Monthly Archives: Outubro 2011
Momentos de Nostalgia…
Para combater a tal da crise…
Desculpem lá mas não dá mais…
…para aguentar com a hipocrisia!
"Com Amor," – Documento 55
Meu Amor,
Escolho o papel para que o meu toque e o meu perfume possam viajar até ti. E, sobretudo, para que permaneça o testemunho.
Os dias que passámos juntos foram perfeitos. Não foram só a magia e o exotismo de Barcelona que me encantaram. Isso também. O cenário perfeito. Foste, sobretudo, tu. O teu olhar terno procurando o amor nos meus olhos, as tuas mãos desvelando-se em carícias pelo meu corpo, a tua voz serena acariciando as palavras de ternura que sempre escolhias para me dizer, a tua gentileza, o teu cuidado.
Nunca sabemos, meu amor, quais são os caminhos da vida, que percursos nos reserva, mas sabemos sempre que podemos escolher as nossas pequenas passadas, os nossos próprios caminhos.
Não sei o que a vida me reserva, mas sei que quero caminhar em direcção a ti e caminhar a vida contigo.
Com Amor,
Verónica
Receita de Bacalhau
Ponha a mulher na cozinha com os ingredientes e feche a porta.
Beba cerveja durante duas horas e depois peça para o bacalhau lhe ser servido.
É uma delícia e quase não dá trabalho!
INEXISTANT
L’avenir
C’est demain, c’est plus tard
L’avenir
C’est voir son enfant grandir
L’avenir
C’est sortir et s’amuser dans les bars
L’avenir
C’est voir le spectacle et applaudir
L’avenir
C’est demain, c’est plus tard
L’avenir
C’est ce que je n’ai plus maintenant
L’avenir
S’est achévé depuis que cette vie part
L’avenir
Etaient les promenades par la main te tenant
L’avenir
Ce fils que je ne verrai pas être homme
L’avenir
L’homme en blanc l’arrêté
L’avenir
Pas encore partie mais c’est tout comme
L’avenir
Après tout, la vie ne m’était que prêtée
L’avenir
C’est ne pas dormir pour ne rien manquer
L’avenir
De ce qui me reste à vivre, à voir
L’avenir
Je le sens s’enfuir, comme un navire tanguer
L’avenir
C’est voir le soleil quand il ne cesse de pleuvoir
L’avenir
C’est ne surtout pas dire Adieu
L’avenir
Pour ne pas clore le chapitre
L’avenir
C’est douter de tout, même de Dieu
L’avenir
C’est se referemer, se clore comme une huitre
L’avenir
C’est ce qui n’existe plus désormais
L’avenir
S’achève tôt ou tard pour tous
L’avenir
C’était ton souffle doux quand tu dormais
L’avenir
C’est de la vie jeter la gousse
L’avenir
C’est renoncer à appeler à l’aide
L’avenir
S’en est allé trop tôt mais sûrement
L’avenir
C’est le tien; tu es le remède
L’avenir
Même si tu le ressens durement
L’avenir
C’est toi, c’est eux dorénavant
L’avenir
T’appartient à toi seul, mon enfant
L’avenir
S’en est allé mais reste cependant
L’avenir
Est en face de toi, sans moi, droit devant.
Curtas do Metro – Elegância Monocromática

Elegância Monocromática
Sem história. Só uma pessoa. E há pessoas sem história? Não! Mas esta pessoa não tem história para mim e, contudo, é fantástica! Tão fantástica quanto discreta.
Quase todos os dias nos cruzamos ali algures entre a Baixa/Chiado e o Cais do Sodré onde apanha um dos autocarros que uso para chegar ao trabalho.
É magra e quase alta. Tem uma silhueta esguia e fina. Uma pele claríssima donde emergem os olhos tristes e os lábios bem definidos, desenhados com precisão geométrica fazendo um W invertido. E, a emoldurar este quadro, o cabelo. Uma cabeleira longa e lisa de um negro espesso e brilhante. Tem sempre um ar sério, de dia por começar, o passo é miudinho e despachado e desliza deixando para trás a marca da sua suave presença.
