus passes para as mãos das mulheres e vice-versa. Nesse dia, o Picas viu-nos a todos com o sexo trocado… no passe! Hoje, oferecemos-lhe chocolates de Liège. Ele não quis. A Rapariga do Riso Fácil e a Senhora da Revista de Culinária ficaram contes: mais sobra!

Foi um gesto muito simpático do VM, ter trazido os chocolates. Mas não foi o único do dia. Viajou connosco, pela primeira vez no interregional das 7:18, a Menina-Senhora. É uma moça jovem, de sorriso largo e luminoso, dentição alva e alinhada, roliça, muito simpática e… apreciadora de chocolates de Liège! Vive em Santarém, mas, ao que parece, é do Porto. Talvez por isso, o VM foi sentar-se de frente para ela a catrapiscar o decote e a contar anedotas dos tipos do Porto. Não percebi porquê, mas ela adorou-nos. Costuma vir num comboio mais cedo, mas admitiu que ficou de tal forma fascinada connosco que vai passar a vir à nossa hora. Não sei se alguém lhe disse que o VM não traz chocolates todos os dias, mas devia ter dito… O que sei é que ela se comprometeu a trazer uma marmita com tripas à moda do Porto para nós provarmos. Eu não sei se a Menina-Senhora sabe onde é que se meteu, mas dei-lhe o endereço do blogue. Assim, se voltar, não vem enganada. O certo é que ficamos todos à espera das tripas! Das tripas e da Menina-Senhora que promete…

Daí em diante todos serenámos um bocadinho. Todos, menos a Rapariga com Brinco de Pérola que fixou o olhar num ponto indefinido, com um ar semi-saciado e nunca mais descorou. Foi vermelhinha até ao fim. Vá-se lá saber em que é que ia a pensar…

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PS: Quando li o rascunho deste texto ao Clã, às vezes faço isso, a Rapariga com Brinco de Pérola apressou-se a dizer que não encontraríamos nada na gaveta da mesa de cabeceira dela porque “aquilo é muito grande para lá caber”. E corou outra vez…. Mais medo… muito medo…


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Legado

Legado. É a palavra que me ocorre quando penso no recente falecimento de Steve Jobs. É um importante legado aquele que nos deixa. Um legado de comunicação que, todos os dias, estará entre nós a influenciar os nossos passos. Morreu o homem. Fica uma obra de proporções ainda não previsíveis.
Paz à sua Alma!


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Trinta e três mil…

…e três!

Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado…


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Cinema do Bom…

Passa no Cineclube de Santarém, esta sexta-feira, pelas 21:30!
Mais informação aqui.