Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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"Com Amor," – Documento 38

Cara Verónica,

Ainda agora nos conhecemos e já me está fazendo feliz. Lá estarei. Sem falta. Provavelmente, antes da hora!

Sim. Estarei. E levarei comigo a felicidade que me vai no peito.

Eduardo.


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"Com Amor," – Documento 37

Olá Eduardo!

Sim. Pode visitar-me.

Sim. Quero perceber na sua voz e na sua presença as coisas que tem para dizer-me. Não sei o que é um homem com a sua idade. Nem sequer sei como se mede a idade. Sei só que é um homem e foi gentil comigo e o seu olhar brilhou quando me abordou. Quero ver se o seu olhar brilha de novo. Pensei em tomarmos um café amanhã ao final da tarde, digamos 18h, no mesmo local em que nos encontrámos. Pode?

Sim, Eduardo. Sim.

Um abraço,Verónica.


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"Com Amor," – Documento 36

Vai, minha menina Verónica, vai…

Sim, vai. Sim, é dilacerante. Mas que raio de homem seria eu? Que raio de hipocrisia seria a minha? Que egoísmo tamanho e desumano seria o meu se te retivesse agora? Eu sou casado, Verónica! Não há um “Nós”! O “Nós” que existe está acima de todas as coisas dos homens e é por isso que não é aceite por eles. É um amor divino e abençoado e esse amor nunca deixará de existir. Há um cantinho do meu coração que será sempre teu. Há um cantinho do teu coração que será sempre meu. Há um estilhaço de vida que será sempre e exclusivamente nosso. Preciosamente nosso. É nesse patamar que existe um “Nós”, amado, divino, reservado.. Mas temos de existir para a Vida e vivê-la. Vai viver a vida, Verónica, vai reconciliar-te com ela e com os homens. Digo-o com uma pontinha de tristeza, como se algo se desprendesse, mas digo-o, também, com uma alegria imensa.

Só um cuidado: certifica-te de que ele te merece!

Com Amor,
Rui


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"Com Amor," – Documento 35

Meu Homem Rui,

Como gosto de ti! Como te quero! E como posso perder-te!

Tens insistido, Rui, para que me reconcilie com a vida. Tens dito que depende só de mim e da minha predisposição, da minha atitude. E das nossas conversas nasceu este amor bonito. Esta verdade. Estas almas em sintonia, este afago de corpos em desejo.

Conheci um homem, Rui.É mais velho do que eu. Do que nós. É a gentileza em pessoa. Limitei-me a aceitar um café, mas percebi-lhe as intenções. É educado. Parece dedicado. Quer ver-me. Quer estar comigo. Não sei se quero. Bem sei que me estou reconciliando com a vida e com os homens. Devo-te isso, Rui. Foste tu que me mostraste o caminho. Mas não quero que sofras. Agora que estávamos crescendo um para o outro. Agora que havia um “Nós”…

Ajuda-me, Rui.Que faço?Mostra-me um caminho…

Com Amor,
Verónica.


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"Com Amor," – Documento 34

Cara Verónica,

Um homem na minha idade já viu muitas coisas acontecerem, já percebeu o curso da vida, onde pode deter-se e onde precisa ser determinado e avançar.

Não tenho tempo a perder. Não temos tempo a perder. Vi em si elegância. Viu em mim gentileza. Pois é com elegância que lhe peço juntemos as nossas vontades, conversemos, estejamos um com o outro.

Posso visitá-la?

Por favor, não me diga que não. Se tiver de o fazer, faça-o olhos nos olhos. Peço-lhe que saltemos as tecnologias e nos encontremos frente a frente, sintamos a presença um do outro, ouçamos a conversa das palavras, mas também a dos olhares… das presenças.

Posso visitá-la?

Com respeito,
Eduardo Luís.