Mãos largas, pulsos finos, um deles tatuado sem excesso e com gosto, música nos ouvidos. Sempre.
O traço que a distingue das outras pessoas no turbilhão do quotidiano, é vestir integralmente de negro. Sempre. Botas negras, sapatos rasos negros e, no verão, sandálias negras. Calças de ganga ou sarja, sempre negras. Pode trazer saias compridas, a rasar o chão. Sempre negras. Por vezes, junta uns apontamentos em renda ou tule, mas sem nunca mudar a cor. As blusas são negras, como são negros os casaquinhos de malha que, uma vez por outra, veste a cobrir-lhe os ombros. Normalmente, traz uma mala negra, tem uma original, de que gosto particularmente, com uma teia de aranha. Óculos de sol, largos e redondos. Negros!
Os poucos apontamentos de cor que lhe notei são discretos. Uma blusa encarnada a despontar cor por baixo de uma outra negra com transparências, assim como que a anunciar, no escuro, o fulgor do vermelho. Uma renda azul-petróleo, discreta, a tornear os ombros cobertos de negro.
Há ali todo um culto, uma devoção monocromática, uma simplicidade na continuidade da escolha. E, no entanto, quando passa, arrasta luz consigo.
E lá vai ela para o trabalho, passo pressuroso e miúdo, corpo esguio e definido, elegância monocromática a despertar-me para o dia, ali ao Cais do Sodré, com a pele alva a sobressair-lhe do negrume das roupas.
É daquelas pessoas que marca. Um dia destes não me cruzei com ela e senti uma falta. Decidi escrever. Quando nos faz falta uma pessoa que não conhecemos é porque, quer queiramos, quer não, já nos marcou. E esta eu percebo porquê. Consegue, dentro da restrição da cor, transportar leveza e elegância. É curiosa esta cidade. São curiosas as pessoas nela. Pode acontecer que não nos pertençam, não as conheçamos, sequer, e nos façam falta. Quando a não vejo, sinto falta do colorido da sua elegância monocromática.
Sem história. Eu disse.
jpv
Dinamarca 2 – 1 Portugal
"Com Amor," – Documento 54
Laura,
Sendo franco e directo: não completamente ao lado porque, noutras circunstâncias, vejo-me a escrever-lhe aquilo, ou, se quiser, é para mim plausível que um dia pudesse nutrir por si aqueles sentimentos. Claro que entre “onde estamos” e “aquela situação” há um mundo de barreiras.
Depois da resposta obrigatória, uma pergunta inquietante. Revê-se inteiramente na minha teoria porque a teoria é boa ou porque vive, neste momento, aquela situação?
Rui
"Com Amor," – Documento 53
Porque não completamente ao lado? (resposta obrigatória!).
As mulheres, Rui, salvo excepções, erram menos nesse departamento. Acho que os homens são mais dispersos e predadores. As mulheres têm um maior sentido de família. Só por isso vos aturam as sacanices e as criancices todas. O sentido de lealdade é mais apurado nas mulheres. Talvez seja genético. Não estou a pôr em causa as suas motivações nem a bondade delas, mas se há esse amor tão forte e pungente porque não se decide por ele?
Em todo o caso, há uma justiça que quero fazer-lhe. De facto, nunca havia visto, ouvido, lido, uma explicação tão certeira para o fenecer de um relacionamento. Nós, mulheres, talvez por estarmos mais ligadas à zona afectiva das relações, tentamos encontrar explicações para o sucesso e insucesso delas numa axiologia do “haver amor” vs “não haver amor”. A sua explicação é interessante porque preserva, em hipótese, o “haver amor”, preserva até a intenção de cada elemento do casal manter-se nele, mas trata o casal como um organismo autónomo, com vida própria, logo, morte própria, também. O casal pode estar em falência independentemente das vontades individuais… Engenhoso. Muito provavelmente correcto. Pelo menos para mim, que me revi inteiramente na sua teoria.
Não se esqueça da resposta obrigatória.
Laura






